INTRODUÇÃO:
-Dando continuidade ao estudo da doutrina bíblica do homem, começaremos o estudo do corpo.
- O corpo é a parte do homem que faz contato com o mundo físico e, portanto, é o instrumento pelo qual o homem interior faz bem ou mal. Nesta lição trataremos da natureza material do corpo à luz da Bíblia. Veremos essa dimensão física do ser humano como criação de Deus, identificaremos os canais que conduzem ao pecado contra o corpo e, por fim, refletiremos sobre as consequências de tais pecados contra “o nosso corpo como templo do Espírito” (1Co 6:19,20).
I - O CORPO, UMA MARAVILHOSA OBRA DE DEUS.
—Como servos de Deus, temos o dever de zelar por nosso corpo, pois ele é o templo do Espírito Santo (1Co 6.19). Além disso, é desejo do Pai que desfrutemos de boa saúde física, mental e espiritual. A mordomia do corpo implica reconhecer que ele pertence a Deus (1Co 6.20) e deve ser conservado santo e agradável a Ele (Rm 12.1). Vejamos o que a Bíblia nos ensina sobre o corpo imagem e semelhança de Deus.
- O homem imagem e semelhança de Deus, foi criado à imagem e semelhança de Deus. Foi este o propósito divino, como se verifica de Gn.1:26, quando se salienta que o projeto do Senhor era criar um ser que fosse “Sua imagem e semelhança”, um reflexo do Criador entre as criaturas terrenas.
- Deus é bom (Mt.19:17; Mc.10:18; Lc.18:19) e tudo quanto criou, por conseguinte, é bom (Gn.1:31), incluído nisto o próprio ser humano, que as Escrituras afirmam ter sido criado reto (Ec.7:29).
- Ser “imagem e semelhança” é ser “reflexo”, é reproduzir, trazer à lembrança o próprio Deus na criação terrena. Foi este o propósito de Deus ao criar o ser humano: ter um ser que refletisse a glória de Deus na criação terrena, que mostrasse a presença do Senhor de forma palpável num universo físico.
- Este propósito divino foi plenamente realizado, pois o querer divino se equipara ao efetuar (Fp.2:13). Verdade é que o homem pecou e teve a sua queda, passando a ter uma natureza decaída, depravada, mas o fato é que não foi criado assim e se faz mister sabermos como Deus criou o homem, pois a salvação nada mais é que a restauração deste estado inicial do ser humano, ainda que, efetivamente, a salvação não só restaura como eleva a própria dignidade do ser humano.
- Esta condição de ser imagem e semelhança de Deus é, a propósito, a própria dignidade da pessoa humana, dignidade esta que é hoje plenamente reconhecida no direito internacional, como, por exemplo, na Declaração Universal dos Direitos Humanos, que afirma, no seu introito, que “…o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo…” ou, mesmo, a nossa Constituição, que diz serem um dos fundamentos de nosso país precisamente a dignidade da pessoa humana.
- Os seres humanos têm um valor intrínseco, merecem ser respeitados pelo simples fato de existirem exatamente porque cada pessoa é “imagem e semelhança de Deus”. Foi assim que Deus fez o homem e mesmo o pecado não tem o poder de destruir tal circunstância, uma vez que nenhum pecado é maior do que o Criador. Verdade é que tal imagem hoje se encontra distorcida, enfraquecida, desvirtuada por causa do pecado, mas nunca pode ser considerada como completamente destruída.
- É este homem criado por Deus, imagem e semelhança de Deus, que se apresenta como o homem que é buscado, querido e almejado pelos seres humanos, que, como parte da criação, também está gemendo para que haja a “manifestação dos filhos de Deus” (Rm.8:19), que nada mais é que a completa restauração do estado anterior ao pecado (At.3:21).
- A certeza de que virá esta restauração foi a vinda de Jesus Cristo ao mundo, o homem perfeito, a expressa imagem de Deus (Hb.1:3), a materialização deste homem criado por Deus e que não foi vencido pelo maligno. Em Cristo, vemos que este homem criado pelo Senhor pode renascer, nascer de novo e desfrutar assim de todos os atributos e características plasmados pelo Criador quando da criação tanto de Adão quanto de Eva, o macho e fêmea criados à imagem do Senhor (Gn.1:27).
- Tendo em Cristo o nosso exemplo, crendo na Sua obra salvífica, nós mesmos fazemos nascer em nós este novo homem e tornamos realidade, entre os homens, a salvação na pessoa de Jesus, desde já, pois este novo homem não vive pecando (I Co.3:6,9), pratica a justiça, ama a seu irmão (I Jo.3:10), conserva-se a si mesmo (I Jo.5:18).
- Assim, as características do homem antes do pecado, consoante a imagem e semelhança de Deus, nada mais são que as características daqueles que creem em Jesus Cristo, pois Cristo resgatou o homem e o fez conforme à Sua imagem (Rm.8:29), daí porque Seus discípulos são chamados de “cristãos” (At.11:26), ou seja, “pequenos Cristos”, “parecidos com Cristo”.
II – O PROPÓSITO DE DEUS COM NOSSO CORPO
- Deus criou o homem para o cumprimento do propósito de frutificação, multiplicação, encher a terra, sujeitá-la e dominar sobre as demais criaturas terrenas (Gn.1:28).
- De todas estas faces do propósito divino estabelecido ao homem, vemos que o corpo, sendo o elemento que faz contato com o mundo exterior, seja a própria natureza, sejam os demais seres humanos, temos que tem o corpo papel importante e preponderante em pelo menos quatro dos cinco aspectos.
- O propósito da multiplicação, que é a reprodução biológica, não se pode fazer sem o corpo. A reprodução do ser humano é sexuada, depende, portanto, da união dos gametas, ou seja, das células sexuais masculina (espermatozoides) e feminina (óvulos), para que exsurja um novo homem. Assim, não há como haver reprodução sem a utilização do corpo.
- Nem se diga que, com a inseminação artificial, não haveria necessidade mais do corpo para a reprodução, pois o que se dispensa, aqui, é o contato corporal entre homem e mulher para a inserção dos espermatozoides no organismo da mulher, mas o contato entre as células sexuais continua sendo necessário, ainda que “in vitro”.
- O propósito de encher a terra decorre da reprodução biológica, embora com ela não se confunda, uma vez que não basta a multiplicação para seu cumprimento, mas também se exige a ocupação dos espaços geográficos pela humanidade e, para tanto, mister se faz o deslocamento do corpo para as regiões, como também, a utilização do corpo para a modificação do ambiente, a fim de que a humanidade possa habitar nestes locais.
- Por mais que se tenha a evolução tecnológica e que, a cada dia, mais e mais atividades sejam realizadas por máquinas e, entre elas, os robôs, todas as máquinas e todos os robôs dependem da atividade humana para existirem e para serem aprimoradas, atividades estas feitas por meio do corpo.
- O propósito de sujeição da terra, igualmente, não se pode fazer sem a atuação do corpo, ainda que, repitamos, atualmente isto se possa fazer com o uso de máquinas e robôs, a utilização do corpo humano é imprescindível. Sempre haverá alguém que terá de acionar todo o sistema do maquinário, seja com o dedo, seja com a voz.
- O propósito do domínio sobre a criação terrena, igualmente, não dispensa a utilização do corpo humano, seja porque por ele se faz contato com o mundo exterior, seja porque com ele se faz contato com os demais seres humanos.
- Somente o propósito da frutificação pode se dizer que independa do corpo, pois, aqui a frutificação tem a ver com a produção do fruto do Espírito, algo que é da esfera imaterial, envolvendo mais diretamente o espírito humano, que é quem faz a ligação com o Espírito Santo e conforma a nossa imagem à imagem de Cristo (Rm.8:16,29).
- Ainda assim, não há como se demonstrar esta produção do fruto do Espírito Santo senão pelo corpo, pois o fruto do Espírito possui qualidades que se revelam existentes mediante as boas obras e o comportamento que for seguido pelo homem salvo, conduta esta que se faz perceptível pelo corpo humano.
- Como demonstrarmos que temos amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, mansidão, fé e temperança (Gl.5:22), senão por meio do corpo? Como afirma o pastor Severino Pedro da Silva: “...Sem ele [o corpo, observação nossa], o homem não poderá realizar as seguintes coisas: não pode alimentar-se; não pode reproduzir-se; não pode aprender; não pode comunicar-se; não pode divertir-se; não pode trabalhar; não pode adorar. É mediante o corpo que o homem é um ser social. Mediante o corpo, o homem é um ser religioso e, por meio deles, suas obras serão um dia aprovadas ou reprovadas diante de Deus (II Co.5:10) ...” (op.cit., p.60).
- Esta dimensão espiritual do corpo será tema da próxima lição, motivo pelo qual não nos debruçaremos sobre este assunto.
-Nosso corpo deve exaltar e honrar a Deus (1Co 6.20). Devemos glorificar a Deus com o corpo (1Co 6.20; Fp 1.20; 1Ts 5.23). A salvação em Cristo trouxe bênçãos também para o corpo físico. O mundo, porém, o trata como instrumento de prazer egoísta e de desejos carnais. Em contraste, devemos zelar para que Cristo seja engrandecido em nosso corpo, seja pela vida ou pela morte (Fp 1.20).
-Nosso corpo precisa ser dedicado inteiramente a Deus (Rm 12.1). Fomos comprados por alto preço, e agora devemos apresentar o corpo como sacrifício vivo (Rm 12.1-2). Não podemos mais oferecer nossos membros ao pecado (Rm 6.1-23), mas viver em santificação e honra (1Ts 4.4). Devemos comer, beber e fazer tudo para a glória de Deus (1Co 10.31). Nossos olhos, coração, pés e pensamentos devem refletir pureza e virtude (Fp 4.8).
-Nosso corpo é morada do Espírito de Deus (1Co 6.19). As Escrituras chamam o corpo de “templo de Deus” (1Co 6.19). O Deus que nem os céus podem conter escolheu habitar em nós (Ef 1.20-23; 3.19; 5.18). Nosso corpo deve ser como o lugar “santo dos santos”, onde a glória divina se manifesta (Cl 1.27). Assim como o tabernáculo simbolizava a presença de Deus no meio do seu povo, levamos conosco a gloriosa presença de Cristo.
CONCLUSÃO:
É nosso dever zelar e cuidar bem do corpo.
-A Bíblia o chama de “vaso de barro” (Lm 4.2; 2Co 4.7; 2Tm 2.20-21), revelando sua fragilidade. “O homem bom cuida bem de si mesmo, mas o cruel prejudica o seu corpo” (Pv 11.17). Devemos manter hábitos saudáveis: alimentação equilibrada, exercícios, descanso adequado e acompanhamento médico. Como mordomos, precisamos evitar excessos (Fp 3.18-19), exercitar-nos com moderação e respeito (1Co 9.24-26). Que possamos usar o nosso corpo, com equilíbrio e reverência. Nunca cedendo aos extremos de idolatrar o mesmo. Nem usar o corpo para outros fins de adoração. Mas que cumpramos o papel para o qual Deus nos fez, “para louvor de sua gloria”(Ef 1:6).
O conteúdo e as opiniões expressas são de inteira responsabilidade de seu autor.
Interaja com o Portal AD Alagoas e envie sugestões de matérias, tire suas dúvidas, e faça parte do nosso conteúdo.
participe »Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Templo Sede
Av. Moreira e Silva, nº 406, Farol
Horário de Cultos
Aos Domingos 09:00h - Escola Dominical
Aos Domingos 18:30h - Culto Evangelístico
As Terças-feiras 18:30h - Culto de Doutrina
As Quarta-feiras 10:00h as 17hs - Círculo de Oração
As Sextas-feiras 18:30h - Culto de Oração