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Artigos

Orisvaldo Wesley Nicácio de Lima
28/07/2025

Seis Mil Anos de História Humana: O Que a Bíblia Revela Sobre Nosso Passado

Imagine um livro que não apenas conta histórias de fé, mas também se propõe a narrar a própria origem e a história da humanidade.


ÁREAS DE INTERESSE: Teologia Bíblica; Teologia Histórica; Teologia Sistemática; História da religião; Antropologia Bíblica; Exegese e Hermenêutica; 


Você ja parou se perguntando, quantos anos a humanidade tem na terra? desde o primeiro homem que pisou neste planeta, quantos anos se passaram ate os dias atuais? Para milhões de pessoas ao longo dos séculos, a Bíblia não é apenas um texto espiritual, mas uma crônica histórica que traça a trajetória do mundo desde sua criação até os dias de hoje. A partir de suas genealogias e cronologias, estudiosos construíram uma visão intrigante: a história da humanidade teria cerca de 6.000 anos. Mas como essa ideia nasceu? E o que pensadores, de historiadores judeus a cientistas modernos, disseram sobre ela? Vamos mergulhar nessa narrativa fascinante, que une teologia, história e uma pitada de controvérsia, para explorar o que significa enxergar o passado sob a lente bíblica.

A Bíblia como Espelho do Tempo

No cerne dessa visão está o livro de Gênesis, que, com suas genealogias detalhadas, oferece uma linha do tempo que muitos consideram literal, inclusive nós pentecostais assembleianos que temos as escrituras sagradas por infalíveis e inerrantes. De Adão a Noé, de Abraão a Moisés, as Escrituras traçam uma sequência de gerações que, segundo estudiosos como Henry M. Morris e John C. Whitcomb, aponta para a criação do homem por volta de 4.000 a.C. (Morris; Whitcomb, 2003, p. 115). Somando os dois milênios da era cristã, chegamos a uma história humana de aproximadamente 6.000 anos. Essa cronologia, baseada em textos como Gênesis 5 e 11, é mais do que uma curiosidade teológica: para seus defensores, é uma chave para entender o passado.

Mas será que um texto sagrado pode ser uma fonte histórica confiável? Para nós cristãos, que possuímos o texto bíblico como inerrante e plenamente inspirado, a Bíblia não é apenas inspirada espiritualmente, mas também um registro fidedigno dos primórdios da humanidade. Essa perspectiva, no entanto, não está isenta de debates. Críticos, inclusive dentro da própria cristandade – capitaneados principalmente pelos teólogos da equivocada vertente liberal, questionam a precisão das genealogias bíblicas, apontando que elas podem ter lacunas ou propósitos teológicos que transcendem a mera contagem de anos (seriam meramente idealistas ou simbólicas, nunca literais). Mesmo assim, de maneira assertiva, a tradição judaico-cristã, por séculos, tem sustentado a leitura literal do relato do gênesis e por consequente de sua genealogia, assim como a literalidade de todo o relato bíblico, influenciando desde historiadores antigos até pensadores modernos.

Flávio Josefo: A Ponte Entre Dois Mundos

No primeiro século, o historiador judeu Flávio Josefo (37–100 d.C.) assumiu a tarefa de explicar a história hebraica ao público greco-romano. Em sua obra Antiguidades Judaicas, ele apresenta o relato do Gênesis como um registro histórico, narrando a sucessão de gerações desde Adão até sua própria era (Josefo, 2001, p. 37–42). Para Josefo, os patriarcas bíblicos eram figuras reais e a criação do mundo, um evento literal, não uma metáfora. Sua obra é uma ponte fascinante entre a tradição bíblica e a historiografia clássica, mostrando como os hebreus viam sua história como parte do tecido do mundo antigo.

Júlio Africano e a Cronologia Cristã

No segundo século, Júlio Africano (c. 160–240 d.C.) deu um passo além ao sistematizar a cronologia bíblica. Em sua obra Chronographiai, parcialmente preservada por Eusébio de Cesareia, ele calcula a criação do mundo por volta de 5.500 a.C. (Eusébio, 1999, p. 24). Essa estimativa lançou as bases para a tradição de uma história humana de 6.000 anos. Embora a obra original tenha se perdido, os fragmentos preservados mostram um esforço meticuloso para alinhar os eventos bíblicos com a história universal.

Eusébio de Cesareia: A História da Salvação

Eusébio de Cesareia (c. 260–339 d.C.), conhecido como o "pai da história eclesiástica", ampliou o trabalho de Africano. Em sua História Eclesiástica e nos Cânones Cronológicos, ele traça paralelos entre reis pagãos e figuras bíblicas, conferindo legitimidade histórica às Escrituras (Eusébio, 1999, p. 20–25). Para Eusébio, a história da humanidade é a história da salvação, começando com Adão e culminando em Cristo. Sua abordagem não apenas reforçou a cronologia de 6.000 anos, mas também integrou a narrativa bíblica ao contexto mais amplo do mundo antigo.

Beda e a Idade Média: Uma Cronologia Coesa

Na Idade Média, Beda, o Venerável (c. 672–735), trouxe nova precisão à cronologia bíblica. Em De Temporum Ratione, ele calcula a criação em 3952 a.C., harmonizando eventos bíblicos e seculares (Beda, 2004, p. 86–92). Sua obra foi amplamente adotada, moldando a visão medieval do tempo e da história. Beda não apenas contava anos, mas via a história como uma narrativa divina, onde cada evento apontava para um propósito maior.

James Ussher: O Relógio da Criação

No século XVII, o arcebispo anglicano James Ussher (1581–1656) produziu uma das cronologias mais famosas da história. Em “Annales Veteris et Novi Testamenti”, ele data a criação em 4004 a.C., com base em análises minuciosas das genealogias bíblicas e fontes extrabíblicas (Ussher, 2003, p. 21–22). Sua datação, publicada em 1650, tornou-se tão influente que foi incluída nas margens de Bíblias inglesas por séculos. Ussher não era apenas um teólogo; era um erudito que buscava alinhar a Bíblia com a história universal.

Isaac Newton: O Gênio e a Cronologia

Até mesmo Isaac Newton (1643–1727), conhecido por suas leis da física, voltou-se para a cronologia bíblica. Em “The Chronology of Ancient Kingdoms Amended”, ele harmoniza dados bíblicos com registros arqueológicos, reafirmando a literalidade do Gênesis (Newton, 2009, p. 15–19). Newton via a Bíblia como uma fonte confiável, mas também buscava corroborá-la com evidências externas, mostrando que até os maiores cientistas da história se fascinavam pelo passado bíblico.

O Criacionismo Moderno: Uma Tradição Viva

No século XX, o criacionismo científico ganhou força com figuras como Henry M. Morris e John C. Whitcomb. Em “The Genesis Flood”, eles defendem a historicidade do relato bíblico, incluindo a cronologia de 6.000 anos (Morris; Whitcomb, 2003, p. 135–142). Atualmente, autores como Floyd Nolen Jones (“Chronology of the Old Testament”, 2005) e Ken Ham (“The Lie”, 2012) continuam essa tradição, argumentando que a Bíblia oferece uma estrutura confiável para entender a história humana.

Um Quadro do Tempo

Para ilustrar como diferentes pensadores abordaram a cronologia bíblica, vejamos um resumo comparativo:

Autor/Historiador

Estimativa da Criação

Obra/Contribuição

Flávio Josefo

Antiguidades Judaicas (Josefo, 2001)

Júlio Africano

5.500 a.C.

Chronographiai (fragmentos em Eusébio, 1999)

Eusébio de Cesareia

5.500 a.C.

História Eclesiástica e Cânones Cronológicos (Eusébio, 1999)

Beda, o Venerável

3952 a.C.

De Temporum Ratione (Beda, 2004)

James Ussher

4004 a.C.

Annales Veteris et Novi Testamenti (Ussher, 2003)

Isaac Newton

4000 a.C.

The Chronology of Ancient Kingdoms Amended (Newton, 2009)

Morris & Whitcomb

6.000 anos

The Genesis Flood (Morris; Whitcomb, 2003)

Floyd Nolen Jones

4004 a.C.

Chronology of the Old Testament (Jones, 2005)

Ken Ham

6.000 anos

The Lie (Ham, 2012)

Um Passado que Ainda Fala

A ideia de uma história humana de aproximadamente 6.000 anos, fundamentada na Bíblia, é mais do que uma cronologia: é uma visão de mundo que conecta fé, história e propósito. De Josefo a Newton, de Beda a Ham, essa perspectiva moldou o pensamento de gerações, desafiando-nos a refletir sobre nossas origens. Embora a ciência moderna proponha uma narrativa diferente, com milhões de anos de história, a cronologia bíblica continua a fascinar pela simplicidade e profundidade teológica.

A questão não é apenas quantos anos a humanidade tem, mas a veracidade e a precisão do relato bíblico sobre a humanidade e sua história, e o que suas narrativas revelam sobre quem somos. A Bíblia é um convite a enxergar o passado como parte de um plano maior. E você, o que acha? Está pronto para mergulhar nessa história milenar e descobrir o que ela diz sobre o presente?

Referências

BEDA, O VENERÁVEL. De Temporum Ratione. Tradução e notas de Faith Wallis. Liverpool: Liverpool University Press, 2004.

EUSÉBIO DE CESAREIA. História Eclesiástica e Cânones Cronológicos. São Paulo: Paulus, 1999.

HAM, Ken. The Lie: Evolution/Millions of Years. Green Forest: Master Books, 2012.

JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus: Antiguidades Judaicas. 2. ed. São Paulo: CPAD, 2001.

JONES, Floyd Nolen. Chronology of the Old Testament. 5. ed. Green Forest: Master Books, 2005.

MORRIS, Henry M.; WHITCOMB, John C. O Dilúvio de Gênesis. São Paulo: CPAD, 2003.

NEWTON, Isaac. The Chronology of Ancient Kingdoms Amended. New York: Cosimo Classics, 2009.

USSHER, James. The Annals of the World. Tradução. Green Forest: Master Books, 2003.

*O conteúdo e opinião expressas são de inteira responsabilidade de seu autor.
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