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Artigos

Pb. Tiago Cavalcanti Alves
Presbítero e coordenador do Departamento de Missões, Evangelismo, Integração e Discipulado (DEMID) do templo sede Farol. Bacharel em Engenharia de Telecomunicações, pós-graduado em Contabilidade e Auditoria, exerce o cargo de Auditor Fiscal no município de Maceió. Cursando mestrado em Aconselhamento Bíblico pelo Seminário e Instituto Bíblico Maranata – SIBIMA. Autor de dois livros: Conhecendo o amor de Deus e Formação de Discipulador com Ênfase na Escola Bíblica, publicados pela editora AD SANTOS, ambos utilizados pela Assembleia de Deus em Alagoas para a formação de discipuladores, evangelização e consolidação de novos convertidos. Casado com Alexsandra de Freitas Cavalcanti Alves e pai de três filhos.
22/08/2020

O símbolo e a realidade do Pão da Vida!

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Resumo do prefácio e da introdução do
Livro Fome de Deus, buscando Deus por
meio do Jejum e da Oração, John Piper,
Editora Cultura Cristã.


“Então Jesus declarou: "Eu sou o pão da vida. Aquele que vem a mim nunca terá fome; aquele que crê em mim nunca terá sede” João 6:35

Quem beber desta água terá sede outra vez, mas quem beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede. Pelo contrário, a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna" João 4:13,14

Nas passagens em epígrafe temos uma representação através de símbolos. O pão e a água são utilizados por Jesus para demonstrar importância Dele em nossas vidas. Vamos refletir sobre a profundidade desta simbologia utilizada por Cristo, bem como nas implicações práticas em nossas vidas buscando compreender as razões que podem explicar uma ausência de fome por Deus em nossa vida cristã.

Sabemos que todas as coisas foram feitas por meio de Jesus e para Ele, conforme podemos verificar em Romanos 11:36 e Colossenses 1:16. Sabemos que a cultura, a história do povo hebreu e a Lei dada por Deus no Antigo Testamento apresentam “sombras de bens futuros (Hebreus 10:1)” que apontam para Cristo. Mas, neste momento, chamamos a atenção para o fato da própria criação apontar para Cristo, pois “por meio dele (de Cristo) e para ele (Cristo) foram criados todas as coisas”. O autor defende que Deus projetou o ser humano com a necessidade do alimento e da água para sobrevivência para poder representar a necessidade e a importância de Jesus em nossas vidas. Assim descreve o autor: “Ele poderia ter criado vida que não tivesse necessidade de alimento. Ele é Deus. Ele poderia tê-lo feito de qualquer maneira que desejasse.”[1]

A fome e a sede foram criados por Deus para que tivéssemos alguma ideia do que o Filho de Deus representa para os seres humanos quando disse: “Eu sou o pão da vida” (João 6:35), bem como quando disse: “quem beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede” (João 4:14) ou “aquele que crê em mim nunca terá sede” (João 6:35). O pão e a água foram criados como um símbolo do nosso Pão da Vida assim como tantas outras coisas foram criadas com finalidades especificas pelo criador. Vejamos alguns exemplo disso:

a)  O arco posto nas nuvens representando a aliança feita com os homens de não mais tornar as águas das chuvas em Dilúvio para destruir tudo o que tem vida, Gênesis 9:8-17;

b)  Os espinhos e as ervas daninhas criados como uma consequência da queda do homem representando a baixa do potencial de produtividade do planeta para a humanidade em consequência do pecado de Adão, Gênesis 3:17-19;

c)  A revelação dada por Deus aos homens através das coisas que foram criadas, onde “os céus declaram a glória de Deus” e “o firmamento anuncia as obras das suas mãos”, onde “um dia faz declaração a outro dia” e “uma noite mostra sabedoria a outra noite”. Sem linguagem, sem fala, Deus se esmerou em sua criação para transmitir uma revelação natural do seu poder e dos seus atributos pelas coisas que foram criadas, Salmos 19:1-4 e Romanos 1:21.

Isto impressiona porque, quando comemos e bebemos, saciamos nossa necessidade física com gratidão em nosso coração por suas dádivas que representam seu Filho, ao passo que quando jejuamos podemos desfrutar da realidade (O Pão da Vida) mais do que os próprios símbolos (o pão e a água). Assim defende o autor: “O pão foi criado para a glória de Cristo. A fome e a sede foram criadas para a glória de Cristo. E o jejum foi criado para a glória de Cristo.(...) No coração do santo, tanto comer quanto jejuar são atos de adoração. Ambos exaltam a Cristo. Ambos dirigem o coração – grato e desejoso – para o Doador.”[2]

Da mesma forma que precisamos nos alimentar todos os dias com o alimento natural, precisamos nos aperceber da nossa necessidade diária de nos alimentarmos espiritualmente de Jesus. Ele defendeu isso quando declarou ser o “o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre” (João 6:51) fazendo menção ao maná que desceu dos céus e deveria ser desfrutado em porções diárias (Êxodo 16). O maná e tantas outros aspectos da cultura e da história dos hebreus, como já falamos acima, foram projetados por Deus para apontar para Cristo, como uma “sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas”, Hebreus 10:1.

O maná foi instituído por Deus para prover as necessidades do povo hebreu quando peregrinaram pelo deserto durante 40 anos. Deus fez cair pão dos céus por seis dias na semana, com exceção do sétimo dia, o sábado, em que o povo deveria respeitar o descanso. O povo foi desafiado a colher diariamente a porção de cada dia e somente no sexto dia deveriam colher uma porção dobrada para atender as necessidades do sétimo dia. Misteriosamente, com o fim de provar o povo quanto a confiança e a dependência de Deus, caso o maná fosse colhido numa quantidade maior, pensando em guardar para o outro dia, apodrecia e criava bichos. Somente o maná guardado do sexto para o sétimo dia que não passava pelo processo de putrefação. O nosso Deus é tremendo! Extremamente criterioso na confecção de detalhes desta simbologia para ensinar como nós devemos depender Dele diariamente. O evangelista americano D. L. Moody: “Assim como um homem não consegue comer o suficiente para seis meses, ou inspirar de uma vez ar bastante para encher seus pulmões e mantê-lo vivo por uma semana, ele também não consegue armazenar graça para o futuro”[3].

Vejamos relevante contribuição sobre o tema do pastor Luciano Subirá comentando a passagem de Êxodo 16:19-21: “O que temos aqui não é só uma lição de dependência, mas os parâmetros divinos para a forma de Seu povo se relacionar com Ele! Parece-nos que era justamente isto que acontecia no Jardim do Éden, onde Deus visitava Seus filhos na viração do dia (Gn 3.8). O plano de Deus para nosso relacionamento com Ele envolve a busca diária. Mas temos uma inclinação a errar justamente aí. É só observar o que ocorreu com os israelitas no deserto: mesmo sendo advertidos para não colher mais do que a porção diária do maná, alguns deles tentaram fazê-lo. Porquê? Por puro comodismo, para não precisar levantar cedo e ter o mesmo trabalho no dia seguinte, uma vez que quando o sol se levantava, o maná derretia. (...) Não há meios de se trabalhar com estoque, no que diz respeito à presença de Deus. Devemos buscá-Lo a cada novo dia. O que experimentamos dEle num dia, não servirá para o dia seguinte. Este princípio aparece muito na simbologia bíblica.”[4]

Quantos cristãos vivem uma vida espiritual medíocre porque encaram apenas o culto de domingo como um único momento de nutrir suas necessidades espirituais. Comportam-se como se fossem um carro que semanalmente param no posto de gasolina para abastecer o tanque. Não fomos projetados para isto. As Escrituras nos desafiam a um compromisso devocional diário em diversas passagens, vejamos algumas delas:

a)  Deus visitava o homem no Éden diariamente na viração dos dias (Gênesis 3:8);

b)  A presença da Palavra de Deus em nossos lares (Deuteronômio 6:6-9 e Colossenses 3:16);

c)  Desafio de leitura, estudo e meditação na palavra dia e noite (Josué 1:8, Salmos 1 e Deuteronômio 17:19);

d)  Desafio de louvar a Deus todos os dias (Salmos 34:1 e 145:2, Hebreus 13:15)

e)  Negar-se a si mesmo a cada dia e inclinar-se para as coisas espirituais (Marcos 8:34-37, Romanos 8:5 , Gálatas 5:16 e Efésios 4:22-24);

f)  De estabelecermos um momento íntimo e devocional a sós com Deus como ensinado e praticado por Cristo (Mateus 6:6, Marcos 1:35 e Lucas 5:16):

g)  De nos revestirmos e nos fortalecermos no Senhor em todo o tempo com a prática das disciplinas espirituais (Efésios 6:10 e 18; 1 Tessalonicenses 5:17; 1 Timóteo 4:7b)

h)  Necessidade de renovação diária do nosso homem interior (2 Coríntios 4:16);

i)  Jesus nos ensinou a orarmos pelas nossas necessidades do dia (Mateus 6:11);

j)  As misericórdias do Senhor se renovam a cada manhã para os que o buscam a cada manhã, para os que a cada dia pegam e tratam o Senhor como uma porção diária (Lamentações 3:23-25)

Entretanto, há algo nessa simbologia que funciona de forma inversa. Quando falamos do alimento físico, quanto menos nos alimentarmos, mais fome teremos, quanto menos bebermos, mais sede possuiremos. Paradoxalmente, o alimento espiritual funciona de forma contrária. A nossa fome por Deus é potencializada pelos momentos em que nos alimentamos do Pão da Vida e da Água Viva.  Quanto mais temos contato com a Palavra do Senhor, com o seu Espírito, quanto mais provamos da sua glória, mais famintos ficamos por mais de Deus em nossas vidas, mais desejamos vencer o pecado, mais desejamos conhecer o Senhor, mais anelamos pela manifestação do seu Reino e a santificação do seu nome.

Precisamos compreender e praticar esta necessidade de uma relação diária com o Senhor. A frequência nos cultos semanalmente é importantíssima, mas não é suficiente. Precisamos separar tempo para estarmos nos alimentando da presença e da palavra de Deus dia após dia. A falta de compreensão deste princípio estabelecido por Deus para nossas vidas tem privado o povo de Deus de desenvolver sua maturidade espiritual.  Que possamos cultivar nossos momentos diários com o Senhor! Após esta compreensão acerca da simbologia do pão e da água e da nossa necessidade diária pelo Senhor Jesus, que a cada refeição possamos nos lembrar de suas palavras em João 6:35, “Eu sou o pão da vida. Aquele que vem a mim nunca terá fome; aquele que crê em mim nunca terá sede”, que a cada copo de água, nos lembremos de suas palavras em João 4:13-14, “Quem beber desta água terá sede outra vez, mas quem beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede. Pelo contrário, a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna", e recebamos suas dádivas com ações de graças conforme 1 Timóteo 4:3b-5. Aproveitemos também a prática do jejum como uma oportunidade para desfrutarmos do Pão da Vida acima das necessidades mais primitivas de nosso corpo.



[1] Página 15 do livro em questão.

[2] Página 16 do livro em questão.

[3] Citado na página 35 do livro Disciplinas Espirituais, Donald S. Whitney.

[4] Extraído do link: http://www.orvalho.com/ministerio/estudos-biblicos/o-devocional-diario-por-luciano-subira/ no dia 05/08/2020 às 09:14. 

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