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Artigos

Pb. Tiago Cavalcanti Alves
Presbítero e coordenador do Departamento de Missões, Evangelismo, Integração e Discipulado (DEMID) do templo sede Farol. Bacharel em Engenharia de Telecomunicações, pós-graduado em Contabilidade e Auditoria, exerce o cargo de Auditor Fiscal no município de Maceió. Cursando mestrado em Aconselhamento Bíblico pelo Seminário e Instituto Bíblico Maranata – SIBIMA. Autor de dois livros: Conhecendo o amor de Deus e Formação de Discipulador com Ênfase na Escola Bíblica, publicados pela editora AD SANTOS, ambos utilizados pela Assembleia de Deus em Alagoas para a formação de discipuladores, evangelização e consolidação de novos convertidos. Casado com Alexsandra de Freitas Cavalcanti Alves e pai de três filhos.
03/08/2020

As duas faces do Jejum!

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Resumo do prefácio e da introdução do Livro Fome de Deus, 
buscando Deus por meio do Jejum e da Oração, John Piper, 
Editora Cultura Cristã.


Reverenciamos com louvor a Deus pela relevante obra escrita por John Piper sobre a prática do Jejum. Uma obra que se propõe com muita eficácia nos incentivar na prática do jejum e da oração. Começamos com a distinção feita pelo autor acerca das duas faces do jejum: “Metade do jejum cristão é que a perda do nosso apetite físico é pelo fato de a nossa saudade de Deus ser muito intensa. A outra metade é que a nossa saudade de Deus é ameaçada porque nossos apetites físicos são muito intensos. Na primeira metade, há perda do apetite. Na segunda, o apetite é resistido. Na primeira, nós cedemos à fome maior que existe. Na segunda, lutamos pela fome maior que não existe.”[1]. Assim como uma moeda possui duas faces, cara e coroa, pretendemos expor sobre estes dois aspectos práticos do Jejum trabalhado por John Piper em seu livro.

Face 1: Efeito espontâneo de uma satisfação mais elevada em Deus.

A primeira face destaca o jejum como um caminho onde saborearmos uma fome por Deus que está acima das nossas necessidades alimentares. É quando brota naturalmente do nosso ser um prazer imenso pela busca da presença de Deus que ultrapassa e muito nossa necessidade física de alimentos. Como o salmista suspira: “A quem tenho eu além de ti? E na terra não há quem eu deseje além de ti”, Salmos 73:25. Olhamos para o alimento e ele deixa de fazer sentido diante da sede que brota em nossos corações: “A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo. Quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus?”, Salmos 42:2. É algo espontâneo, e o Jejum nos ajuda a saborearmos e a experimentarmos com mais intensidade este prazer. Tal qual um namorado que se abstém da hora da refeição no momento em que o carteiro entrega a correspondência do seu amor, situação em que a fome da comida é substituída pela fome do coração. Registra o autor em situação semelhante: “Quando ouvia o meu nome e via o envelope cor de alfazema, meu apetite desaparecia. Ou, mais precisamente, minha fome de comida era substituída pela fome do meu coração. Muitas vezes, em vez de almoçar junto com os outros acampantes, eu pegava a carta e ia para um lugar tranquilo no meio da mata onde me sentava sobre as folhas para degustar um tipo diferente de refeição”[2].

Por exemplo, quando encaramos períodos mais extensos de jejum e passamos a sentir a debilidade da abstenção de alimentos e mesmo assim não conseguimos ser atraídos por uma bela refeição posta à mesa, mas conseguimos direcionar a Deus um clamor por sua presença e pela vinda do seu reino. Este clamor, literalmente, ultrapassa o campo das palavras e passa a ser expresso pelo próprio corpo de forma resoluta, como bem destaca Andrew Murray: “O jejum ajuda a expressar, aprofundar e a confirmar a resolução de que estamos prontos a sacrificar qualquer coisa, até mesmo a nós mesmos, para obter o Reino de Deus. E Jesus que jejuou e se sacrificou, sabe valorizar, aceitar e recompensar com poder espiritual a alma que está desse modo disposta a desistir de tudo por ele e pelo seu Reino”[3]

Jesus experimentou o jejum neste formato, quando sua necessidade pelo Pai, por sua Palavra e por sua vontade ultrapassava a necessidade do alimento. Foi assim no jejum de 40 dias no deserto: “nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra de Deus”, Lucas 4:4. Foi assim também no episódio da mulher samaritana quando seus discípulos lhe ofereceram comida: “Uma comida tenho para comer, que vós não conheceis ... A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra”, João 4:32-34.

De uma forma sobrenatural, o jejum nos exercita para experenciarmos mais a fome e a sede da presença de Deus. A debilidade provocada pela abstenção de alimentos, algo tão instintivo e natural do nosso ser, tem a capacidade de fazer jorrar saciedade e ao mesmo tempo fome da presença de Deus em nosso interior, fazendo com que conceitos distantes e abstratos acerca de quem somos em Deus e o que Ele representa para nós possam ser tocados, discernidos e saboreados como nunca foram sem a prática do jejum.

Normalmente, quando cantamos e buscamos adorar ao Senhor, não conseguimos discernir (saborear) o significado de letras que expressam nossa necessidade de Deus. Vejamos alguns exemplos:

“Escuta o meu clamor; Mais que o ar que eu respiro; Preciso de Ti”[4]

“Este é o meu respirar; Este é o meu respirar; Teu Santo Espírito; Vivendo em mim; E este é o meu pão; E este é o meu pão; Tua Vontade; Feita em mim; E eu, eu nada sou sem Ti; E eu, perdido estou sem Ti”[5].

Tudo parece ser conceitos abstratos e distantes, fora da nossa realidade física. Algo que conseguimos expressar apenas em palavras com base na nossa fé, mas que não conseguimos sentir como uma verdade experimentada em nossos corações.

O jejum, porém, de forma sobrenatural, nos exercitará para sentirmos, experenciarmos e saborearmos nossa necessidade por Deus e pelo seu reino através da debilidade causada pela abstenção de alimentos e o direcionamento dos nossos corações para o Senhor. Em nossa fraqueza, a atuação do poder de Deus é aperfeiçoada em nossas vidas[6]. A glória de Deus é atraída por atos que confessem a impotência humana[7] e que fomentem a esperança em Deus[8], a fim de que Ele seja glorificado. Relevante contribuição o autor traz neste momento: “A assistência de que precisamos, acima de toda cura física, de toda segurança financeira, de todos os sucessos de empregos, de toda orientação de carreira e de toda harmonia relacional é a assistência divina para ver e saborear a glória de Deus em Cristo.”[9]. Através da prática do Jejum, as mais valiosas verdades acerca de quem somos em Deus e o que Ele representa para nós passam do campo teórico para o prático, para algo experimentado como uma fonte de águas vivas que passa a ser percebida jorrando saciedade e ao mesmo tempo fome da presença de Deus em nosso interior. Com a prática do Jejum, o que, antes, eram apenas conceitos distantes e insossos, passam a ser discernidos e saboreados.

Face 2: Arma escolhida por Deus para direcionarmos nossos corações para Ele.

A segunda face do jejum nos auxilia para direcionarmos o nosso coração para amarmos ao Senhor com maior intensidade na medida em que silenciamos o instinto da alimentação. Enquanto na primeira face, agimos espontaneamente num reconhecimento natural de uma satisfação em Deus mais elevada, agora, o jejum servirá como uma arma que nos fortalece no exercício de negarmos o nosso “eu”. Por exemplo, quando somos atraídos por uma bela refeição posta à mesa, quando o nosso corpo clama dentro de nós por aquele alimento, quando nossa boca enche-se de saliva, quando nosso estômago se contorce, controlamos tudo isso num exercício de autonegação que fortalecerá o nosso domínio próprio quando tivermos diante de situações reais.

Relevante comentário sobre a forma como este tipo de jejum nos habilita pra enfrentarmos outros tipos de situações: “Não hei de surpreender a ninguém se confessar que eu sou sujeito à ansiedade e irritação, tristeza e nervosismo, para não falar de vaidade, sensibilidade e inveja. O hábito de jejuar efetua uma profunda mitigação de todos esses movimentos instintivos. Penso que a causa é que certo domínio de apetite primordial, comer, permite um maior domínio de outras manifestações da libido e da agressividade. É como se o homem que jejua fosse mais ele mesmo, em posse da sua verdadeira identidade e menos dependente dos objetos exteriores e dos impulsos que eles levantam nele”[10]. Nesta direção, mais duas participações merecem destaque:

“Temos de praticar rígida disciplina diária; somente assim a carne pode aprender a lição dolorosa de que ela não tem direitos próprios.”, Dietrich Bonhoeffer[11]

“Quando soldados estão sendo treinados em manobras, eles praticam com munição de festim porque precisam praticar antes de enfrentar o inimigo real. Então, devemos praticar em nos abster dos prazeres que não são em si mesmo pecaminosos. Se você não se abstém de prazeres, não estará capacitado quando a hora chegar. Trata-se, puramente, de uma questão de prática.”, C. S. Lewis[12]

Isto esta de acordo com a forma como Paulo administrava os apetites do seu corpo: “Pois eu assim corro, não como a coisa incerta; assim combato, não como batendo no ar. Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado.”, 1 Coríntios 9:26,27. Paulo ensinou que o velho homem se corrompe com as “concupiscências do engano”[13] e que o seu corpo precisava ser “esmurrado”,  que está no sentido de “reduzido a servidão”. Em outra passagem, Paulo roga para que os cristãos apresentem os seus corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus como meio de cultuarmos ao Senhor de forma racional em nossos corações. Paulo dirigiu nossos corações para o jejum e a oração nessas passagens, não como rituais religiosos meritórios, e não com fins neles mesmos, mas como uma arma para fortalecimento do nosso relacionamento com Deus e no controle de nossa carne. Por isso, ele destaca o jejum ao demonstrar os sofrimentos enfrentados por amor ao evangelho: “em trabalhos e fadigas, em vigílias, muitas vezes, em fome e sede, em jejuns”, 2 Coríntios 11:27[14].

Segundo o autor, “o jejum cristão não é apenas o efeito espontâneo de uma satisfação mais elevada em Deus; é também uma arma escolhida contra toda força do mundo que poderia nos tirar essa satisfação”[15]. De forma que, em alguns momentos, o jejum dará vazão a um reconhecimento espontâneo de nossos corações da fome que temos de Deus, por outro lado, também, o jejum servirá para direcionar nossos corações para o Senhor e silenciar tudo o que pode impedir esta comunhão. Por ambos os lados só encontramos vantagens na prática do jejum, destaco mais uma relevante citação: “Gostar de jejuar não é apenas possível. À luz dos fatos, chego a ponto de dizer que o contrário é que me parece impossível, seja lá até que ponto a pessoa já tiver experimentado verdadeiramente o jejum. Experimente jejuar e você realmente gostará de fazê-lo.”[16]. Amém!



[1] Página 10 do livro em questão.

[2] Página 9 do livro em questão.

[3] Citado nas páginas 154 e 155 do livro em questão.

[4] Parte da letra da canção Preciso de Ti, Diante do Trono.

[5] Parte da letra da canção Meu Respirar, Vineyard.

[6] Conforme 2 Coríntios 12:9.

[7] Conforme Salmos 51:17.

[8] Tal qual em Isaías 55:1-3.

[9] Página 48 do livro em questão.

[10] Citado nas páginas 161 e 162

[11] Citado na página 155.

[12] Citado na página 156.

[13] Efésios4:22

[14] Ver também 2 Coríntios 6:5.

[15] Página 10 do livro em questão.

[16] Citado na página 162 do livro em questão.

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