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Artigos

Pr. Adriano Oliveira
Ministro do Evangelho, Membro da Comissão de Apologética da COMADAL, Bacharel em Direito, Bacharel em Filosofia, Mestre em Teologia, Professor de Teologia da FATEAL, Escritor e Palestrante.
28/02/2024

Pecado contra a santidade de Deus e contra Sua autoridade divina

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Prof. Adriano Oliveira

 “Por isso, cingindo o vosso entendimento, sede sóbrios e esperai inteiramente na graça que vos está sendo trazida na revelação de Jesus Cristo. Como filhos da obediência, não vos amoldeis às paixões que tínheis anteriormente na vossa ignorância; pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento, porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo.” (1Pe 1:13-16)

Numa linda manhã, ao entrar em um grupo maravilhoso de WhatsApp,  criado para interação de pastores que militam na arte de pregar o Evangelho e no “IDE” de Cristo, distribuídos  por vários lugares dentro e fora do território brasileiro, e que levam a preciosa Palavra de Deus como verdadeiros guardiões da Ortodoxia Bíblica e verdadeiros “Gentlemens” da Eclesia, criado pelo estimado Pastor Hélio Cabral, fomos abordados pelo nobre pastor e pregador Nerildo Accyoly (SP) com o seguinte questionamento: “Pastor Adriano, nos fale sobre pecado contra a santidade de Deus e contra o trono de Deus”.

Bem, meus queridos leitores, não precisa ser nenhum expert em Teologia para entender que as palavras-chave do questionamento em evidência é o Pecado versus a Santidade e Autoridade de Deus. Em qualquer base ou ideologia, agindo como geratriz para produzir um raciocínio científico, reza o silogismo que proposições são indispensáveis para se chegar a uma conclusão. Na indagação em apreço, a premissa que entendemos é simples: Deus é Santo e precisamos ser santos para agradá-Lo!



O termo “Santo” é extraído do grego “hagios” (Αγιος) de hagos”, “Uma coisa grande, sublime”, e deriva a palavra “hagiasmos” (“Αγιασμος”), cujo significado é “Consagração” ou “purificação”. De acordo com STRONG, é um tipo de ação que abrange do interior ao exterior, desde o coração à própria vida. De acordo com o professor Daniel Conegero, é o “Processo progressivo e contínuo operado por Deus na vida daquele que foi regenerado, convertido e justificado. No processo da santificação o cristão é ensinado e moldado a viver cada vez mais para Cristo, numa vida de retidão conforme a vontade do Senhor.”

Elementar, meu querido leitor, que quando falamos em “Santidade divina”, precisamos inicialmente entender que o principal fator diferenciador entre nós e a Trindade é que o Nosso Bom Deus (Elohim) é de forma inerente e absolutamente SANTO! Expresso que esse “absoluto” em relação à santidade de Deus é um atributo de seu “Ser”, intrínseca a Ele! Por outro lado, já em relação a cada um de nós, quando tratamos de santidade, só podemos nos tornar Santos quando há de fato e de direito um relacionamento real com Jesus Cristo. O que vai acontecer daí para frente é um crescimento em progressão geométrica dessa santidade na proporção em que amadurecemos de forma espiritual e torrencial.

A santidade é algo indispensável e não é utópica. Baseado em Hebreus 12.14, santidade não é apenas uma possibilidade, mas um requisito indispensável. E precisamos entender, em suma, que esse crescimento em santidade não finda quando aceitamos a Cristo, se inicia. Acredito, nobre leitor, que existe uma santidade adquirida na regeneração e, concomitantemente, há um tipo de santidade prática que deve ser cultivada diariamente. É um tipo de santidade que deve ser cultivada através da nossa vida diária (2 Co 7.1; 1 Pd 1.14-16).



Santificação é mais do que um direito adquirido, é um dever a ser praticado. E que, à luz das Sagradas Escrituras, é o querer de Deus para cada um de nós (Rm 8.29; 1 Ts 4.3-4). O crente que passa pelo Novo Nascimento passa adquirir uma esperança de habitar com o Senhor, e essa vontade o impulsiona para a santificação (1 Jo 3.1-3). Ele passa a sentir a necessidade de viver em santidade para estar cada vez mais próximo de Deus. É uma vida literalmente separada, em obediência à vontade de Deus (Lv 11.44; 19.2). Para isso acontecer, é necessário trabalhar a mente a ponto de não deixar os pensamentos à deriva, mas cingidos (Ex 12.11). Já nos diz o poeta inglês William Cowper: “Uma mente absolutamente vazia vive angustiada”. Daí não é difícil entendermos a famosa frase protestante que afirma que “Mente desocupada é oficina de Satanás!” O comentarista Warren W. Wiersbe nos ensina que “a ordem para que sejamos ‘santos’ não se refere à perfeição sem pecado, pois essa condição é impossível de ser atingida nesta vida (1 Jo 1:8-10). Isso significa ser separado para Deus. Se somos filhos do Senhor, devemos parecer-nos com nosso Pai.”



Donald Stamps, por sua vez, defende que as palavras “separação” e “santificação” são sinônimos. Separação do “modus operandi” praticado pelos ímpios. Ao mesmo tempo, está relacionado também à aproximação dos Santos a Deus e à sua vontade, envolvidos no seu serviço e adoração, onde o resultado da nossa eleição em Cristo tem como alvo a santidade (Ef 1.4). Quando falamos de santidade, falamos em seguir os passos de Cristo, tentando, em caráter, sermos semelhantes a Deus, dedicados com o intuito de agradá-Lo! (Rm 12.1; Ef 1.4; 2.10; Hb 12.14). Elementar que não conseguiríamos sozinhos, somos ajudados diretamente pelo Espírito Santo de Deus (Gl 5.16,22,23,25; Cl 3.10; Tg 3.5; 2 Pe 1.9).



Queridos leitores e amantes das Escrituras, não é preciso fazermos uma exegese bíblica para entendermos que o pecado entra na contramão da santificação. Até porque quando falamos na palavra “pecado”, estamos, na íntegra, tratando de um fato opositor à essência e à Santidade de Deus.

Folheando as páginas das Sagradas Escrituras, perceberemos que o pecado é transgressão à vontade e às normas pré-estabelecidas por Deus; e ao mesmo tempo pecado é sinônimo de rebelião (Dt 9.7; Js 1.18; 1 Jo 3.4). Isso é claro de ser elucidado pelo fato de ter nascido com Lúcifer, o famoso episódio no qual o mesmo atenta em seu íntimo ser semelhante ao Altíssimo (Is 14.12-15). Dentro da retrospectiva bíblica vetero testamentária, baseada no terceiro capítulo de Gênesis, todo calouro de Hamartiologia tem ciência de que o pioneiro do Pecado na raça humana, dentro do Jardim do Éden, foi Satanás, que trouxe a mesma proposta nascida em seu interior: “ser semelhante a Deus” , induzindo nossos primeiros pais a se rebelarem contra Deus e contra os seus Princípios. A partir daí, como efeito “bola de neve”, o pecado se expandiu na raça humana no transcorrer dos anos tempos e épocas.

A partir da queda de Adão, o pecado foi passado para as gerações seguintes. Assim todos os “descendentes de Adão herdaram dele o pecado e a morte” (Rm 5.12; 6.23). Digamos que os homens se tornaram “pecadores por natureza”. Não significa dizer que você ou eu tenhamos pecado, mas sim pelo fato de nascermos pecadores. A isto, a maioria dos teólogos dispensacionalistas e assembleianos denominam de “pecado herdado”. Isto está inserido em nosso quarto “CREIO”: “Na pecaminosidade do homem que o destituiu da glória de Deus, e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que o pode restaurar a Deus (Rm 3.23; At 3.19).”

Alguns estudiosos renomados defendem que, à mesma maneira que adquirimos Genótipos herdados de nossos pais, espiritualmente falando também herdamos a natureza pecaminosa de nossos primeiros pais no Éden (Sl 51.5). E é por isso que há a necessidade absoluta do novo nascimento “pela fé em Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do Reino dos Céus (Jo 3.3-8).” (CREIO 05) Além dos tradicionais pecados (Herdado e Imputado), existem também os famosos “pecados pessoais”. Estes são pecados individuais e pessoais, executados diariamente por cada homem ou mulher, lamentavelmente, resultado dessa “herança da natureza pecaminosa” de nossos primeiros pais. Porém, cada servo e serva de Deus, nascidos de novo, foram libertos da “eterna pena do pecado (inferno e morte espiritual)”.



Temos hoje, pelo menos na visão anti calvinista, o livre arbítrio para decidirmos se cometeremos ou não pecados subjetivos. E também temos o amigo do noivo, “paracletos” divino, morando dentro de nós, para nos dar força e nos ajudar a vencermos as provações e tentações, contribuindo para nossa santificação, agindo como meio indicativo de nossas falhas e pecados (Rm 8.9-11). Lembrando, baseado em 1 Jo 1.9, que no exato momento que reconhecemos nossos pecados e realmente nos arrependemos, confessando os mesmos, pedindo perdão sincero, somos renovados e restaurados, voltando assim à comunhão com Deus. Dentro das verdades teológicas, descobrimos um Deus que, por meio da sua Revelação Escrita (Bíblia – Rm 10.17; 2 Tm 3.16), Manifestada (Criação – Sl 19.1-4), Verbal (Falada , Hb1.1) e encarnada ( Jesus, Jo 1.1-14), fez questão de se revelar aos seres humanos.

É óbvio que não em essência, até porque não temos estruturas psicossomáticas para compreendermos; até porque isto está reservado apenas para quando “o que é corruptível se revista de incompatibilidade”,  para podermos ver, compreendendo tal como Ele é em essência (1 Co 15.53; 1 Jo 3.2). Então, dentro de nossos limites capacitacionais, a Bíblia nos revela qualidades e características inerentes a Ele, chamadas de “Atributos”, para que possamos compreendê-Lo dentro daquilo que Ele quis se fazer conhecido. E esses atributos conhecidos por todos nós, estão dispostos em duas esferas principais: atributos incomunicáveis e atributos comunicáveis. Esses primeiros atributos estão relacionados à sua Soberania e supremacia absoluta. São únicos e exclusivos d’Ele. Estão inseridos em sua essência e não pertences à estrutura humana (Eternidade, Transcendência, Onipresença, Onisciência, Onipotência, Imutabilidade, Independência, entre outros). Já os atributos comunicáveis estão relacionados a características compartilhadas também na estrutura humana. São atributos que podemos ter, porém, se comparados a Deus, em uma proporção indubitável e incomensuravelmente imperfeita. Dentro da subclassificação desses atributos comunicáveis, temos os atributos Morais (bondade, amor, paciência, graça, benevolência, misericórdia, entre outros). A Santidade está inclusa nos atributos Morais. É um tipo de qualidade presente em cada um de nós, que reflete a imagem e a semelhança de Deus.



“Deus é Santo e nós precisamos ser Santos!” Por Deus Ser Santo, não admite atos ou ações antagônicas à sua Santidade.  Santidade fala de essência e qualidade moral. De acordo com John Macarthur, “Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo” (Lev. 19: 1-2; cf. vv). Como os filhos de Israel foram chamados para amar e servir a Deus e, ao separar-se da imoralidade e da impureza, os crentes hoje devem atender ao chamado soberano de suportar Sua imagem (Colossenses 3:10; cf. Rom. 08:29; 1 Cor. 15:49; 2 Cor 3:18) e obedecer aos Seus mandamentos para ser santo desde o Santo, identificou-se com eles em uma obra eternamente gloriosa da graça salvadora”. Da mesma forma que ‘Deus é santo’, significando que Ele está separado de toda poluição moral e a ela é hostil”, cada um de nós somos postos a uma realidade totalmente antagônica ao pecado e a tudo aquilo que vai de encontro à Santidade e à Autoridade de Deus. Por outro lado, na pergunta feita pelo nobre mestre e Reverendo Nerildo Accyoly, “Trono de Deus” entendo falar de “Autoridade De Deus”.



E o que necessariamente seria “Pecado contra a santidade de Deus e contra o trono de Deus?” Aqui temos uma pergunta interessante, que possui uma resposta prática.  Como não é difícil compreendermos que trono fala de autoridade, não há necessidade de comentarmos sobre a autoridade de Deus, porém, quando tratamos de agravantes que vão de encontro a essa autoridade suprema, de forma básica, podemos citar o texto de Mateus capítulo 22 versículo 36,  onde Jesus é questionado acerca do grande mandamento da Lei, onde responde de forma imediata: O primeiro é amar a Deus e o segundo é amar o próximo.

Aqui vamos perceber que o próprio mestre vai declarar em Mateus 22:40 que nos dois mandamentos estão inseridos toda a lei e os profetas. Interessante é que se nós nos basearmos no decálogo, dado pelo próprio Deus a Moisés no monte Sinai, perceberemos que nos quatro primeiros mandamentos temos o conceito daquilo que significa “amar a Deus”. A declarativa é simples: “Quem realmente ama não tem outros deuses, quem ama com sinceridade não se prostra diante de imagem e nem mergulha na idolatria. Quem ama com toda certeza não levanta o nome do Senhor em vão.

Quem ama guarda o Dia do Senhor. Temos nitidamente a compreensão de que o amor a Deus está diretamente relacionado ao compromisso fincado e sincero com o Eterno. Quando alguém vai de encontro aos quatro primeiros mandamentos, está pecando contra a própria autoridade de Deus. Os seis mandamentos restantes dão ênfase ao conceito genuíno do “amor à próximo”. Em outras palavras, quem realmente ama ao próximo: honra seus pais; não acata a prática de adultério; não furta; abomina a mentira e não cobiça nem inveja.

Quando se ama de verdade ao próximo, há um esforço sem igual para “fazer apenas o bem”.  Quando ocorre qualquer quebra desses últimos seis mandamentos, pecamos pelo fato de ferirmos a Santidade de Deus no tocante a “prejudicarmos à sua Criação”, ou seja, prejudicarmos ao nosso próximo e a nós mesmos. Interessante é que há aqui um tipo de relação “conditio sine qua non”, onde nos apresenta uma possível resposta essa brilhante pergunta. Apenas um ponto de vista.

Já dizia o velho ditado: “Na escola da vida, o que nos move são as perguntas e não as respostas. É preciso saber perguntar para encontrar a resposta que nos levará onde queremos chegar.” 

Esperamos ter contribuído de alguma forma a esta boa Indagação!


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