INTRODUÇÃO:
Deus criou o ser humano para viver em paz e harmonia com Ele, com o próximo, com a natureza e consigo mesmo. Porém, por causa da Queda, o homem herdou a natureza caída e pecaminosa, além de uma série de consequências maléficas que lhe sobreveio por causa de sua transgressão contra o Criador.
Nesta lição, veremos o significado do termo corpo e pecado; explicaremos a origem do pecado, tanto na esfera angelical como na esfera humana.
Texto áureo
“Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado.” (Rm.7:14)
- Vamos tratar da doutrina bíblica do homem, estudaremos, o Corpo, a carne humana. A carne é o pecado inserto no ser humano.
I – VAMOS DEFINIR O CORPO E O PECADO
1. Corpo. “Do grego soma, o corpo, como já definido, é a parte material do ser humano, comumente chamado de invólucro do espírito e da alma” (Queiroz, 2025, p. 25). “O corpo é o invólucro do espírito e da alma. É a parte física, o homem exterior, que se corrompe, ou seja, envelhece e é mortal. O homem é carne como criatura perecível: “porque toda a carne é como erva” (1 Pd 1.24). Rejeitamos a ideia de ser o corpo a prisão da alma e do espírito ou de ser inerentemente mau e insignificante, pois ele é templo do Espírito Santo e templo de Deus, um a vez que o Espírito Santo habita em nós. O corpo é importante, pois Deus o ressuscitará: “Assim também a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo em corrupção, ressuscitará em incorrupção” (1 Co 15.42)” (Soares [Org.], 2017, p. 78).
2.Pecado. “Do hebraico hattah do grego hamartios e do latim peccatum. É a transgressão deliberada e consciente das leis estabelecidas por Deus. Errar o alvo estabelecido pelo Criador ao homem: O pecado mortal é a deliberação consciente e intencional de se resistir a vontade de Deus. Não se trata de um simples pecado ou de uma transgressão ordinária; é uma rebeldia movida pelo orgulho e pelo não reconhecimento da soberania divina” (Andrade, 2019, p. 295). Há uma lista extensa de palavras na Bíblia para designar o pecado: erro, iniquidade, transgressão, maldade, impiedade, engano, sedução, rebelião, violência, perversão, orgulho, malícia, concupiscência, prostituição, injustiça etc., além dos verbos e adjetivos cognatos. Muitos desses termos, e outros similares, estão na sombria lista apresentada pelo apóstolo Paulo (Rm 1.29-32; Gl 5.19-21).
- A palavra bíblica no NT. “carne”, que é a natureza pecaminosa do homem e que como que desordenou a estrutura criada por Deus.
- O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus (Gn.1:26,27) e, como tal, reto (Ec.7:29) que, a exemplo de seu Criador, era santo, sem pecado.
- No entanto, fez mau uso de seu livre-arbítrio e pecou e, como resultado disto, foi separado de Deus (Is.59:2), sofrendo a morte espiritual, como, aliás, já alertara o próprio Deus (Gn.2:17).
- Esta morte espiritual representou “a entrada do pecado no mundo” (Rm.5:12). Ora, como bem afirma Sadhu Sundar Singh (1889-1929), “...Pecado é alguém deixar de lado a vontade de Deus e viver de acordo com a própria vontade, abandonando o que é verdadeiro e legítimo para satisfazer os próprios desejos, pensando que assim obterá felicidade. No entanto, ao fazê-lo, tal pessoa não obtém real felicidade ou desfruta de verdadeiro prazer. O pecado não tem individualidade, de modo que ninguém pode dizer que alguém o criou. É simplesmente o nome de um estado ou condição. Existe apenas um Criador e Ele é bom, e um bom Criador não poderia ter criado algo ruim, pois fazê-lo seria contrário à Sua própria natureza. E aparte do único Criador, não há outro que possa ter criado o pecado. Satanás pode unicamente corromper o que já foi criado, mas ele não tem o poder de criar coisa alguma. Portanto, o pecado não é uma parte da criação, nem possui existência independente de modo que pudesse ser criado. É simplesmente um estado de ser ilusório e destrutivo....” (Aos pés do Mestre. Trad. A Voz do vento.com. 2. ed., pp.29-30).
- O pecado, pois, apresenta-se como uma corrupção do que Deus havia criado, e, portanto, em razão do pecado, o ser humano se corrompeu. A imagem e semelhança de Deus se deteriorou e, por isso, os descendentes do primeiro casal passaram a ser “imagem e semelhança de Adão” (Gn.5:3).
- Esta natureza corrompida, que faz propriamente do homem um “sub-humano”, é denominada por muitos de “natureza adâmica”, mas recebe biblicamente o nome de “carne”, a palavra com que se traduziu “sarx” (σάρξ), “...provavelmente da base de “saroo” (σαρόω) (remover com uma escova, significando uma vassoura, varrer); carne (como privada da pele), i.e., (a rigor) a carne de um animal (como alimento) ou (por extensão) o corpo (em oposição à alma [ou espírito], ou como o símbolo daquilo que é externo, ou como o meio de parentesco), ou (consequentemente) natureza humana (com suas fragilidades [físicas ou morais] e paixões), ou (especial) um ser humano (como tal): carnal, carnalmente, de interesses carnais...” (Bíblia de Estudo Palavras-Chave. Dicionário do Novo Testamento verbete 4561, p.2390).
- Já se verifica pela palavra grega em foco que a “carne” é algo que ficou depois da remoção, depois da varredura, é algo a que falta propriedades, é um decaimento, uma diminuição, o fruto de uma corrupção, de uma degeneração.
- Esta “pele” nada mais é que a comunhão que o homem tinha com Deus, a amizade, o relacionamento fundado no amor de Deus que originara o amor a Deus e que fazia com que o homem obedecesse e servisse ao Senhor, desenvolvendo, a cada dia, esta união que tinha com seu Criador (Gn.3:8a) e que o levava a desfrutar da glória divina.
- “...Nas Sagradas Escrituras, o termo é usado tanto para descrever a natureza humana, como para qualificar o princípio que está sempre disposto a opor-se ao espírito. Este último sentido foi desenvolvido como doutrina pelo apóstolo Paulo. O crente carnal, segundo muito bem explica em suas epístolas, é o que dá inteira guarida ao pecado....” (ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Carne. In: Dicionário Teológico, p.76).
- Bem se vê, pois, que não colabora para a compreensão do texto bíblico a tradução da palavra grega “sarx” como “natureza humana”, como adotou a Nova Tradução na Linguagem de Hoje, por exemplo, porquanto não se trata, propriamente, da natureza humana tal como criada pelo Senhor, mas, sim, de uma natureza desvirtuada, corrompida, que, inclusive, se opõe ao que foi planejado pelo Senhor.
- “...’Carne’ aqui é a nossa natureza pecaminosa, herdada de Adão, inclinada ao mal e contrária à vontade do Senhor. O livro de Romanos apresenta-nos grandes lições sobre a vida espiritual do cristão, principalmente os capítulos 6 a 8. (...). O capítulo 6 fala do passado do crente, quando da sua conversão. É o que Deus fez na vida do crente. O capítulo 7 fala do que a carne faz para derrotar o crente. Já o capítulo 8 fala claramente do que o Espírito Santo quer fazer com o crente – uma vida sempre vitoriosa....” (SILVA, Antônio Gilberto da. As duas naturezas do crente. In: Bíblia de Estudo Antônio Gilberto, p.1807).
- “...Carne (gr. sarx) é a natureza pecaminosa com seus desejos corruptos, a qual continua no cristão após a sua conversão, sendo seu inimigo mortal (Rm.8:6-8,13; Gl.5:17,21)....” (BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL. As obras da carne e o fruto do Espírito, p.1802).
- A “carne”, portanto, é esta natureza pecaminosa, esta “deficiência”, este “vírus” que se introduz no ser humano e que passa, então, a desordenar a vida humana, levando o homem a se distanciar cada vez mais do Senhor, pois “a inclinação da carne é morte (...) é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus nem, em verdade, o pode ser., Portanto os que estão na carne não podem agradar a Deus” (Rm.8:6-8).
- Esta “remoção da vida” operada pela entrada do pecado no mundo dá lugar ao diabo (Ef.4:27) e, portanto, passa ele a dominar sobre o homem, que passa, então, a satisfazer os desejos de Satanás (Jo.8:44), porquanto a vida na prática do pecado é a característica do “filho do diabo” (I Jo.3:8-10).
- Esta natureza decaída, pois, é submissa ao mundo, este sistema maligno (I Jo.5:19) que é governado pelo diabo, chamada, por isso mesmo, de príncipe deste mundo (Jo.12:31; 14:30; 16:11).
- Há, portanto, uma desordem no ser humano, pois o homem, que foi criado para ser imagem e semelhança de Deus, agora passa a ser escravo do pecado e um “filho do diabo”.
II – O HOMEM CARNAL E SUA RESTAURAÇÃO:
- O homem, ao desobedecer ao Senhor e pecar, tornou-se escravo do pecado. Devido à pecaminosidade do homem, este estava destinado a condenação eterna (Jo 3.18; Rm 3.23; Ef 2.3). Mas, apesar dessa condição, Deus por sua graça e misericórdia (Ef 2.4,5) estabeleceu um projeto salvífico para restaurar o homem (Jo 3.16,17; Rm 5.8). O projeto de restauração do homem, tem como fonte a pessoa de Deus (Is 45.22; Jn 2.9; Tt 2.11). Na condição de pecador, o homem jamais por si só produziria a sua salvação (Rm 3.10,11; Tt 3.5), por essa razão vemos partindo sempre de Deus a iniciativa de restauração humana (Gn 3.9;15,21). A Bíblia diz que “Deus amou”; “Deus deu”; “Deus enviou” (Jo 3.16,17). Paulo diz ainda que “[...] a graça de Deus se manifestou [...] (Tt 2.11); e que: “tudo isto provém de Deus” (2Co 5.18-a); e ainda: “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo […]” (2Co 5.19). Assim como a extensão do pecado (Rm 5.12), a Bíblia também trata sobre o alcance da graça divina “Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida” (Rm 5.18). Neste plano da salvação, Deus em Sua soberania incluiu a responsabilidade do homem em crer no Seu Filho (Mc 16.15,16; Jo 3.16-18; Rm 10.11-14) para desfrutar de todos os benefícios da salvação eterna.
CONCLUSÃO:
Quando tanto mais nos aproximamos do Senhor, da fonte das águas vivas, mais força teremos para produzir frutos, mais vida teremos, mais frutificaremos, pois o segredo para produzirmos o fruto do Espírito é estarmos em Cristo, a videira verdadeira (Jo.15:1-5).
- Nada disso ocorrerá, porém, se não formos gerados pela “semente incorruptível” e se, quando do semear, nos mantivermos em terrenos que não permitam a frutificação.
- Torna-se necessário que a semente não caia nem à beira do caminho, onde nem chegará a germinar; nem no terreno pedregoso, onde não se desenvolverá; nem no terreno pedregoso, onde será sufocada. É mister que esteja na boa terra, onde terá condições de produzir o devido fruto, como nos ensinou o Senhor Jesus na parábola do semeador (Mt.13:1-23; Mc.4:1-20; Lc.8:4-15).
- O que estamos a produzir? Obras da carne ou o fruto do Espírito? Qual é a nossa verdadeira identidade espiritual? Pensemos nisto!
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