Por: Pr. Adriano Oliveira
Um dos textos paulinos mais intrigantes e ao mesmo tempo Interessante é este que o Apóstolo dos Gentios registra em sua Segunda carta aos Tessalonicenses 2.6-7. Vejamos nas diversas versões e já observando alguns pontos interessantes, levando em conta desde a análise morfo-sintática, passando pela exegética, até finalmente à Hermenêutica.
Primeira Análise: MORFO-SINTÁTICA
- ARTIGOS, VERBOS E PRONOMES APLICADOS NO TEXTO DISCORDAM QUE SEJA A FÉ
Baseado nos registros teológicos de Lawrence O. Richards, em sua obra literária “Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento”, a expressão grega “to katechon”, apesar de ser neutra no texto de 2 Tess 2.6, no versículo posterior assume inquestionavelmente o sentido MASCULINO e é traduzida na íntegra como “UM ( e não “uma”) que agora, resiste”.
Prova: A MAIORIA DAS VERSÕES MOSTRA o versículo subsequente afirmando que estamos tratando de um personagem masculino (AFASTADO, AQUELE, UM)
Segunda Epístola de Paulo aos Tessalonicenses 2:7:
"Com efeito, o mistério da iniquidade já opera e aguarda somente que seja afastado aquele que agora o detém; "
AfastadO e não afastadA
AquelE e Não AquelA
“Pois o mistério da iniquidade já opera; somente há um (e não ‘há UMA’) que agora o detém até que seja posto fora;" (Almeida Revista e Atualizada, 1959)
"Pois o mistério da iniquidade já opera; somente há um (e não ‘UMA’) que agora o detém até que seja posto fora;" (Almeida Revisada de acordo com os melhores textos gregos e hebraicos, 1959)
"Pois o mistério da impiedade já está agindo, só é necessário que seja afastado aquele que ainda o retém!" (Bíblia de Jerusalém, 1981)
"Porque o mistério do desprezo- às- leis já efetivamente- opera: somente há Aquele (e não ‘aquelA’) que o está detendo agora, até que, para- fora- do meio, seja Ele tirado." (Bíblia Literal do texto Tradicional, LTT’15)
"Pois o mistério da ira contra a Torá já opera; somente há um (e não ‘UMA’) que agora o detém até que seja posto fora;" (NTJ, Novo Testamento Judaico)
"A verdade é que o mistério da iniquidade já está em ação, restando apenas que seja afastado (e não “afastadA”) aquele que agora o detém." (NVI, Nova versão Internacional)
"Pois essa perversidade já opera secretamente e permanecerá em segredo até que se afaste aquele (e não aquelA) que a detém." (NVT, Nova Versão Transformadora)
Segundo Russel Shedd, o termo " Mistério" aqui no texto salienta uma origem sobrenatural (CI 1.26, 27; 1 Tm 3.16), já o termo "iniquidade" se relaciona com o anticristo (vv. 3, 9) "dando ênfase à força da oposição a Deus que já opera no mundo, (1 Jo 2.18) até atingir o seu clímax na remoção do detentor (e não "Detentora").
Segunda análise: A EXEGÉTICA
Além do termo grego ser um pronome que se refere a uma pessoa, existem algumas outras evidências na língua original na qual os textos neotestamentários desta passagem bíblica foram escritos mostrando que esse tão chamativo “detentor” possivelmente não é outro a não ser a Terceira Pessoa da Trindade, amigo do noivo, mordomo fiel, conselheiro e “paracleto” divino.
Inicialmente definindo essa linha teológica como dispensacionalista, entendemos que “o filho da perdição “, conhecido mais como o “anticristo escatológico” ainda não se manifestou; pelo simples e importante fato que é a “obstrução” efetuada por ALGO (2 Ts 2.6) e por ALGUÉM (2 Ts 2.7). Acreditamos ser de suma importância avaliarmos o versículo 6 e percebermos que no texto temos esse “DETENTOR” de modo neutro (“o que o detém”), enquanto em 2 Tessalonicenses 2.7, temos o gênero masculino (“aquele que agora o detém”).
Segundo o professor, escritor e pastor Marcello de Oliveira, “É válida a observação de que a palavra grega kairós, traduzida por “ocasião oportuna”, revela-nos que o anticristo só aparecerá no momento certo, ou seja, no momento determinado por Deus. “.
O próprio Warren Wiersbe vai defender que da mesma forma que houve uma “plenitude do tempo” para a vinda de Cristo (Gl 4.4), também ocorrerá uma “plenitude do tempo” e essa será a plataforma essencial para que o anticristo possa se erguer no palco escatológico mundial, obedecendo toda a sequência cronologicamente projetada pelo Senhor do Tempo!
Se rompermos a barreira do tempo e do espaço e adotarmos as teorias de Albert Einstein, veremos o próprio Agostinho afirmar que era impossível definir esses elementos restringidores. Existe, sim, uma grande inclinação para deduzir que esse “detentor” não é outro, senão o amigo Espírito Santo. Até porque Ele pode ser descrito tanto no gênero masculino quanto no neutro (Jo 14.16,17; 16.13) e também Ele é apontado como Aquele que restringia as forças do mal no AT.
Terceira análise: HERMENÊUTICA e TEOLÓGICA (análise do antes, depois e contexto alusivo ao texto)
“Governo humano”, “FÉ”, “Império de Roma”, “Pregação do Evangelho”, “existência do Estado judeu” e a própria “igreja” entre outras, são as “identidades” dadas a esse “poderio de retenção”. Mas QUEM REALMENTE TEM ESSE PODER DE RETER o personagem maligno do texto em apreço?
A maioria dos teólogos clássicos defendem que o argumento mais provável é aquele que dá preferência à Terceira Pessoa da trindade. Até porque quando trazemos em xeque as Palavras do Rabi da Galileia ante seu espetacular discurso no Cenáculo perceberemos que existe um tipo de “alternação” entre o sentido neutro e o sentido masculino.
A ideia em comum, como ensina o nobre escritor, Filósofo, Teólogo, Doutor em Psicologia Social e Educação Religiosa pelo Garrett Biblical Seminary, Lawrence O. Richards, é a de que “O Espirito Santo, que está presente no mundo na vida dos crentes, será ‘RETIRADO’ no ARREBATAMENTO da Igreja (Jo 16.7-11; 1 Jo 4.4)” para que finalmente possa “ser REVELADO O INÍQUO” (2 Tess 2.8).
Quando tratamos do "iníquo" (Vers 8), do grego "ανομος" (anomos), baseado em Strong, nos referimos não a uma força abstrata, mas sim a um personagem "destituído da lei mosaica", alguém que tem prazer em "se desviar da lei de Deus", que se satisfaz em "desrespeitar a lei", digamos que esse personagem é a " maldade encarnada" e oposto a tudo aquilo que Cristo foi, é e ensinou. O antichristos ("Anticristo"). Segundo o comentário John Macarthur, a termo anticristo, é uma palavra grega composta, formada da preposição "anti" e o substantivo "Christos". Anti pode significar tanto "contra" e "no lugar de". "Ambos os significados são apropriados, para o Anticristo tanto em opor o verdadeiro Cristo, quanto em procurar usurpar seu lugar."
No célebre comentário do NT Barkley, a informação que nos é passada é de que aqui nesta passagem de 2 Tess 2.8, "estalaria uma época de rebelião contra Deus; já se tinha introduzido neste mundo um secreto poder mau que estava operando nos homens e no mundo para provocar esse tempo de rebelião. Em alguma parte se ocultava alguém que era a encarnação do mal assim como Jesus era a encarnação de Deus. Era o homem de pecado, o filho de perdição, o iníquo. A seu tempo o poder que o retinha desapareceria da cena e então apareceria esse demônio encarnado. Quando viesse reuniria em torno de si a seu próprio povo assim como Jesus tinha o seu."
Segundo Wiersbe, entendemos que não é de hoje que o “mistério da iniquidade” atua e a cada dia cresce na terra dos viventes. Elementar que Deus sendo presciente, controlando todo o equilíbrio daquilo que entendemos como “cronologia profética e apocalíptica” (isso na linha e corrente dispensacionalista, pre-Tribulacionista e Pre-milenista) estabeleceu um “DETENTOR” que bloqueasse temporariamente, até o momento oportuno, o plano maquiavélico de satã e a expansão do anticristo. E esse não poderia ser outro senão O ESPIRITO SANTO, que estaria tanto operando em harmonia com a noiva do Cordeiro quanto através da mesma. Esse mesmo Espírito Santo, que também glorificaria o filho.
O que vemos aqui é que existe na realidade uma simetria perfeita e harmonia interessante nessa ação da Terceira Pessoa da Trindade, que na mesma proporção “em que Cristo estava glorificando o Pai através de sua obediência até à morte, assim o Espírito glorificaria Cristo esclarecendo o significado de Sua pessoa e obra.”, conforme defende o nobre comentarista Moody. A análise Wiersberiana ainda defende que não há dúvidas desse “detentor” ser realmente o Espírito Santo, “visto que Deus tem ‘tempos e épocas’ designados (1 Ts 5:1), e nem mesmo Satanás consegue afastá-lo de sua agenda.”
Interessante é que quando nos deparamos com o sétimo versículo do mesmo capítulo em apreço, nessa mesma perspectiva teológica, vemos o Espírito de Deus sendo Aquele responsável em deter a ação do anticristo.
A palavra " deter" é deriva do verbo grego "κατεχωb" (“katecho"), que traduzido significa " reter" no sentido de "conter", " impedir o curso" ou "avanço".
Segundo Strong, se relacionava com a ideia antiga de "checar a velocidade ou progresso de um navio e mantê-lo amarrado ou seguro". Aqui pode muito bem decodificar a informação de que "Este" é o único que pode impedir o anticristo a se manifestar antes do tempo estabelecido por Deus, que só poderia ocorrer após o arrebatamento da igreja (I Tessalonicenses 4:13-18; I Coríntios 15:51-53), quando o próprio Senhor Jesus o matará "com o sopro de sua boca e o destruirá pela manifestação de sua vinda." (2 Tessalonicenses 2:8).
Logo, A IGREJA NÃO PASSARÁ PELA GRANDE TRIBULAÇÃO. (Deuteronômio 4:30; Sofonias 1:15; Dn 9.27; Isaías 2:12; 13:6, 9; Joel 1:15, 2:1, 11, 31, 3:14; Mateus 24:21; I Tessalonicenses 5:2; I Tessalonicenses 5:9), até porque a sua atuação será exatamente durante a Grande Tribulação (O período apocalíptico que durará sete anos; evento este, que o Senhor dos Exércitos tratará os incrédulos com julgamento e concluirá sua disciplina em relação a nação de Israel. Conhecida também como "Tempo ou dia da angústia" (Daniel 12:1; Sofonias 1:15) 5) também pseudo-denominada "O tempo da angústia para Jacó " (Jeremias 30:7).
Não temos dificuldade para entender que pelo fato de vidas crerem e serem salvas durante a Grande Tribulação e que para haver salvação de vidas precisa ter a atuação do Espírito Santo, o mesmo continuará a operar, sim, porém, conforme Wiersbe, o ministério da Terceira Pessoa da Trindade de obstrução a Satanás, por meio do corpo de Cristo, se encerrará exatamente com o advento de Cristo para buscar sua noiva.
Em decorrência, o caminho estará aberto para o diabo "encher o cálice da iniquidade até a borda" e será nessa ocasião que o inimigo de nossas almas e adversário dos céus, satanás, atuará com uma força e ações sobrenaturais através do anticristo (vv. 9-10), enganando a muitos. "Os crentes verdadeiros que forem salvos depois do arrebatamento da igreja não se deixarão enganar, mas os perdidos serão iludidos e terminarão no inferno. Eles crerão na mentira e, assim, adorarão e servirão à criatura, em vez de ao Criador (Rm 1:25)." O iníquo terá o objetivo de ser aceito e adorado por todos os homens. E para isso, irá imitar os poderes de Jesus Cristo (At 2.22) da mesma forma que os magos do Egito imitaram os milagres de Moisés.
Bibliografia: Lopes, Hernandes Dias. 1 e 2 Tessalonicenses. Ed. Hagnos
Wiersbe, Warren. Comentário Expositivo. Geográfica Editora
Marshall, Howard. 1 e 2 Tessalonicenses: Introdução e comentário. Ed. Vida Nova.
Pastor Adriano Oliveira é membro da comissão de Apologética
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