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Artigos

Pr. Adriano Oliveira
Ministro do Evangelho, Membro da Comissão de Apologética da COMADAL, Bacharel em Direito, Bacharel em Filosofia, Mestre em Teologia, Professor de Teologia da FATEAL, Escritor e Palestrante.
04/02/2020

O espinho de Paulo

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Por: Pastor e Professor Adriano Oliveira


“Para impedir que eu me exaltasse por causa da grandeza dessas revelações, foi-me dado um espinho na carne, um mensageiro de Satanás, para me atormentar. Três vezes roguei ao Senhor que o tirasse de mim.” (NVI)

Desde tempos antigos que a expressão “ESPINHO NA CARNE” de Paulo (2 Coríntios 12:7) tem chamado a atenção dos “teologandos” espalhados pelo mundo e a cada dia tem ganhado notoriedade no mundo acadêmico Teológico. Espinho este que Paulo o chama de “mensageiro de Satanás”, onde tinha como propósito “esbofetear” o grande apóstolo. E o principal motivo que tem gerado tanta polêmica se dá devido ao fato de Paulo possivelmente ter se expressado de forma metaforizada.

Bem, não são poucas as especulações desse tal “Espinho” na vida deste homem de Deus. Dentre elas:

- Tentação;

- Problema ocular crônico (Gl 4.14,15);

- Malária;

- Enxaquecas;

- Epilepsia;

- Aflição física;

- Aflição espiritual;

- Aflição emocional;

- Histeria;

- Problema de vista;

- Problemas na fala ( 2 Cor 10.10; 11.6)

- Tendências Homoafetivas;

- Masturbação;

- Deficiência na fala;

- Anjo maligno ou demônio;

- Histeria

- Nevralgia

- e até mesmo lutas psicológicas internas como acusações de inimigos do judaísmo e fatores relacionados às perseguições de Paulo contra os cristãos no passado.

Na realidade existem no mínimo 12 sugestões oficiais espalhadas em várias obras. Algumas delas bem interessantes. A maioria é defendida por estudiosos que não só dominam o conhecimento das Epístolas paulinas como também do apóstolo dos gentios e da literatura judaica.

I – PARTINDO PARA AS TRADUÇÕES E VERSÕES

Vamos agora ler o que está escrito em 2 Coríntios 12.7,8 nas várias versões:

“ E, para impedir que eu me tornasse arrogante por causa da grandeza dessas revelações, foi-me colocado um espinho na carne, um mensageiro de Satanás para me atormentar. Por três vezes, roguei ao Senhor que o removesse de mim.” (KJA)

“E, para que não me exaltasse pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de não me exaltar. Acerca do qual três vezes orei ao Senhor para que se desviasse de mim.” 

(ACF)

“Para impedir que eu me exaltasse por causa da grandeza dessas revelações, foi-me dado um espinho na carne, um mensageiro de Satanás, para me atormentar. Três vezes roguei ao Senhor que o tirasse de mim.” (NVI)

“ E, para que me não exaltasse demais pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de que eu não me exalte demais; acerca do qual três vezes roguei ao Senhor que o afastasse de mim; “ (AA )

E, para que não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações, foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de que não me exalte. Por causa disto, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim.” (RA)

O embate está exatamente aí:

O “Espinho” é o “mensageiro”  ou 

o “Mensageiro” é o “espinho” ?

Agora veja o que diz a Nova Tradução na Linguagem de Hoje:

Mas, para que não ficasse orgulhoso demais por causa das coisas maravilhosas que vi, eu recebi uma doença dolorosa, que é como um espinho no meu corpo. Ela veio como um mensageiro de Satanás para me dar bofetadas e impedir que eu ficasse orgulhoso. Três vezes orei ao Senhor, pedindo que ele me tirasse esse sofrimento. (NTLH)

Apesar da Nova Tradução na Linguagem de Hoje (NTLH), alegar que o espinho ao qual Paulo se referia era uma enfermidade de ordem física, isso não é fator determinante para neutralizar as demais traduções ou interpretações.

Vale destacar que a Nova Tradução na Linguagem de Hoje (NTLH), não é a mais fiel aos originais e justificamos isso devido ao fato de em sua tradução obedecer o método daequivalência dinâmica, ou seja, em seu critério de tradução, é examinado o sentido do que aquele texto quer dizer e assim traduz-se de forma mais adaptada, como se estivesse montando uma paráfrase, diferente da maioria das tradições que adotam o método da equivalência formal, ou seja, traduzem palavra por palavra do texto, sendo mais fiel a exegese bíblica.

Queremos lembrar também que a Nova Tradução na Linguagem de Hoje (NTLH), assim como a Bíblia “A Mensagem”, são revisões da Bíblia na Linguagem de Hoje, lançada em 1988. E ambas, no final das contas, usam exatamente o texto minoritário (“crítico”) como base e claro que não são equipolentes as traduções ricas derivadas do incomparáveltextus receptus, um importante tipo de junção dos textos gregos presentes na Bíblia  que são mais fiéis aos originais, como é o caso da Bíblia King James Fiel (1611), a Almeida Corrigida Fiel e, não totalmente, a Almeida Corrigida Fiel (1995), da Sociedade Bíblia do Brasil (SBB).

Só a nível de informação, a primeira compilação deste texto foi executada por Erasmo de Roterdão, teólogo, padre católico, intelectual, filósofo, humanista e estudioso, no ano de 1516. A posteriori teve várias outras edições publicadas tanto pelo próprio Erasmo, como por Beza, Estienne, e pelos Elzevirs, entre outros. Oficialmente, as edições consideradas como as principais representantes do Textus Receptus são as edições de Estienne de 1550 (a terceira) e a edição dos Elzevirs de 1633.

Quando falamos em textus receptus”, tratamos de fontes respeitadas e estamos nos referindo à série de impressões, em grego, do Novo Testamento, que serviu de base para diversas traduções dos séculos XVI ao XIX.  São os escritos que guardam grande semelhança ao Texto Bizantino (ou Texto Majoritário),por isso às vezes são chamados como se fossem o mesmo texto. Isso se explica pelo fato de que há algumas poucas diferenças entre o Textus Receptus e o Texto Bizantino, como em Atos 8:37 e em 1 João 5:7-8.

Durante o primeiro século após a ressurreição de Cristo, Deus, através do Seu Santo Espírito inspirou homens a escreverem Sua Palavra (2 Pedro 1.21). Eram pessoas limitadas a tempo e espaço, que ocupavam diversas profissões e funções na sociedade, mas que, todos em conjunto e harmonia, escreveram as pepitas bibliográficas presentes no Novo Testamento. A isso chamamos de “Inspiração”, ou seja, a ação sobrenatural promovida pela Terceira pessoa da Trindade que capacitou os “hagiógrafos neo-testamentários” a escreverem tudo o que produziram sem erro e sem contradição bíblica. O resultado foi um conjunto de livros e Epístolas escritos em grego koiné (chamados de “autógrafos originais”). Louvado Seja Deus. 

Esse conjunto de Livros e cartas no transcorrer do tempo foram copiados e recopiados a mãos livres, através dos séculos e distribuídos por todo o mundo. E são conhecidos como “os manuscritos do Novo Testamento”. Temos na realidade uma média de aproximadamente mais de 5.000 desses manuscritos gregos que conseguiram sobreviver até os dias hodiernos.

O grande número desses manuscritos apoia-se na chamada tradição textual bizantina (bizantina porque veio do mundo falante do grego da época). Esses manuscritos bizantinos formaram o que chamamos de texto tradicional do Novo Testamento.

É válido também destacar que matematicamente mais de 90% desses mais de 5.000 manuscritos bíblicos do Novo Testamento grego existentes são derivas dos Manuscritos bizantinos e estes foram inspiração para formar o textus receptus”. No qual a maioria das versões e traduções se baseiam. E um dos motivos que a maioria dos protestantes dão tanta credibilidade ao textus receptus”, é pelo fato do mesmo ser utilizado para a criação de várias outras traduções da Bíblia para várias outras línguas, tais como:  As Bíblias de Lutero em 1522,  a de Tyndale em 1526, a do rei James em 1611, a tradução de João Ferreira de Almeida para o português em 1681, a Bíblia Almeida Corrigida Fiel (ACF) publicada pela Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil e a maioria das traduções do Novo Testamento da Reforma de Martinho Lutero. Em outras palavras, notamos que até meados do século XX, o “Textus Receptus”, diretamente ou através de uma de suas traduções, foi aceito pelas igrejas protestantes após a Reforma, e que esta posição se manteve intocável, no Brasil.

Entendemos que esta versão NTLH , baseada na “crítica textual” (“Minoritário”)  e em sua maior parte no Texto-tipo Alexandrino,  que por sua vez é deriva dos Códex Sinaiticus e Vaticanus, baseado inclusive na minoria dos manuscritos do Novo Testamento atualmente existentes, mantém semelhanças ao texto mais utilizado atualmente e não aos originais, o Novum Testamentum Graece, tais como o texto de Westcott e Hort (The New Testament in the Original Greeek) e as primeiras edições Eberhard e Erwin Nestle, entre outras, não se compara as versões oriundas do textus receptus”.

A versão NTLH, quebra todas as regras da exegese e da hermenêutica em 2 Coríntios 12.7,8 quando tenta forçar literalmente o texto para insinuar que o espinho teria sido de caráter físico conforme está explicitamente exposto em sua tradução:  “eu recebi uma doença dolorosa, que é como um espinho no meu corpo.E poucos não são os caminhos e pontos fundamentados que discordam de tal conclusão.

II - PARTINDO PARA A HERMENÊUTICA DO TEXTO

Quando tratamos de hermenêutica bíblica, abordamos um estudo analítico voltado aos princípios e métodos de interpretação do texto bíblico que será apreciado e o objetivo a priori é contribuir para a fiel e pura interpretação, entendimento e aplicabilidade das verdades bíblicas de forma ortodoxa.

O amante da hermenêutica bíblica precisa saber e deve entender que “A Bíblia diz o que quer dizer e quer dizer o que diz.” Portanto meu querido leitor o que queremos dizer é que a Bíblia foi escrita em linguagem comum para alcançar também pessoas comuns. Sua linguagem é concisa, pura, aplicável e simples. Elementar que existem textos que requerem interpretação emblemática devido a diversas passagens terem conteúdo rico em símbolos e figuras de linguagens.

As vezes uma determinada passagem bíblica não é difícil de ser entendida ou analisada. Porém o problema está na forma como se deseja fazer a interpretação de determinado texto. Muitos comentaristas cometem o deslize de buscar inverdades e significados heréticos nas “entrelinhas” da Bíblia que realmente não estão nas Escrituras. E se comportam como se a Bíblia fosse um livro de códigos onde escondesse uma verdade espiritual que precisa ser “decifrada”. Essa é uma das importâncias da hermenêutica Bíblica, nos manter longe de tentarmos “alegorizar” passagens bíblicas que devem ser interpretadas ao pé da letra. Elementar que não é o caso do tema em foco.

Precisamos entender é que um princípio fundamental da hermenêutica bíblica está em interpretar os textos bíblicos levando-se em conta a visão tridimensional da interpretação:

História – buscando entender todo o pano de fundo, os fatos culturais e tudo que contribuiu de forma direta ou indireta para o texto ser gerado.

Gramática - Analisando a linguagem morfológica e sintática da língua original levando-se em conta o seu tratado descritivo-normativo. Agindo assim o pesquisador estará atuando com prescrições regradas que ocasionarão o entendimento correto da língua escrita e falada. Precisa-se compreender não só a língua grega, mas principalmente, suas regras e a metodologia dinamizada que unem suas unidades e suas análises combinatórias que formam suas unidades maiores.

O estudo de todos os elementos que forma a língua original dos escritos neo-testamentários é essencial para se chegar a um determinado denominador comum. É essencial a análise do idioma e seus variantes. Desde a norma culta até as variantes não padrão. Lembremo-nos que toda língua tem sua própria gramática, conhecida e utilizada por todos os falantes daquela determinada variante como resultado do processo de aquisição de linguagem. De acordo com Eckersley, C. E.; Macaulay, Margaret (1955). Brighter Grammar. Londres: Longsman, Green & Co. Ltd, quando tratamos de gramática, nos referimos "a arte de colocar as palavras certas nos lugares certos". Aqui se enquadra a prática da exegese.

Contexto – Fazendo a inter-relação de circunstâncias que acompanham a respectiva referência bíblica para compreensão do fato ou do evento, levando-se em conta todos os conjuntos que vão desde textos, passando por frases até palavras. Devido a notoriedade do encadeamento do discurso ou da escrita, nenhum desses elementos que precede ou que segue ao texto deve ser ignorado pois estes indubitavelmente contribuem para o seu significado. 

O teólogo ao se deparar com determinada referência bíblica, precisa está atento a todas as circunstâncias e meios que contribuíram para a produção de uma mensagem a exemplo das relações: tempo – espaço e emissor – receptor, para que se possa entender o que realmente o texto quis dizer. Relações tais como forma - conteúdo da mensagem, cenário -  participantes, o efeito da comunicação - a chave, meio - gênero e as normas de interação, segundo o antropólogo americano Dell Hymes em sua obra etnográfica da comunicação também são consideradas relações indispensáveis para se fazer uma boa análise de um texto.Baseado na obra “An introduction to Functional Grammar” ,  Halliday, M.A.K. (1994).  . London: Edward Arnold. E também de acordo com a obra “Language Context and Text: Aspects of Language in a Social Semiotic Perspective” de Michael Alexander Kirkwood Halliday Ruqaiya (1985), o sucesso em qualquer análise textual e fala escrita ocorrerá devido a um tipo de previsão inconsciente produzidas pelo contexto. 

Amados, esse é o “Tripé” fiel e plataforma segura para apoiar quaisquer análises interpretativas de qualquer texto “vetero” ou “neo” testamentário. Já ensina a hermenêutica que ‘Texto sem contexto gerará puro pretexto para qualquer heresia”.

Um outro fator preponderante na aplicação da hermenêutica é entender que “ Bíblia responde Bíblia”. A Bíblia será sempre a melhor intérprete dela própria. E esse é um dos motivos primordiais que várias versões e traduções precisam ser recolocadas uma ao lado da outra, analisando cima de tudo sua exegese para que se possa determinar o sentido ou significado de determinado ponto bíblico.

O teólogo precisa ser consciente de entrar neutro em uma lide teológica e partindo do ponto zero, tentar encontrar uma saída e uma possível resposta naquilo que o Espírito Santo deseja esclarecer com fundamentação nas Escrituras, sem ferir ou “esticar” um texto para acomodar o que pensa. É isso exatamente que a hermenêutica faz, ela procura encontrar uma correta interpretação da Bíblia, respeitando a inspiração divina e ao mesmo tempo protegendo a aplicação errada que venha a impossibilitar o entendimento da verdade absoluta contida no texto.

Falando em analisar um texto a luz da hermenêutica bíblica, vamos entender acerca do que Paulo estava se referindo, antes de citar os famosos “espinhos”. Toda essa odisseia analítica começa a partir do versículo 5 ao 10 do capítulo 12 da Segunda Carta que Paulo escreveu aos crentes de Corinto.

Baseado no Comentário do Novo Testamento, escrito por William Hendriksen e Simon Kistemaker, edição 2, produzido pela Editora Cultura Cristã, no ano de 2004, é perceptível que 2 Cor 12.5-10 é uma composição literária interessante pois, sua divisão em parágrafos nessa conjuntura é muito diferente daquilo que temos nos novos testamentos gregos e também nas mais interessantes traduções.

Diferente de muitas traduções que tem uma dinâmica divisão no começo do versículo 7 do capítulo em apreço, o que se sabe é que até chegarmos no versículo 11, não existe introdução de nenhum parágrafo novo em muitas versões da Bíblia. Agora, o que nos chama a atenção é que na juntura dos versículos 6 e 7, dentro da língua grega na qual o NT foi escrito, não existe pontuação alguma. O que deixa desfavorável a possibilidade de se começar o versículo seguinte.

Você pode até mesmo combinar os versículos 5 a 7, ou até mesmo começar um novo segmento de 5 a 10.  A maioria dos teólogos concordam que é mais adequado aderir a esta ultima divisão. Até porque Paulo continua abordando acerca de suas fraquezas e da glória de ser fraco. (vers. 9-10).

A obra literária “The Second Epistle of Sant Paul to the Corinthians”, traduzida por A.W. Heathcote e P.J. Allcock, no ano de 1967, em sua Página 91 defenderá que o que existe de fato neste intervalo de versículos entre o 5 ao 7, é um paralelo onde mostra um mesmo homem tendo a oportunidade de contemplar os deleites celestiais mas também as fraquezas e labutas humanas. E o mesmo ao invés de se gloriar pelas visões e revelações recebidas da parte de Deus, prefere se gloriar das provações sofridas, tão bem catalogadas por ele mesmo (2 Cor 11.23-33).

Agora observemos com atenção o versículo 6:

“6. Porque, embora desejasse gloriar-me, eu não serei um tolo, porque direi a verdade; mas agora disto me abstenho, para que nenhum homem pense de mim acima do que vê em mim, ou que ouve de mim. 

7. E, para que eu não me exaltasse acima da medida, pela abundância das revelações”

O versículo 6 é claramente ligado ao versículo 5 onde o termo “ gloriar-se” é citado duas vezes, e a palavra “fraquezas” uma única vez.

O termo “gloriar-se” chama a atenção pois o apóstolo introduz o versículo 6 apresentando uma penalidade condicionada que se contrapõe instantaneamente. Ele simplesmente não deseja se gloriar isto é chamar a glória para si próprio. Mas observe que anteriormente ele disse que só podia se gloriar se fosse em Deus (10.17; I Cor 1.31).

O que precisamos compreender aqui é que essa sentença esta voltada a todos os inimigos do apóstolo, os famosos “anti- nominianos” que além de persegui-lo e tentarem a todo custo desmanchar o que Paulo ensinava, ainda o provocavam o tempo todo com respeito as suas credenciais. Esse foi indubitavelmente o motivo principal que o impulsionou a deixar bem claro em suas declarações que se tinha alguém que deveria se gloriar da posição que ocupava, este alguém era ele pois tinha sofrido mais do que qualquer outro homem, recebido revelações mais do que todos os demais e fundado igrejas em vários lugares da Ásia Menor, Macedônia e da própria Grécia.  Mesmo tendo como se exaltar em relação aos demais cooperadores (11.21b), ele não o fez. Paulo simplesmente se recusa a ir na onda das provocações e também se nega a ostentar e ficar no mesmo nível negativo de seus opressores, ao contrário, deseja se nivelar a todos os seus leitores, correndo dos holofotes de herói da fé.

A última parte do versículo 6 dá a entender que Paulo agora muda o foco e se retrata aos seus leitores. Exatamente para os curiosos de plantão. Os mesmos que queriam saber em seus questionamentos sobre os céus e sobre a vida eterna e que gostariam de saber do apóstolo a posição dele, reconhecendo, sua paternidade espiritual, sua autoridade apostólica e seus ensinamentos acerca de Jesus Cristo e do Evangelho transformador.

  Paulo automaticamente chama a atenção de seus leitores para que não se deixassem levar pelo que falavam dele e sim para o que ele representava como líder cristão, apostolo e servo do Senhor Jesus. Que o vissem como um humano igual a eles, fraco assim como os demais, imperfeito em suas limitações, mas como um homem que teve que lidar com suas fraquezas e imperfeições. (Rm 7.14-25). A sua “vanglória” não se baseia em outra coisa a não ser em suas fraquezas e a estas ele faz questão de evidenciar em seu discurso (vers. 7,9-10). 

De acordo com os comentaristas William Hendriksen e Simon Kistemaker, duas traduções cartólico-romanas fazem novo arranjo desses versículos.

O primeiro arranjo é o da “New Jerusalem Bible”, que acrescenta a primeira parte do versículo 7, “ por causa da grandeza excepcional das revelações”, ao  versículo 6.

 O outro arranjo vem da “New American Bible”, põe a última sentença do versículo 6, “...mas agora disto me abstenho, para que nenhum homem pense de mim acima do que vê em mim, ou que ouve de mim”, como sendo a primeira parte do versículo 7.

De acordo com a obra “ The Second Epistle of Sant Paul to the Corinthians”, traduzida por A.W. Heathcote e P.J. Allcock, no ano de 1967, em sua Página 91, nós temos aqui entre os versículos 5 ao 7 uma passagem difícil de ser construída e interpretada no ponto de vista gramatical, que até aos tempos hodiernos tem continuado a “incomodar” leitores e tradutores do mundo todo.

Assim nos declara o Comentário do Novo Testamento, escrito por William Hendriksen e Simon Kistemaker, edição 2, produzido pela Editora Cultura Cristã, no ano de 2004, em sua página 506:

“As traduções que adotam o versículo 7a por cláusula introdutória do versículo inteiro favorecem a leitura variante que omite a conjunção “σιό“ (portanto).

Essa omissão é apoiada por P46, D, Ψ, 88, 614, e numerosas traduções. Conservar a conjunção produz uma gramática desajeitada.”

De acordo com o célebre professor Jean Héling, na obra “ The Second Epistle of Sant Paul to the Corinthians”, essa conjunção deve ser cortada, colocando-se ponto final na conclusão da primeira cláusula do versículo 7.

Em contra posição, questionam William Hendriksen e Simon Kistemaker: “Fazemos objeção a isso, pois qual seria o motivo de uma leitura mais difícil ter sido inserida se a variante fosse a leitura correta? A regra que a leitura mais difícil é o texto preferido continua valendo”

Bem, de acordo com os célebres escritores, o que sabemos é que neste versículo 7, alguns tradutores estrategicamente, como em um montar de quebra-cabeça, aplicam o método da inversão e trocam a posição das frases e palavras gregas, começando a sentença com a segunda cláusula, e também deixando assim a passagem bíblica com a exclusão da conjunção “σιό“ (portanto):

“E, para que eu não ficasse exaltado demais, pela abundância das revelações, um ESPINHO na CARNE foi-me dado”

 ( NKJV / GNB)

Baseado na obra literária “II Corinthians: Translated with Introduction, Notes, and Commentary”, escrita pelo professor Victor Paul Furnish, editado pela Anchor Bible, 1984, em sua página 528, para que se haja uma explicação mais sensata, é necessário o versículo 7a fazer parte da expressão antecedente. Assim a primeira cláusula será melhor explicada, ” Evito fazer isso” (vers.6b).

Em outras palavras, caso o versículo 7b venha a iniciar com a conjunção de inferência “σιό“ (portanto), teremos toda a primeira sentença dentro de uma análise sintática mais coerente, ficando expressa da seguinte forma:

For though I would desire to glory, I shall not be a fool; for I will say the truth: but now I forbear, lest any man should think of me above that which he seeth me to be, or that he heareth of me. Even the extraordinary character of the revelations ” Da versão inglesa original para o português temos:

“Mesmo que eu preferisse gloriar-me não seria insensato, porque estaria falando a verdade. Evito fazer isso para que ninguém pense a meu respeito mais do que em mim vê ou de mim ouve. Mesmo o caráter extraordinário das revelações”

Segundo o comentarista e escritor Allo Ernest B., na segunda edição de um clássico da literatura teológica, intitulada “Saint Paul Seconde Épître aux Corinthiens”, em sua página 308, publicada em 1956, pela Editora Gabalda – Paris,  assim como também segundo Grosheide F.W. na obra “ De Tweede Brief van den Apostel Paulus aan de Kerk te Korinthe”, na série “Kommentaar op het Nieuwe Testament”, produzidaem Amsterdã em 1939, o que vemos aqui nos versículos 5,6 e 7, é uma construção de pensamento de alta dificuldade analítica. E que se fizer do versículo 7a a última cláusula da parte b do versículo 6, teremos então um bom entendimento daquilo que  Paulo realmente queria transmitir e poderemos nos aproximar do verdadeiro sentido desse “Espinho” mencionado pelo apóstolo.

III – PARTINDO PARA EXEGESE DO TEXTO EM APREÇO

Vamos agora ver o texto na sua língua original:

 “ 7.. καὶ τῇ ὑπερβολῇ τῶν ἀποκαλύψεων Διὸ ἵνα μὴ ὑπεραίρωμαι ἐδόθη μοι σκόλοψ τῇ σαρκί ἄγγελος Σατανᾶ ἵνα με κολαφίζῃ ἵνα μὴ ὑπεραίρωμαι

 8. ὑπὲρ τούτου τρὶς τὸν Κύριον παρεκάλεσα ἵνα ἀποστῇ ἀπ’ ἐμοῦ


Vamos agora observar diretamente do texto do grego koiné para o português:

καὶ τῇ  = Por causa do 

ὑπερβολῇ = Caráter extraordinário

τῶν = das

ἀποκαλύψεων = Revelações

ἵνα = Para que

 μὴ = não 

ὑπεραίρωμαι = Exaltasse, ensoberbecesse

ἐδόθη = Foi dado

μοι = a mim

σκόλοψ – Um Espinho. ( “skolops” )

τῇ - na 

σαρκί – Carne

ἄγγελος – Um mensageiro

Σατανᾶ - de satanás ἵνα – para/ afim de que

με – me

κολαφίζῃ - esbofetear, Golpear,

ἵνα – para que /a fim de que

μὴ - não

ὑπεραίρωμαι  - me exaltasse/ me evandecesseὑπὲρ – acerca de / 

τούτου - isto

τρὶς – três vezes

τὸν – ao 

Κύριον – Senhor / vezes ao Senhor

παρεκάλεσα–  eu Imploreiἵνα -  para que/ que

ἀποστῇ  - se afastasse / o mantivesse longe

ἀπ’ - de

ἐμοῦ - mim


“7...E, para que eu não me enaltecesse com o carácter extraordinário das revelações, foi me dado um espinho NA carne, um mensageiro de satanás, a fim de me esbofetear, para que eu não me enaltecesse.

8 - A esse respeito, pedi três vezes ao Senhor, que O MANTIVESSE LONGE”


Analisando a problemática

De acordo com o tradutor, missionário e escritor Orlando Boyer em sua fenomenal compilação clássica literária, que desde 1966 era a principal fonte teológica de informação no vernáculo protestante e pentecostal, a “Pequena Enciclopédia Bíblica”, em sua página 204, nos apresentará dentro da flora palestínica, mais de 200 espécies e 50 gêneros de plantas com tipos de espinhos diferentes.

Tendo na Bíblia no mínimo 20 palavras na Bíblia hebraica que apontem para arbustos espinhosos impossibilitando identificar de forma correta as espécies mencionadas na Bíblia com as espécies atuais. Figurativamente entendemos, a luz das Escrituras, que os espinhos que tanto sufocavam à lavoura (Pv 24.31; Is 5.6; 7.19-25; 34.13;Jr 12.13; Mt 7.16) foram sinônimos de tormento as pessoas (Nm 33.55; Js 23.13; Ez 2.6). Inclusive  na vida do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, o Messias prometido 

(Mt 27.29), que inclusive alguns militantes das famosas Cruzadas da Idade Média,  expedições militares, ocorridas entre 1096 a 1270, apoiadas pela Igreja Católica, séculos XI e XIII, que tinham o objetivo de reconquistar Jerusalém e arredores, que se encontravam sob domínio dos turcos seldjúcidas e reunificar o mundo cristão, dividido com a “Cisma do Oriente”, esses soldados acreditavam que a coroa na cabeça de Cristo foi tecida com espinhos da “spinachristi”, comumente encontrada na palestina. Outros acreditavam que essa coroa foi tecida com espinhos da “calycotome Villosa” ou da “rhamnuspunctata”.

Bem, poucas não são as análises e conjecturas voltadas a esse tal  “Espinho” que tanto tirava a paz do Apóstolo e  vazia-o se sentir tão limitado e humilhado. Segundo o ponto de vista do comentarista da Bíblia de Estudo King James Atualizada (KJA), SBB, nas Páginas 2.248 e 2.249, o Apóstolo Paulo “jamais deixou isso claro. Especulações acerca desse assunto, temos  aos  montes.  Para  Lutero,  por  exemplo, “se tratava  das  constantes  perseguições;  especialmente por  parte  dos  judeus,  seus  próprios irmãos, aos quais Paulo dedicava tanto amor”.

Acerca desse “Espinho”, o nobre professor de Teologia, comentarista, escritor da CPAD e pastor Elienai Cabral comenta: 

 “Nos textos hebraicos do Antigo Testamento, “espinhos”, podem significar, também, “inimigos” (Nm. 33.55; Js. 23.13). Por outro lado esse era  o  “espinho  na  carne”  do  próprio  Lutero  em  sua  luta  pela  Reforma.  Paulo  teve  muitos sofrimentos físicos, padeceu de malária (Gl. 4.13), de uma doença que muito lhe prejudicara a visão  (Gl.  4.15)  e  de  fortes  enxaquecas.  Isso,  sem falar,  de  todas  as  lutas  espirituais  e psicológicas  que  um  servo  de  Deus  da  estatura  de  Paulo  certamente  enfrentou. Alguns acham que era uma incapacidade física, tal como gagueira (2 Co. 10.10; 11.6), epilepsia (2 Co.  5.13,  At.  9.4),  ou  visão  fraca  (At.  9.7;  Gl 4.15).  Alguns  acham  que  é  o  sofrimento emocional  resultante  de  ele  não  ter  ganhado  os  judeus  para  o  Messias  de  forma  como desejava. Outros pensam que seria uma tentação recorrente, tal como ganância (Rm. 7.8), e ainda  outros  assumem  que  a  expressão,  ‘um  mensageiro  [em  grego  angelos,  ‘anjo, mensageiro’] do Adversário’, significa enviado por Satanás para golpeá-lo.

Seja como for que isso signifique, foi mandado por Deus, mesmo que fosse um demônio:  o Adversário não tem  nenhum  poder  independente,  Deus  está  no  controle  do universo.  Nós também aprendemos que, às vezes, a resposta de Deus à oração não é necessariamente conceder o pedido, mas mudar a pessoa que fez o pedido para ela não mais desejar o que antes desejava. Paulo  aprendeu  a  fazer  as  pazes  com  o  sofrimento.  Aceitou sua  condição  e  se apropriou  da  glória  e  do  poder  espiritual  que  Deus lhe  oferecia.  Substituiu  sua  fraqueza humana  pelo  poder  de  Cristo,  a  arrogância  natural  pela  humanidade  que  deriva  de  uma  fé inabalável  no  amor  e  na  graça  de  Deus. 

Paulo chegou ao estágio  de  sentir-se  feliz  nas experiências  angustiantes  –  sem  ser  masoquista  –  por  meio  da  certeza  (fé)  de  que  todas  as coisas  contribuíam  –  de  alguma  forma  –  para  seu  bem  e  o  tornavam  ainda  mais  forte  no Senhor (Rm. 8.28; Jo. 15.5;Fp. 4.13). Os ‘superapóstolos’, assim chamados  irônica  e  literalmente  por  Paulo, caluniavam  o  apóstolo  do  Senhor,  alegando  que  ele  usava  as  arrecadações em favor dos cristãos pobres de Jerusalém em seu benefício pessoal, e, por isso,  não  precisava  ser  ‘pesado’  às  igrejas  onde  ministrava.  Na verdade, entretanto,  esses  falsos  cristãos  é  que  fraudavam  tanto  a  teologia  bíblica quanto a prática moral (2 Co. 11.13-15).”

De acordo com o “Comentário Bíblico Expositivo do Antigo e Novo Testamento”, de Warren W. WIERSBE, editora Geográfica, o Apóstolo dos gentios recebeu esse espinho com o principal objetivo de poupá-lo de cair em tentação e pecar. Não se tem uma afirmação concreta do que se trata tal “Espinho”. O termo traduzido por "espinho" é "UMA ESTACA AFIADA USADA PARA TORTURA OU EMPALAÇÃO". Era segundo ele um tipo de aflição física de algum tipo que causava dor e agonia ao apóstolo. Apesar de alguns estudiosos da Bíblia acreditarem que Paulo sofria de um tipo problema de visão, baseado em Gl 6.11, nada pode se declarar ou determinar com clareza.

Para o comentarista americano e professor de NT do Reformed Theological Seminary, o Ph.D. Simon Kistemaker, o termo “Empalação” ou “ Crucificação” não é o termo que Paulo se referiu, pois, na língua original, o grego emprega “skolops” que tem equipolência a “Estaca” ou “espinho”. E todas as vezes que o escritor da maior quantidade de cartas do NT quer se referir a “Cruz”, ele utiliza um termo totalmente diferente deste, no caso utiliza a palavra “Stauros”. O sentido aqui aplicado é de algo que machuca ou fere a pele e carne de Paulo, apontando pra sua tão frágil estrutura física.

Segundo de Warren W. WIERSBE o “Comentário Bíblico Expositivo do Antigo e Novo Testamento” em sua página 548, mesmo adotando como mais coerente a esse espinho está se referindo a um problema de vista (At 9.9; Gl 4.15, 6.11), não se pode afirmar categoricamente. O que se pode deduzir é que esse espinho era um fardo tão grande e pesado para ele que o fazia sofrer muito, a ponto de rogar que fosse tirado dele. Mas o mesmo era consciente que esse espinho era necessário para que ele não exaltasse em relação aos demais devido o grau das revelações recebidas. E esse é o fator preponderante que o leva a reconhecer sua fragilidade humana, concordando com o que seus inimigos da cidade de Corinto o acusavam (2 Cor 10.1,10; 11.6,29).

Indubitavelmente, a natureza exata do espinho de Paulo na carne não o pode ser provada, o que podemos fazer para amenizar nossa curiosidade é utilizarmos de ferramentas tais como a hermenêutica e Exegese bíblica bem como a própria História para termos pelo menos “uma luz no fim do túnel” daquilo que poderia se aproximar em sentido mais lógico a esse tal espinho perturbador e “mensageiro” de satanás.

A palavra grega traduzida por espinho é σκόλοψ (skólops) que tem o significado de “espinho” ou “estaca”. Baseado na obra de Danker Gingrish, publicada em 2012, na sua página p.190, esta palavra grega aparece no Novo Testamento apenas aqui. De acordo com os escritos do professor Vicent, em sua obra “Word studies in the New Testament”, nos papiros e inscrições antigas ela significa “lascas” ou “espinho”.  Baseado na análise do comentarista Robertson, na obra “Word pictures in the New Testament”, na Septuaginta ocorre em três passagens bíblicas (Os 2.6; Ez 28.24; Nm 33.55). O próprio Doutor e professor Vicente a pouco citado nos informa na mesma obra acima supracitada que há duas palavras em grego que significam “carne”: σάρξ (sarx) e σῶμα (soma). Comumente, no Novo Testamento, normalmente nas epístolas paulinas, a palavra “sarx” é usada para denotar o elemento pecador da natureza humana em oposição ao Espírito (Mt 16.17; Rm 6.19).

Está “na carne” denota uma pessoa não renovada (Rm 7.5. 8.8-9). Do mesmo modo, viver “de acordo com a carne” é viver a agir de forma pecaminosa (  Rm 8.4, 5, 7, 12). Baseado na obra “Easton’s Bible Dictionary”, A palavra soma é uma referência geral ao corpo humano como sendo criatura.  Na realidade, a Bíblia em seu idioma original vai apresentar a expressão “skolops te sarki” para em português traduzir por “espinho NA carne” e não a expressão “espinho DA carne”.  Observe que o espinho na carne não pertence a carne, mas foi adicionado a carne! Diferente da segunda expressão que trás ideia de INCLUSÃO ou PERTINÊNCIA.  Isso por aqui já automaticamente descarta a mínima possibilidade herética desse espinho ser um tipo de “Homoafetividade” ou Epilepsia em Paulo visto que o original deixa claro que não nasceu, mas foi colocado na carne de Paulo.

Baseado no ponto de vista do comentarista da Bíblia de Estudo King James Atualizada (KJA), SBB, nas Páginas 2.248 e 2.249, o Apóstolo Paulo utiliza em seu texto original nada mais que um recurso linguístico “para descrever com excelência a sua inesquecível experiência pessoal de arrebatamento (extática ou êxtase), preservando, quanto possível, a humildade e a confidência diante do privilégio de vivenciar tal fenômeno, no qual viu e ouviu manifestações inefáveis do Senhor.

A maneira de Paulo se colocar (um homem em Cristo) indica que ele não se considerava  merecedor  de  tamanha  graça,  nem  ao menos  compreendia  se  tal  evento  se  deu  como  uma  visão  magnífica  e extasiante  ou  se  seu  corpo  físico  foi  trasladado  para  um  plano  celestial, contudo  recebeu  o  fato  de  boa  vontade  como  prova  do  seu  chamado apostólico.  Paulo não induziu  ou  conquistou  sua  experiência  pessoal  com Cristo,  por  isso  não  se  sentia  no  direito  de  dar  ocasião  a  qualquer  “auto-glorificação”  (vv.  5,  6).  Esse evento  extraordinário  aconteceu  há  catorze anos  passados,  o  que  indica  que  Paulo  estava  em  Tarso,  logo  antes  de  sua primeira viagem missionária” (At. 9.30; 11.25)

 Em relação ao texto em apreço o professor e Pastor Elienai Cabral, comentando vai dizer: “Paulo é uma pessoa reservada, quanto essas questões, e sabe que essas  experiências  foram  para  lhe  dar  confiança  no trabalho  espinhoso  do  Senhor  (embora, gratificante), e que somente suas obras são suficientes para que a igreja enxergue no obreiro seu valor e seu chamado.

Comentado este trecho bíblico Kruse afirmou: Conquanto o  breve  relato  tenha  terminado,  Paulo  continua  a  falar  do assunto  na  terceira  pessoa. Ele  está  preparado  para  gloriar-se  a  favor  do Paulo,  que,  há  quatorze  anos  passados,  tivera  o  privilégio  de  receber  tal experiência da parte de Deus,  mas a seu próprio favor diz ele: não, porém, de  mim  mesmo,  salvo  nas  minhas  fraquezas [eu  me  gloriarei]. 

Tendo sido forçado  a  praticar  o  exercício  fútil  de  vangloriar-se  de  experiências espirituais, Paulo volta-se para um terreno firme e seguro para ostentar-se – suas  fraquezas  pessoais,  ideia  que  ele  desenvolverá  nos  versículos  7-10. Entretanto, antes de começar, Paulo faz questão de afirmar: pois se eu vier a  gloriar-me  não  serei  néscio,  porque  direi  a  verdade.  Parece que  o  que Paulo  quer  dizer  é  que  se  ele  quisesse  vangloriar-se  para  seu  próprio proveito  pessoal,  sobre  aquela  experiência,  em  certo  sentido  não  estaria agindo  como  um  tolo,  visto  que  tudo  quanto  afirmasse  seria  verdade. Mas abstenho-me para que ninguém se preocupe comigo mais do  que  em  mim vê ou de mim ouve.

A razão de Paulo para minimizar  suas experiências do passado,  propositalmente,  é  que  ele  deseja  que  a  avaliação  que  as  pessoas farão  dele  baseie-se  no  que  veem  nele,  ou  ouvem  dele,  agora.  Ambos os verbos vê e ouve estão no tempo presente, enfatizando que Paulo deseja ser julgado na base de seu desempenho atual. Esta ênfase no presente há algum apoio à sugestão segundo  a  qual  Paulo  usou  a  terceira  pessoa  do  singular, no  relato  capaz  de  distinguir  aquele  Paulo  de  experiências  passadas  e  o Paulo que as pessoas veem e ouvem no presente.

O apóstolo quer que toda e qualquer avaliação de sua pessoa se faça à luz de suas fraquezas. Jesus conhecia Paulo e “para impedir que eu me tornasse arrogante  por  causa  da grandeza  dessas  revelações,  foi-me  dado  um  espinho na  carne,  um  mensageiro  de  Satanás para  me  atormentar.  Por  três  vezes,  roguei  ao  Senhor  que  o  removesse  de  mim. 

Entretanto, ele me declarou: ‘A minha graça te é suficiente, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza’. Sendo assim, de boa vontade me gloriarei nas minhas  fraquezas,  a  fim  de  que  o  poder  de Cristo repouse sobre mim. Por esse motivo, por amor de Cristo, posso se feliz nas fraquezas, nas ofensas, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias.  Porquanto, quando estou enfraquecido é que sou forte!”. Em vez de capitalizar seu arrebatamento, como seus adversários obviamente fizeram, a respeito de suas eventuais experiências  espirituais,  Paulo  de  imediato  explica  como  escapou da  tentação  de  envaidecer-se  demais.  Foi  lhe  dado  um  espinho  na  carne.  Paulo  define  esse espinho  na  carne  como ‘mensageiro  de  Satanás,  para  me  esbofetear,  a  fim  de  que  não  me exalte.’ “

Baseado Colin G. Kruse, na obra “The Second Epistle of Paul to the Corinthians” – An Introducion and Comentary. Tradução de Oswaldo Ramos.  Revisão  Liege  Marucci,  João  Guimarães,  Theófilo  Vieira.  Coordenação  editorial  e  de produção:  Vera  Villar.  SOCIEDADE RELIGIOSA EDIÇÕES, “Na história de Jó, Satanás recebe permissão para perturbar o grande herói da fé e da paciência, mas apenas dentro dos limites estabelecidos por Deus (Jó 1 – 2). Em 1 Tes. 2.17-18, Paulo diz a seus leitores quanta vontade ele sentia de revisitá-los, depois  de  ter  sido  forçado  a  deixar Tessalônica,  mas  não  pôde  fazê-lo  porque  Satanás  o impediu.

No presente contexto, Satanás recebe permissão para perturbar o apóstolo por meio de  um  espinho  na  carne.  É  importante  que  reconheçamos  que  tanto  o  Antigo  Testamento como  no  Novo  Satanás  não  tem  nenhum  poder  senão  o  que  Deus  lhe  permite  usar.  Nos evangelhos,  Jesus  exerce  poder  completo,  total,  contra  todas  as  forças  das  trevas.  Satanás não tem poder sobre Cristo e os demônios devem obedecer à Sua vontade santa. No caso de Paulo,  vemos  que  Satanás  tem  permissão  de  perturbar-lhe  os  planos  e  afligi-lo  com  um espinho  na  carne.  Entretanto,  é  preciso  que  se  diga  que  em  ambos  os  casos  as  ações  de Satanás , conquanto perversas em si mesmas, acabam servindo aos propósitos de Deus”.

IV – DESTRONANDO TESES E SUPOSIÇÕES

Já diz o código de Trânsito americano: “If in doubt, do not overtake” ou seja: “em caso de dúvida, não ultrapasse”. Esse simples princípio basilar, presente nos enunciados da Direção defensiva nos trânsitos de todo o mundo deveria também ser levado em conta nos princípios analíticos da Apologética, adotado pela Hermenêutica Bíblica e defendido pela ortodoxia teológica. Em relação a essa verdade incontestável, a escritora Fernanda Palet Shamah vai dizer: "Na dúvida não ultrapasse, pois se ultrapassar sem um ângulo de visão esteja pronto para o que vier, assuma às consequências. Deus mostra os sinais, os sábios recuam, os tolos persuadem."

Todas as vezes que temos aquilo que chamamos de “ponto cego” na Bíblia, ou seja, temas que não temos clareza nem nitidez para afirmar alguma “tese” teológica, precisamos agir com cautela para não fazer nascer mais uma heterodoxia.

Qualquer teólogo é livre para pensar mas nunca deverá deixar de lado os cabrestos da ortodoxia bíblica, os óculos da exegese e as lentes da hermenêutica bíblica

Um amante do conhecimento é bom, porém pode se tornar ainda melhor na proporção em que a ousadia de suas buscas e explorações não o induz à beira da Heresia. Para evitar tal risco, devemos recorrer as principais ferramentas teológicas, ou seja, Exegese e Hermenêutica Bíblica. Nesse caso irá prevalecer aquilo que o grande reformador Martin Luther tão sabiamente defendeu: “O que as escrituras não afirmam com clareza, não devemos afirmar com certeza. Seguindo este conselho, o que segue são apenas conjecturas e opinião mais ou menos embasadas.”

É certamente prejudicial para as mentes “Bereanas”, tornar uma heresia digna de ser acreditada e aceita como uma verdade absoluta. Portanto vamos analisar as devidas possibilidades e suposições acerca desse tal espinho e tentar mostrar alguns pontos falhos de cada uma delas.

Talvez esse espinho não tenha sido um tipo de “transtorno depressivo maior” ou “depressão”.

Sabemos que oposições, Paulo já estava acostumado a enfrentar. A Bíblia não trás nenhuma abertura para dizermos que estas o deixaram em depressão aguda. O que entendemos ao ler certas passagens de seus escritos é totalmente ao contrário, pois o apóstolo, de forma amadurecida, mostra-nos segurança, deixando a entender que as oposições sempre farão parte de nossas constantes lutas. E por isso devemos encará-las como consequências do dia a dia deste labor terreno (4.8; 6.10).

É bem verdade que Paulo teve que se separar de amigos queridos por causa do ministério e como todo ser humano sentiu a dor da separação (Atos 20:22-23). Também sabemos que durante todo o enredo argumentativo do Primeiro capítulo do texto em análise, o apóstolo dos gentios mostra que devido às diversas decepções que teve quando desenvolvia seu brilhante ministério na Ásia Menor (1.8) foi vítima de um profundo desânimo. Ora provocado por Demétrio, o ourives (At 19. 22-41) ora por outras pessoas adversárias ao seu apostolado. Mas não significa dizer que isso é ponto argumentativo para ser relacionado ao espinho em sua carne. 

Talvez esse espinho não tenha sido um “problema oftalmológico”.

Segundo o estudioso e pastor brasileiro Hernandes Dias Lopes, baseando-se em Gálatas 4.14,15, Paulo por evidenciar que primeiramente havia pregado na Galácia por causa de uma enfermidade física, e segundo defende o nobre presbiteriano, sendo a região pantanosa de Perge da Panfília, um local com alta incidência de malária, possivelmente foi lá que Paulo obteve essa doença que muito aflingiu com dores insuportáveis de cabeça que veio a afetar severamente seus olhos e sua visão. E para justificar sua linha de raciocínio, o mesmo alinha fatos e indícios que toma como “pista” tais como: 1) Os crentes da Galácia dispostos a dar seus olhos para Paulo (Gl 4.15); 2). O próprio Paulo concluindo a carta aos Gálatas dizendo: “Vede com que grandes letras vos escrevo”; 3) Paulo usando constantemente “secretários” para ditar suas cartas, algumas vezes tomando a pena apenas para fazer a conclusão; 4) Paulo chamando o sumo sacerdote de parede branqueada (At 23.3-5).

É bem verdade que quando estudamos a carta paulina, direcionada aos crentes da Galácia, em especial o capítulo 4, iremos facilmente perceber que as letras que Paulo escreveu eram de tamanho grande, também não temos dúvidas que ele pode ter utilizado escribas para produzir outras obras literárias presentes na Bíblia (Rm 16.22) e também temos conhecimento de sua dificuldade para poder encontrar o sumo sacerdote Ananias no meio dos demais presentes na suprema corte judia legislativa e judicial de Jerusalém (At 23.50). Isso são fatos que realmente comprovam suas debilidades visuais.

Apesar de Paulo reclamar muito de problemas de vista, que lhe causavam muita aflição e vermos também o grande apreço e amor por parte dos gálatas a ponto deles, literal ou figurado, se compadecerem e prontificarem a se necessário fosse “arrancarem” seus próprios olhos e “darem” a Paulo, amenizando assim esse problema que tanto fazia seu líder sofrer. (Gl 4.14,15), esses fatores também não servem suficientemente para afirmarmos que o espinho era de fato um problema oftalmológico até porque tá mais pra uma figura de linguagem tipo uma Auxese, pelo fato de termos uma expressão gramatical exagerada propositalmente tentando passar uma ideia de forma dramática, aumentando exponencialmente o fato original. De acordo com Finis Jennings Dake, o espinho não poderia se referir a doenças visuais ou a qualquer outro tipo de enfermidade pelo fato do termo “Aggelos” traduzido como “anjo” aparecer cerca de 179 vezes e “mensageiro” 07 vezes e nunca ser traduzido por enfermidade física e também pelo fato de não significar isso.

Talvez esse espinho não tenha sido um “problema epilético”.

Ora, apesar de Paulo ser da tribo de tribo de Benjamim e zeloso membro do partido dos fariseus ( Rm 11.1; Fp 3.5; At 23.6), desde o seu nascimento até o seu surgimento em Jerusalém como perseguidor dos cristãos, no desenrolar de sua história, descobrimos que este apóstolo era cidadão romano nascido em Tarso  At 16.37; 21.39; 22.25); cidade conhecida como o centro de cultura e de filosofias gregas.

Paulo, ainda jovem teve a oportunidade de ser educado aos pés do rabino Gamaliel (Filho de Simão e neto de Hilel, doutor da lei e membro do sinédrio,  representava a facção liberal dos fariseus, era tão respeitado pelos intelectuais de, sua época que era chamado de “Rabã” que em português significa “Nosso Mestre” ( At 7.58; GI 1. 13, 1 Co 15.9).  Paulo, a caminho de Damasco com o objetivo de prender os cristãos, foi abordado pelo Senhor Jesus (At 26.14 ) e este glorificado.

Como resultado desse encontro que o médico Lucas o interpreta como ato miraculoso, transformou um inimigo figadal de Cristo em um apóstolo Seu. Daí pra frente, Paulo passou a ser usado de forma poderosa nas mãos do mestre como um verdadeiro portador das boas novas. Após seu fantástico encontro com Jesus, a caminho de Damasco, Deixou de ser conhecido como Saulo, “o perseguidor” dos cristãos, para se tornar em Paulo, “o perseguido” por amor ao Evangelho de Cristo. Quando lemos várias passagens bíblicas descobrimos o quanto Paulo sofreu por amor a sua fé em Jesus Cristo e seu amor ao Evangelho.

Em passagens como 2 Coríntios 11. 32-33 vemos o apóstolo dos gentios padecendo transtornos e sendo humilhado a ponto de ser içado por uma janela de uma muralha como se fosse um marginal e fugitivo da Lei, com o intuito de fugir dos sanguinários governantes que queriam a todo custo sua cabeça. Ao lermos textos como de Atos 16.23-24, vemos Paulo perseguido, lançado na cadeia, tendo seus pés amarrados em um tronco romano que lhe gerou câimbras e muitas dores. Sem falar que o apostolo apanhou muito por ter expulsado entidades malignas de uma jovem pitonisa que dava muito lucro pros comerciantes que indignados o maltrataram na cidade cosmopolita de Filipos de Cesaréia.

Quando lemos Atos 21.27-31, vemos agora os judeus, revoltados com o apóstolo por ter, segundo eles, “profanado o templo” ao levar um grego, chamado Trófimo, até lá.  Revoltados incentivaram as pessoas lá presentes em Jerusalém a se revoltarem contra Paulo, arrastarem ele para fora do templo, onde o espancaram muito. Levando muitas pancadas em todo o corpo. Apanhou tanto que quase foi morto pelos algozes.

Ao lermos Atos 27:13-20 nos deparamos agora com este homem de Deus, que devido a uma tempestade, o navio sofreu um grave naufrágio em Mileto, após ter sido injustamente preso e mandado à Roma onde teria uma audiência sobre sua prisão injusta. Quando nos deparamos com Atos 28:3 vemos que, após se recuperar desde terrível naufrágio, agora na ilha de Malta, uma serpente venenosa, que estava escondida entre os gravetos que ele pegava para fazer uma fogueira o picou. Felizmente por um milagre não morreu.

Umaoutra feita histórica em seu sofrido ministério está na passagem de Atos 14.19, na cidade de Listra, onde foi arrastado por uma multidão para fora da cidade e quase morto à pedradas por muitos que ali estavam. Recebeu pedradas e pancadas tão fortes na cabeça que chegou a desmaiar e dado por morto.

Paulo, por amor ao evangelho, realmente padeceu muitos e muitos sofrimentos. Isso é fato inquestionável. Porém, mesmo sabendo que quando nos referimos a Epilepsia, somos conscientes que ela éfruto de pequenas ou grandes lesões cerebrais, trauma craniano e até mesmo acidente vascular cerebral provocados por pancadas fortes na cabeça, onde os neurônios disparam um monte de descargas elétricas que resultam em perda de consciência súbita, contrações musculares, lapsos de atenção e movimentos involuntários.

Mesmo sabendo que Paulo levou muitas pancadas, nada disso são evidências suficientes necessárias para afirmar que trata - se do espinho na carne apresentado por ele. Até porque, independentemente da experiência que ele teve em sua conversão, onde os defensores alegam um surto decorrente de um ataque epilético, que o fez cair do cavalo. Segundo o professor, teólogo e escritor e comentarista da CPAD, Donald Carrel Stamps,  Paulo no texto em apreço, quando trata de espinho, vai passar a ideia de “dores”. 

Como todos somos cientes, um ataque epilético não causa dores mas sim períodos de inconsciência. Diferente da experiência paulina ocorrida nas portas de Damasco. E vale ressaltar também que uma pessoa inconsciente, dor tem fator desprezível.  Não vemos fundamentação científica em afirmar que a Epilepsia era essa dor como consequência de um murro no rosto. Isso é muito antagônico. Ferindo assim não só o principio aristotélico da contradita como também a própria Hermenêutica Bíblica (2 Cor 12. 7b). Vale alegar que em nenhum lugar no livro histórico das igrejas e nem tampouco nas cartas paulinas existem provas cabais que levem ao entendimento de Paulo ser epilético. Alegar que a aflição que Paulo sofreu na Galácia foi um ataque epilético, é forçar o texto e praticar heresia ao tentar inserir algo que foge dos registros originais. O que temos indubitavelmente é uma ação figura e não literal (Gl 4.14). 

Talvez esse espinho não tenha sido um “ser espiritual ou ser demoníaco”.

“ 7.. καὶ τῇ ὑπερβολῇ τῶν ἀποκαλύψεων Διὸ ἵνα μὴ ὑπεραίρωμαι ἐδόθη μοι σκόλοψ τῇ σαρκί ἄγγελος...”

““7...E, para que eu não me enaltecesse com o carácter extraordinário das revelações, foi me dado um espinho na carne, um mensageiro...”

Baseado no ponto de vista e alguns teólogos tais como M. Price Robert, em sua obra produzida em 1980, intitulada “Punished in Paradise (An Exegetical Theory on II Corinthians 12.1-10)” , impressa pela JSNT 7, na páginas 33 a 40, Paulo mesmo estando nas regiões celestiais, foi dominado por seu orgulho. Em decorrência, do nada, lhe apareceu um demônio que começou a puni-lo para ensinar o apóstolo a ser mais humilde. Foi aí então que Paulo começou a orar em uma sequência de três vezes `Deus rogando para que o Senhor neutralizasse a ação maligna, porém para sua decepção foi-lhe dito que ele precisava passar por essa “opressão” para que ele pudesse aprender a sempre ser humilde, dependente e satisfeito com a graça de Deus.

Elementar que há objeções exegéticas sobre esse argumento e se fôssemos catalogar todos os empasses, de antemão citaríamos o desconforto real desse espinho na carne de Paulo. Fazendo minhas as colocações do Dr. Simon Kistemaker em seu livro 2 Coríntios, comentário do NT, página 510, foi dado ao Apóstolo, não é uma provação temporária no céu, mas uma dor persistente na terra.

Verifique, querido leitor, se existe alguma evidência que prove Paulo padecendo alguma penalidade no céu. Até porque lá não é lugar pra demônio vencer um servo de Deus como o Paulo. Já parou pra observar que esse tão comentado espinho na carne foi dado a Paulo por Deus e não por mensageiro de Satanás? É bem verdade que esse espinho o esbofeteava por permissão do Senhor.  Os defensores da ideia de que o espinho era um demônio, se apoiam no termo “ἄγγελος” (Aggelos) justificando que esse termo sempre aponta nas escrituras para anjos como mensageiros. Só que isto é um grande equívoco. Precisamos também levar em consideração que esse espinho não se refere apenas a seres angelicais. Escritores como Orlando Boyer, Claudionor de Andrade, Stanley M. Horton, Finis Jennings Dake, G. A. Hadiantonlou, 

Dr. Cyrus Ingerson Scofield, assim como mais de 100 especialistas no NT afirmam que apesar do termo “ἄγγελος” (Aggelos) significar “ mensageiro”, e aparecer em muitas referências como seres angelicais, nem sempre  se refere apenas a seres angelicais como também, no seu contexto bíblico, este mesmo termo em sua língua original bíblica pode se referir a classe de servos, humanos a serviço do Senhor que desempenha várias funções, entre elas, responsáveis também por comunicar a mensagem de Deus para as igrejas locais. Eles são enviados e comissionados por Cristo para zelar pelo desenvolvimento espiritual do povo de Deus. Na função de verdadeiros anjos mensageiros do Senhor na terra (Mt 11.10; Mc 1.2; ; Lc 7.24, 27; 9.52; 2Co 12.7; Ap 2.1, 8, 12, 18; 3.1, 7 , 14) .  

O termo “anjo” se referindo aos pastores das sete igrejas da Ásia parece estar de acordo com o princípio bíblico da responsabilidade e a gloriosa missão que o Senhor confiou aos ministros do Evangelho para que pudessem ser “portas – vozes” e representantes legais de Deus para a igreja da mesma forma que os profetas e os sacerdotes foram no Velho Testamento. Porém, agora, na nova aliança tendo como sumo sacerdote Jesus Cristo de Nazaré e acesso livre ao Santo dos santos por intermédio do sacrifício do Cordeiro de Deus, no qual verteu seu sangue precioso na Cruz do calvário para resgatar toda tribo, línguas e nações.

Esses anjos do Senhor tem a sublime função de zelar pelas almas dos fieis como quem há de prestar contas delas (Efésios 3:12; 1 Pedro 1:18-20; Mateus 18:15-17; Lucas 22:20 ;Romanos 3:24-25;Romanos 5:1-2;1 Coríntios 1:30-31 ;1 Coríntios 5:11-13; 1 Timóteo 3:1;1 Timóteo 5:17;2 Timóteo 2:2; Tito 1:9; Hebreus 8:6-7 ;Hebreus 9:12; Hebreus 9:19-20; Hebreus 10:19-21; Hebreus 13:17; 1 Pedro 5:3,4).

Talvez esse espinho tenham sido os “Antinominianos”, “Neoplatonistas ocidentais” ou outros inimigos.   

Sabemos que não só dentro da cidade de Corinto como também infiltrados na igreja, existiam pessoas inimigas do apóstolo Paulo. Dentro da própria membresia eclesiástica existiam adversários do ministério paulino que decidiram, inspirados por satanás, alfinetarem não só a doutrina que Paulo ensinava com tanta cautela e amor como também repudiavam publicamente o ministério apostólico paulino. Quando o apóstolo tomou conhecimento, resolveu inicialmente dar as devidas respostas em Corinto, através de epístolas e a posteriori, olho no olho, e também de forma pública em reuniões fechadas.

Na realidade precisamos compreender que naquele período apostólico da igreja, poucas não foram as investidas de satanás formando grupos e até mesmo partidos filosóficos inspirados a difundir heresias teológicas acerca não só de Deus como também da Doutrina lecionada pelo apóstolo Paulo. Entre as diversas que existiram, sete foram as mais destacáveis:

Platonismo - Onde defendia que o mundo real se limitava ao mundo das ideias e o mundo material apenas às sombras. Em outras palavras, se o mundo real é o reino das ideias, então a busca será fuga do irreal para o real, ou seja, conhecimento é salvação e pecado é ignorância)

Gnosticismo - Era na íntegra um movimento esotérico onde acredita na salvação pelo conhecimento, prometia um conhecimento secreto do reino divino, principal crença de que se o corpo existe apenas temporariamente então seus atos não tinham importância. Em outras palavras, a total satisfação dos desejos naturais não teria efeitos sobre a salvação final do espírito, pois este sobreviveria sozinho)

Neoplatonismo - Fundada por Amônio Sacas, Sec III, com princípios baseados nas ideias dualisticas de Platão. Idéias particulares - idéias universais e dualismo persa de luz e trevas. Estes pregavam que a obtenção da vida espiritual não seria atingida pelo esforço intelectual mas sim por uma absorção do infinito. Uma vez que pelo raciocínio humano não se pode compreender Deus, segundo eles, só pelo sentimento se pode estabelecer comunicação com o Criador. O neoplatonismo caracterizava-se também, pelas teses da absoluta transcedência do Ser divino, da emanação e do retorno do mundo a Deus pela interiorização progressiva do homem.

Epurismo - Vem do filosofo Epicuro, Filosofia cuja doutrina é a de que o prazer constitui o bem supremo e a meta mais importante da vida. Segundo essa corrente, os prazeres intelectuais são preferíveis aos sensuais. A verdadeira felicidade consiste na serenidade que resulta do domínio do medo, quer dizer, dos deuses, da morte e da vida futura. O fim é a eliminação destes temores. Sua ética baseia-se na justiça, honestidade e prudência Apesar de seu materialismo, Epicuro cria na liberdade da vontade.

Estoicismo – Esses acreditam que a natureza é aquilo que deve ser. o Universo é governado por uma razão absoluta. Não aceita um Deus pessoal. Não existia livre arbítrio e nem existência real do mal.

Não existe comunicação ou relação pessoal com Deus. Ele existe mas não tem interesse pessoal nos problemas dos homens, pois Ele não é pessoal.)

Cinismo - Ao lado do platonismo, é escola socrática. são individualistas, indecentes na linguagem e conduta e devem ser assim por serem diferentes.

Cepticismo - Acreditavam ser impossível alcançar o conhecimento da realidade como ela é de fato e duvidar de tudo, para seus seguidores, é essencial. Se o conhecimento se apoia em experiências, então nunca haverá norma final. São verdadeiros defensores das verdades relativas. Logo a Bíblia é uma das verdades assim como Cristo mas não a absoluta. Para eles, o homem é a medida de todas as coisas e nada existe, e se algo existe, não pode ser conhecido.

Amados leitores, o próprio contexto histórico que gira em torno do livro direcionado aos crentes de Corinto serve de plataforma para trazer a luz da grande oposição e perseguição ferrenha que Paulo sofria. Eram lutas constantes. Seus algozes formavam uma horda satânica, mensageiros diabólicos que se esforçavam a todo custo para agonizar a mente e a alma do apóstolo. Apesar de como servo de Cristo, trazer aos Gálatas as marcas de Cristo (6.17), muitas delas provocadas por instrumentos romanos de tortura como o próprio azorrague, usado pelos soldados, para supliciar os condenados, composto por oito tiras de couro que, em cada ponta, possuía um instrumento perfurocortante, ou um pedaço de osso de carneiro e chumbo, e suportado com “alegria” as marcas dos açoites, apedrejamento assim também como as próprias enfermidades que carregava sobre si, Paulo sofria muito mais com os incômodos causados pelos adeptos do antinominianismo e Neoplatonismo ocidental.

Obviamente não queremos polemizar mas nosso ponto de vista endossa não só a visão de alguns pensadores patrológicos, como também ratifica os pensamentos patrísticos de Agostinho de Hipona e análise exegética de João Crisóstomo, onde defendem se tratar de um dos pseudônimos dados não só a Alexandre, o latroeiro" (2 Tm 4.14) como também a todos aqueles que integravam o grupo dos defensores da visão Neo Platonista ocidental tão difundido pelos inergúmenos antinominianos, que defendiam e difundiam hereticamente a ideia de que Deus não se preocupava em prender seu povo às normas ou leis morais e que O Velho Testamento não tinha nada de interessante para ser observado ou obedecido, uma vez que não trazia nada de interessante para a salvação do ser humano.

Propagavam para seus adeptos a ideia de que o VT não tinha peso nenhum uma vez que,  soteriologicamente falando, não tinha valor visto que no exato momento que Jesus cumpre o Sacrifício Vicário cumpre toda a Lei do Antigo Testamento (Rm 10:4, Gl 3:23-25, Ef  2:15). De forma discreta, eles empurram a ideia de que o cristão não precisa seguir os parâmetros do VT como fator determinante de conduta. Omitindo as verdades vetero – testamentárias, que Paulo tanto defendia. O próprio apóstolo dos gentios bateu de frente contra esses hereges que o tinham como inimigo ferrenho (Romanos 6:1-2).

Agora analise comigo, querido leitor. Até o contexto histórico e o propósito do livro tem direcionamento. Entendamos que historicamente falando, a igreja estabelecida em Corinto surgiu aproximadamente em 52 depois de Cristo, já o livro, foi escrito entre 55 a 57 dc.  E não foi escrito à toa, mas sim com alguns objetivos específicos. Entre eles, o escritor Paulo de Tarso queria abordar acercar de alguns problemas seríssimos que comprometiam a espiritualidade e a vida cristã do povo, ou seja, atitudes pecaminosas que os coríntios relevavam.  Mas também quando o Espírito Santo encorajou e inspirou Paulo a escrever esse livro, Deus queria doutrinar o povo para que este pudesse andar no caminho da retidão.

Então, o apóstolo vai direcionar essa Epístola a três propósitos: Encorajar a igreja que o tinha como Pai ministerial, Refutar os falsos apóstolos, adeptos do neoplatonismo ocidental e defensores do antinomianismo, que trabalhavam a todo custo para não só distorcer a doutrina ensinada por ele como também desmoralizar  e enfraquecer o seu ministério e o seu apostolado, e também tinha o objetivo de corrigir e exortar alguns poucos que se deixaram influenciar por seus adversários e que não queriam se submeter à sua autoridade apostólica. Precisamos lembrar que esta carta é a mais biográfica e a menos doutrinária das epístolas de Paulo. Ela nos revela mais sobre Paulo como pessoa e como ministro do que qualquer outra.

Foi aí que Paulo, reafirmou sua chamada, evidenciou sua autoridade e abriu seus olhos para possíveis rebeliões.  O interesse da carta ser escrita era tratar exatamente de assuntos voltados para pessoas que lutavam pela divisão dentro da casa do Senhor, evidenciada com a entrada de falsos apóstolos que estavam indo de encontro com o caráter de Paulo, provocando discussões entre os crentes e ensinando heresias. (2 Cor 11.13; 2 Coríntios 1:15-17) lamentavelmente muitos não estavam preocupados com nada que viesse do apóstolo dos gentios (2 Coríntios 12:20-21). Quem entende um pouco de história bíblica sabe que estes eram verdadeiros espinhos no ministério paulino e no cristianismo, adversários da Palavra de Deus, que trabalhando para satanás, passavam por onde Paulo evangelizara desfazendo a sã doutrina paulina e ensinamento dos apóstolos.

Esses mensageiros de satanás esbofeteavam o Cristianismo desde a sua origem.

Querido leitor, atente para o fato do próprio mestre Jesus ter os combatido (Mt 7.15-27; Jo 14.15; 15.10,14), seguido dos apóstolos (Pedro 2Pe 2; Tiago Tg 2.14-26 ) e João, em sua Primeira Epístola que a escreve com o intuito de refutar a influência nociva e a prática do antinomianismo (1Jo 5.13). Agora é a vez do próprio apóstolo dos gentios também se preocupar em refutar o antinominianismo (Rm 3.31; Rm 6; Cl 3).

Na realidade, o que Paulo percebe é que sua argumentação a respeito da graça poderia gerar um mal-entendido. Por isso, tratou logo de esclarecer o seu pensamento a respeito do assunto. Usando o método de ‘diatribe‘, ele dialoga com um interlocutor imaginário, procurando explicar de forma clara o seu argumento. Paulo já havia dito que onde o pecado abundou, superabundou a graça (Rm 5.20). Tal argumento seria uma afirmação ao estilo dos antinomistas, isto é, pessoas que iam contra o que Paulo estava ensinando, pois estes acreditavam que podemos viver sem regras ou princípios morais.  Eram verdadeiros “Espinhos” que constantemente perfuravam e causavam dores terríveis não só à ortodoxia e à ortoplaxia como também ao  apóstolo dos gentios.

Ora, enquanto a ortodoxia paulina – “orthos” (reto) e “dóxa” (opinião) defendia a doutrina verdadeira e cristocêntrica focando em uma vida de prática e fé de acordo aos critérios do cristianismo e doutrina apostólica à luz da ortopraxia -“órthos” (reto) e “praxe” (pratica), os adeptos antinominianos tentavam a todo custo esmagar com a reputação de Paulo e tentando levar às mentes dos seguidores uma imagem distorcida da doutrina que o apóstolo tanto ensinava, focavam a todo custo colocar em xeque o apostolado de Paulo diante dos crentes de Corinto.

Os antinominianos ou neoplatônicos não reconheciam o conceito do mal, e acreditavam apenas em graus de imperfeição, na carência da prática do bem. Em outras palavras eles contrariavam a Doutrina dos Apóstolos e aos ensinamentos cristãos. O que eles acreditavam na íntegra e covardemente propagavam, era que muitas verdades ensinadas por Paulo eram inverdades. Assim por exemplo, contrariamente aos ensinamentos que a teologia paulina ensinava, não era necessário transpor as fronteiras das concupciencias carnais, do pecado e da morte, caminhar para estágios de uma vida de santidade e espiritualidade, a fim de se conquistar a salvação e o arrebatamento. Para os neoplatônicos estas virtudes podiam ser obtidas através do exercício constante da meditação filosófica. Outra coisa gritante,

Percebemos com isso que essa problemática que Paulo enfrentou não estava limitada ao ocidente antigo mais também é presente nos tempos hodiernos. No artigo teológico intitulado “O perigo da Teologia sem a Ortoplaxia” produzido pelo Professor e escritor Samuel Torralbo e editado pela revista virtual púlpito cristão, em 2012, assim nos dogmatiza o nobre escritor:

“o maior desafio da teologia cristã nunca esteve atrelado aos enfrentamentos apologéticos com relação às doutrinas heterodoxas, mas sim em aplicar na vida prática do discípulo de Cristo os ensinamentos bíblicos. Na historia do cristianismo a doutrina ortodoxa contou com os apologistas, que defenderam a fé cristã enfrentando as heresias que surgiam do lado externo (extra muro), enquanto que, os polemistas defendiam a doutrina bíblica do lado de dentro (intra muro), no próprio contexto eclesiológico.”  

Vale destacar que a expressão comparando “espinhos” à perseguidores e inimigos não aparece só aqui mas também está presente em outras passagens bíblicas. “Se não matarem os cananeus quando vocês possuírem a terra, eles serão espinhos nos seus olhos. Atormentarão vocês” (Nm 33.55; Js 23.13; Jz 2.3). “Quando usado à figura de linguagem", comenta Pillai, "um espinho na carne sempre se refere a pessoas irritantes ou aborrecedoras". 

Paulo como um profundo conhecer não só das Leis judaicas como também da cultura e História dos judeus, poderia bem facilmente ter usado uma linguagem de forma metonimizada ou metaforizada para se referir as ações nocivas que seus algozes e inimigos da sã doutrina faziam.

Perceba que esta interpretação se ajusta bem com o pseudônimo dado por Paulo de um “mensageiro de Satanás”. E historicamente o primeiro inimigo da graça eram as pessoas que iam contra, no caso os antinomistas. Lembremo-nos que provavelmente por volta de 55–57 d.C informes chegaram ao conhecimento do apóstolo Paulo na cidade de Éfeso de que seus inimigos ao tentar denegrir o seu apostolado dentro de Corinto, tinham como principal meta persuadir irmãos para que o repudiasse. Como uma resposta automática, o apóstolo é impulsionado por causa dessa perseguição aos seus ensinamentos seguir para a Macedônia , onde tudo indica que lá ele escreve essa pepita bibliográfica que é o livro de 2 Corintios. (Atos 19:23–41; 20:1; 2; 2 Coríntios 2:13; 7:5). Paulo resolve retornar a Corinto (13.1), ficando estadia por três meses, período esse que nasceu a obra escriturística direcionada aos Romanos ( At 20.-3a).  

Foi importante tal medida, pois adiante veremos a satisfação do apóstolo ao ficar sabendo por parte de seu amigo Tito que uma grande parte dos membros da igreja de Coríntios tinha se arrependido de sua rebelião contra Paulo (2 Coríntios 2:12-13, 7:5-9). Isso vai ser muito importante pois vai servir de incentivo para que Paulo venha a encorajar os irmãos através de uma expressão de amor genuíno (2 Coríntios 7:3-16).

A pergunta que não quer calar é “Mas finalmente, qual foi o real “espinho” que Paulo tanto fala?”

Elementar que ninguém pode afirmar com certeza o que era esse tal espinho, porém o que podemos dizer é que esse “espinho” na realidade foi uma fonte de verdadeira dor para Paulo. O Dr. Cyrus Ingerson Scofield em relação ao Espinho afirma: “ Sem dúvida, a Bíblia não revela a natureza específica desse mal, a fim de que as consolações de Paulo possam ajudar a todos que têm algum tipo de ‘espinho’ ”.

Fato é que esse espinho servia de cabresto para controlar Paulo e mantê-lo sempre humilde diante do Senhor. O que sabemos é que nenhum ser que vive aprecia uma vida com dor. Com Paulo não foi diferente e para termos uma noção de tal assertiva, por 03 vezes o apóstolo rogou que o Senhor arrancasse esse espinho do seu corpo (2 Coríntios 12:8), pois era um obstáculo para que o servo de Deus pudesse exercer de forma mais plena, dinâmica e intensiva o seu ministério (Gálatas 5:14-16). Como nada ocorre por acaso na vida do crente, esse espinho não deixou de servir de agente pedagógico no ministério de Paulo para que o mesmo pudesse produzir uma das cartas mais belas na galeria dos escritos neo-testamentário, que foi a epístola aos Coríntios. Precisamos entender um pouco da Psicologia e pedagogia divina e compreender que não foi à toa que o Senhor em vez de atender o pedido do apóstolo, deu foi graça a ele para que o mesmo pudesse dentro da circunstância na qual estava embutido, superar a dificuldade e levando o próprio a declarar que sua graça era “suficiente”, levando-nos a absolver que o poder de Deus é mais claramente evidenciado quando estamos colocados em prova (2 Coríntios 4:7) com o salutar objetivo de que Deus Seja louvado e glorificado através de cada desafio enfrentado ( 2 Coríntios 10:17).

Acreditamos cabal e piamente que esse espinho ajudou a forjar o caráter e a fé do apóstolo, quebrando todo o orgulho que pudesse surgir em Paulo e ao mesmo tempo, o Senhor através de tal “espinho”, deu mais graça a Paulo bem como uma força e resistência diferenciada. Veja que linda conclusão que Paulo aprende: “é na fraqueza onde o Poder do Pai Celestial é aperfeiçoada” (2 Coríntios 12:9).

Mas o que torna o assunto interessante e ao mesmo tempo intrigante é que mesmo se tendo um conjunto de conjecturas aprazíveis, cada uma delas choca-se bruscamente contra o grande muro da oposição. Independentemente do tipo interno ou externo que gerou essa aflição paulina, o produto final estará preso aos fortes braços das hipotéticas suposições. Pois até hoje o que temos em relação a isso é um “Elo Perdido” na vida e no Ministério do Apóstolo Paulo quando se trata desse espinho! Devido a essas “ambivalências” seria insensatez e imprudência afirmar dogmaticamente o que realmente era esse tão curioso e especulado espinho. O que podemos fazer para nos aproximarmos mais da realidade do que seria esse mensageiro é entendermos que esse espinho gerou na vida de Paulo uma aflição muito intensa, trazida por um mensageiro de satanás. E tudo só ocorreu porque o Senhor consentiu que tal fato ocorresse. Na realidade querido leitor, você concordará comigo que durante todo esse processo doloroso no ministério paulino tinha como gerenciador de cada etapa o Nosso grande Deus, atuando gramaticalmente como um “passivo divino” que em nenhuma hipótese, mesmo invisível aos olhos humanos, deixou de supervisioná-lo, tendo como fator preponderante de tal ação, lapidar ainda mais o apóstolo dos gentios para que, devido a excelência das revelações, o mesmo não caísse nas mãos do seu próprio ego.

Nada Deus fará por acaso e de tudo Ele trás lições objetivas na vida daqueles que ama. E o próprio Paulo reconheceu isso em uma outra situação ao afirmar categoricamente que “ todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Romanos 8:28)

O que sabemos é que o tal e famoso “espinho” gerou em Paulo uma grande piedade, que em estância definitiva, trazia um bom propósito, ocasionou uma das maiores revelações da plenitude da graça divina, altamente suficiente nos momentos de fraquezas, não só para o apóstolo, mas também para cada um de nós. Glória seja dada ao Santo e Inefável Nome de Jesus Cristo. A Ele toda Glória e Honra eternamente. Amém!


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