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10/07/2020

A disciplina do Jejum para alcançar a Piedade

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Resumo do capítulo 9 do Livro Disciplinas Espirituais
para a vida cristã, Donald S. Whitney, Editora Batista 
Regular.


Piedade é resultado de uma vida espiritual disciplinada. Precisamos administrar nossas vidas para que possamos combater o bom combate e completar a obra que o Pai nos designou a fazer[1].  O caminho a seguir é desafiador, “estreito e apertado”[2], repleto de obstáculos e possui muitos atalhos fatais. Há uma guerra a ser travada dentro e fora de nós. Nesse momento, voltaremos nossa atenção para a prática do Jejum como um meio de desenvolvermos nossa piedade. O jejum bíblico é a abstinência voluntária de alimentos[3] com propósitos espirituais. A Bíblia distingue três tipos de jejum de alimentos: o jejum com ingestão de água[4], o jejum parcial com limitações nos tipos de comidas[5] e o absoluto com abstenção total de alimentos e líquidos[6].

Além de nos ensinar acerca da prática do jejum, Jesus deixou-nos o seu exemplo quando, antes de iniciar o seu ministério, passou por um longo período de jejum e oração experimentando uma dependência do Pai que estava acima da sua necessidade física por alimentos: “nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra de Deus”, Lucas 4:4. De alguma forma sobrenatural, o jejum nos exercita para experenciarmos mais a fome e a sede da presença de Deus. Através da prática do Jejum, as mais valiosas verdades acerca de quem somos em Deus e o que Ele representa para nós passam do campo teórico para o prático, para algo experimentado como uma fonte de águas vivas que passa a ser percebida jorrando saciedade e ao mesmo tempo fome da presença de Deus em nosso interior. Com a prática do Jejum, o que, antes, eram apenas conceitos distantes e insossos, passam a ser discernidos e saboreados.

As Escrituras apresentam situação semelhante em que a fome de Jesus por Deus e a por sua vontade se sobrepôs a sua necessidade física de alimentação no episódio da mulher samaritana. Quando seus discípulos trouxeram aquilo que poderia ser a primeira refeição do dia de Jesus após um longo período de caminhada, numa viagem a pé da Judeia para a Galileia,  a hora já passava de meio dia, Jesus respondeu aos seus discípulos que insistiam para que ele comesse: “Uma comida tenho para comer, que vós não conheceis.”, João 4:32. Mas a frente, Jesus completou: “A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra”, João 4:34. Este, sem dúvida, é mais uma relevante passagem que tipifica o prazer a ser experimentado por aqueles que se dedicam a fazer a vontade do Pai e o busca com a prática do Jejum.

Digno de nota é a observação de Lucas 4:1, onde o escritor bíblico detalha Jesus cheio do Espírito Santo após o episódio do seu Batismo, quando o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma física como uma pomba, conforme Lucas 3:22, e somente após ser conduzido pelo Espírito Santo ao deserto por um período de 40 dias de jejum e oração, onde não comeu coisa alguma, Lucas 4:14 registra pela primeira vez Jesus se movendo pelo poder do Espírito para iniciar o seu ministério prodigioso em curas e sinais.

Em seu ensino no sermão das bem aventuranças, ao ensinar sobre Jejum em Mateus 6:16-17, Jesus demonstra a expectativa de que seus seguidores jejuariam: “Quando jejuarem... ao jejuar...”. Jesus garantiu a recompensa do jejum quando for feito de maneira bíblica: “E vosso Pai, que vê em secreto, o recompensará”, Mateus 6:18.

O jejum precisa de um proposito espiritual específico, dentre os diversos propósitos espirituais que podem ser identificados nas ocorrências bíblicas do Jejum e apresentados pelo livro em questão, destacaremos três deles.

I.  O propósito de fortalecer a fé para potencializar a nossa oração.

João Calvino escreveu: “Quando os homens tiverem de orar a Deus a respeito de alguma grande questão, seria conveniente indicar o jejum juntamente com a oração.”. Há algo no jejum que aguça a nossa fé, de forma que o povo de Deus tem feito uso desta prática todas as vezes que estão diante de alguma urgência especial:

a)  Foi assim que Esdras fez antes de conduzir os exilados de volta para Jerusalém em uma jornada perigosa: “por isso jejuamos e suplicamos essa bênção ao nosso Deus, e ele nos atendeu”, Esdras 8:23.

b)  Foi assim, também, quando Jeosafá, rei de Judá, foi notificado que um vasto exército estava vindo contra ele: “Então Jeosafá temeu, e pôs-se a buscar o Senhor, e apregoou jejum em todo o Judá. E Judá se ajuntou, para pedir socorro ao Senhor; também de todas as cidades de Judá vieram para buscar ao Senhor”, 2 Crônicas 20:3,4.

c)  Do mesmo modo, quando a rainha Ester com o objetivo de salvar o seu povo do extermínio anunciado conclamou Mardoqueu para: “Vai, ajunta a todos os judeus que se acharem em Susã, e jejuai por mim, e não comais nem bebais por três dias, nem de dia nem de noite, e eu e as minhas servas também assim jejuaremos. E assim irei ter com o rei, ainda que não seja segundo a lei; e se perecer, pereci”, Ester 4:16.

Poderíamos citar muitos outros exemplos, mas por hora, merece destaque especial a advertência dada por Jesus aos seus discípulos quando fracassaram em expulsar o demônio de um menino epiléptico. Jesus deixou claro o motivo do fracasso dos seus discípulos: “por causa da vossa pequena fé”, Mateus 17:20. Em seguida, Jesus apontou o caminho para eles edificarem a fé para enfrentarem aquele tipo de situação: “Mas esta casta de demônios não se expulsa senão pela oração e pelo jejum”, Mateus 17:21. Muito além de estarmos diante de uma fórmula mágica para obtenção de mais fé ou de poder do Espírito, o jejum deve ser encarado como um meio estabelecido por Deus para descongestionar a nossa sensibilidade para o mundo espiritual. No momento do jejum, nosso coração é exercitado para sentir o prazer da presença do Pai e de cumprir a sua vontade acima da nossa necessidade física de alimentos. De forma que o jejum não pode ser considerado como um fim em si mesmo, mas como um meio de nos aproximarmos de Deus de uma forma mais inteira, quando a nossa carne é resistida e o nosso espírito se sobrepõe às necessidades mais primitivas do nosso ser. Isso tudo edifica a nossa fé, aguça as nossas intercessões e dá paixão a nossas súplicas. Em seu livro God’s Chosen Fast (O Jejum Escolhido por Deus), Arthur Wallis destaca: “O homem que ora com jejum está notificando ao céu de que é verdadeiramente resoluto. ... Não somente isso, mas ele está expressando sua seriedade de uma maneira divinamente dirigida. Ele está usando um meio que Deus escolheu para sua voz ser ouvida no alto.”[7]

II.  O propósito de expressarmos arrependimento, retorno a Deus, humildade e tristeza

As Escrituras revelam o arrependimento como uma dádiva de Deus, de acordo com Romanos 2:4, “a bondade de Deus nos conduz ao arrependimento”. O processo do arrependimento é operado em três etapas. Primeiro, convém entendermos o pecado como ele é; como uma transgressão aos mandamentos do Senhor, como uma ofensa a santidade divina, como um ato de um coração idolatra que se autogoverna para sua própria destruição. Segundo, é necessário haver um sentimento de tristeza em relação ao pecado praticado. Não uma tristeza mundana que opera a morte, mas uma tristeza segundo a atuação do Espírito do Senhor que conduzirá ao arrependimento[8]. Terceiro, é preciso uma mudança de comportamento baseado na vontade de querer acertar e de um plano a seguir. De forma que o arrependimento pode ser entendido como uma mudança em todos os níveis do seu ser: em sua mente (“eu vejo o meu pecado pelo que ele é diante de Deus”), em suas emoções (“eu sinto uma tristeza sincera e sofro pelo meu pecado”) e em sua vontade (“eu determino mudar o meu comportamento através de um plano especifico para a mudança”).

O jejum é uma ferramenta proposta pelo Senhor para potencializar todas as três etapas necessárias ao processo do arrependimento. A abstenção de alimentos direcionada à oração, ao estudo e à meditação da Palavra de Deus, nos auxiliará no processo de autoconfrontação em busca de discernir nossos erros e áreas em nossas vidas que precisamos de mudança (primeira etapa do processo de arrependimento), na construção de uma postura de humildade e de contrição de espírito[9] (segunda etapa do processo do arrependimento) e, também, pode ser um sinal de comprometimento com o processo de mudança (terceira etapa do processo do arrependimento). Por isso, o Senhor ordenou que comprovássemos disposição para o processo do arrependimento por meio do jejum em Joel 1:14 e 2:12. Neste caminho, alguns exemplos no processo do arrependimento merecem destaque nas Escrituras:

a)  Os ninivitas, quando creram na mensagem enviada por Deus através do profeta Jonas, proclamaram um jejum que foi acompanhado com diversos atos de humilhação em toda a nação, vestiram-se de pano de saco, assentaram-se em cinzas, abstiveram-se de alimentos e de água e impuseram estas medidas a todos, desde os idosos às crianças, do rei aos escravos, e até mesmo aos animais. Logo Deus se impressionou com a disposição deles no processo do arrependimento;[10]

b)  A Bíblia descreve Acabe como um dos homens mais iníquo da história dos reis de Israel. Influenciado pela perversa esposa Jezabel, recebeu uma palavra de condenação dada por Deus pelo ministério do profeta Elias que iria morrer em grande desgraça. Porém, ao se quebrantar diante de Deus com a prática do jejum acompanhado de outros atos de humilhação como vestes rasgadas, dormindo em panos de saco e passando a andar em mansidão e humildade diante do Senhor e do seu próximo, alcançou a misericórdia do Senhor;[11]

c)  O rei Manasés, filho de Ezequias, levou Judá a apostasia destruindo toda a obra de reestruturação espiritual promovida pelo seu pai. Cometeu torpezas abomináveis diante do Senhor provocando-lhe grandemente ao ponto de construir altares para ídolos dentro da casa do Senhor e sacrificar seus filhos nos rituais pagãos. Ignorou e não deu ouvidos às advertências dadas por Deus através dos seus profetas, nem atentou para os estatutos e juízos da lei do Senhor. Pelo que o Senhor trouxe sobre ele o rei da Assíria que o levou cativo, como se fosse um animal, puxado por um gancho atravessado em seu nariz e amarrado por cadeias de bronze. No seu cativeiro em uma nação estrangeira, no meio da sua angústia, passou a suplicar ao Senhor e a Bíblia descreve que ele muito se humilhou perante o Deus de seu pai e logo atraiu a misericórdia do Senhor que restaurou o seu reinado fazendo-o voltar em segurança para Jerusalém. Apesar das Escrituras não fazer menção expressa à prática do Jejum nesta passagem, podemos visualizá-la com bastante nitidez como um dos atos contidos dentro da expressão “humilhou-se muito perante o Deus de seus pais”, conforme a cultura do seu povo;[12]

d)  Saulo de Tarso entra nesta lista após ter a experiência do encontro com Jesus no caminho de Damasco. Nesta ocasião, sem a visão, profundamente consternado pela revelação que recebera e pelo peso dos seus pecados, esteve três dias de jejum total, sem comer e sem beber, aguardando as orientações prometidas pelo Senhor e expressando diante de Deus a sua contrição em relação a sua obstinação em perseguir a igreja do Senhor Jesus.[13]

Entretanto, cabe a advertência quanto aos riscos de encararmos a disciplina espiritual do jejum como algo mágico diante de Deus que poderá nos absorver das consequências do nosso pecado, sem nos preocupar com o seu efetivo abandono. O autor do livro enriquece este momento com a seguinte contribuição: “É uma perversão do jejum tentar usá-lo para equilibrar a autopunição por uma parte pecaminosa da vida que queremos continuar a alimentar”[14]. Tomas Boston, um dos intrépidos pastores-escritores puritanos, contribui nesta preocupação da seguinte forma: “Em vão jejuareis, e fingireis ser humilhados por nossos pecados, e fareis confissão deles, se nosso amor ao pecado não for transformado em aversão; o nosso gosto por ele, em abominação; e o nosso apego a ele, em desejo de livrarmo-nos dele; com pleno propósito de resistir aos impulsos dele em nosso coração, e às insurreições dele em nossas vidas; e se não nos voltarmos para Deus como nosso justo Senhor e Mestre e retornarmos aos nossos deveres novamente”[15]. Portanto, devemos encarar o jejum apenas como um meio para reforçar nossa disposição com as três etapas de um genuíno processo de arrependimento e retorno aos mandamentos do Senhor.

 

III.  Para expressarmos amor e adoração a Deus

Além de ser uma ferramenta incentivada por Deus para momentos de extremas necessidades na resolução de problemas e no caminho do processo do arrependimento, o jejum também deve ser encarado como um ato de pura devoção a Deus e praticado com regularidade por todos os que almejam a piedade. A profetisa Ana levanta-se como um destaque na prática diária do jejum que desde o início da sua precoce viuvez passou a servir no templo adorando ao Senhor com jejuns e orações, de noite e de dia, e conseguiu, juntamente com Simeão, identificar o messias quando ainda era recém nascido no momento em que foi apresentado no templo pelos seus pais[16]

Relevante destacar a afirmação de Jesus em Mateus 9:14-15, quando defendeu que  após a sua partida seus discípulos jejuariam como ato de humilhação na expectativa do seu retorno. Na ocasião, Jesus foi questionado pelos discípulos de João por qual motivo os seus discípulos não jejuavam. Jesus, então, explicou: “Podem porventura andar tristes os filhos das bodas, enquanto o esposo está com eles? Dias, porém, virão, em que lhes será tirado o esposo, e então jejuarão.”, Mateus 9:15. De forma que, segundo as palavras de Jesus nesta passagem, o jejum deve ser praticado por todos os seus seguidores como uma expressão de amor e devoção a Deus pelos que anelam pelo seu retorno. Esta devoção deve ser experimentada e saboreada como uma necessidade que se sobreponha aos anseios mais primitivos da alimentação. Isto honrará a Deus e será uma forma de clamarmos com a nossa alma e com o nosso corpo (“com todo o nosso coração”[17]) pelo reino de Deus, clamarmos pelo reino que virá por ocasião do seu retorno, mas também pelo reino que já está entre nós, para que possamos ser moldados à imagem do seu Filho e para que possamos representá-lo como um embaixador. Louvado seja o nome do Senhor! Oro para que possamos desenvolver a prática do jejum em nossas vidas com uma maior seriedade. Amém!



[1] Ver 2 Timóteo 4:7-8 e João 17:4

[2] Em conformidade com Mateus 7:13-14.

[3] Conforme citações da página 203 do livro em questão, nem sempre o jejum está associado à abstinência de alimentos, segundo Richard Foster, o jejum é definido como “negação voluntária de uma função normal devido a intensa atividade espiritual”. Martyn Lloyd-Jones também defende isso da seguinte forma: “o jejum deve incluir a abstinência de qualquer coisa que seja legítima em si e de si mesma por causa de algum propósito especial. Há muitas funções orgânicas que são corretas, normais e perfeitamente legítimas, mas que, por razões peculiares especiais, em certas circunstâncias, devem ser controladas.”

[4] O exemplo de Jesus em Mateus 4:2

[5] O exemplo de Daniel em Daniel 10:3 e o de João Batista em Mateus 3:4

[6] Como o exemplo apresentado em Esdras 10:6 e Ester 4:16

[7] Citado na página 210 do livro em questão.

[8] Observe 2 Coríntios 7:9-10.

[9] Observe Salmos 51:17.

[10] A passagem pode ser conferida em Jonas 3.

[11] Passagem pode ser conferida em 1 Reis 21: 17-29.

[12] Passagem pode ser conferida em 2 Crônicas 33:1-16

[13] Passagem pode ser conferida em Atos 9

[14] Página 217 do livro em questão.

[15] Citado na página 217 do livro em questão. Este também é o caminho que o profeta Isaias combate no capítulo 58 do seu livro, com destaque especial para os versículos 5 ao 7

[16] Passagem encontra-se em Lucas 2:36-38.

[17] Verificar passagem de Jeremias 29:13.

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