INTRODUÇÃO
- Na sequência do estudo do Evangelho segundo Jesus, analisaremos a narrativa da paixão, morte e ressurreição de Cristo no livro de João.
- João foi testemunha privilegiada do processo da paixão, morte e ressurreição de Jesus.
- Vamos estudar alguns fatos importantes que aconteceram nos últimos dias de vida do Senhor Jesus. Desde o Getsêmani até a Ressurreição.
I – JESUS DO GETSÊMANI AO CALVÁRIO.
- Na sequência do estudo do Evangelho segundo João, analisaremos hoje a narrativa este evangelho sobre a paixão, morte e ressurreição de Jesus.
- É evidente que esta narrativa está presente em todos os evangelhos, até porque Jesus veio ao mundo para morrer por nós, é esta a razão de ser de Sua peregrinação terrena, de forma que não poderia qualquer evangelho omitir estes fatos.
- Tal tema, ademais, é um dos que mais demonstram como devem ser estudados e compreendidos os evangelhos, a saber, como um conjunto, em que cada um dos livros mostra uma faceta, um perfil de todo o processo.
- Cada evangelista vai trazendo um aspecto de todo este processo, de modo que somente temos condição de avaliar todo ele através de uma leitura conjunta, que abranja todas as narrativas ao mesmo tempo.
- Como exemplo disso, podemos identificar as chamadas “sete palavras da cruz”, as sete afirmações dadas pelo Senhor Jesus enquanto estava na cruz do Calvário, palavras estas que são mencionadas separadamente nos evangelhos. Senão vejamos:
"Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" (Lc.23:34);
"Hoje mesmo estarás comigo no paraíso" (Lc.23:43);
"Mulher, eis o teu filho. Eis a tua mãe" (Jo.19:26);
"Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?" (Mt.27:46; Mc.15:34);
"Tenho sede" (Jo.19:28);
"Está consumado" (Jo.19:30);
"Pai, em vossas mãos entrego o meu espírito" (Lc.23:46).
- Daí porque ser importante que sempre se estude a chamada “Harmonia dos Evangelhos”, que é a tentativa de unir os quatro evangelhos canônicos em uma única narrativa, cujo objetivo é compreender a unidade e coerência do testemunho bíblico sobre Jesus.
- As narrativas sobre a paixão, morte e ressurreição de Jesus são, assim, diferentes em cada evangelho, como, aliás, nos deixou bem claro o exímio músico e compositor alemão Johann Sebastian Bach (1685-1750), que compôs as “paixões”, conhecidíssimas obras, a saber, a “Paixão segundo São João”, composta em 1724 e a “Paixão segundo São Mateus”, composta em 1729 (que, aliás, é a sua mais longa composição).
- A narrativa de João tem, em relação às demais, um fator diferencial: João foi uma testemunha privilegiada de todo o processo. Era discípulo do chamado “círculo íntimo” de Jesus, formado por ele, Pedro e Tiago. Como tal, participou mais diretamente da agonia de Jesus no Getsêmani, que é o início da paixão propriamente dita (Mt.26:37; Mc.15:33).
- Como se não bastasse isso, era pessoa conhecida do sumo sacerdote (Jo.18:15) e, como tal, pôde assistir à sessão do Sinédrio e acompanhar os atos relativos ao julgamento de Jesus, tendo, ademais, sido o único discípulo que acompanhou o Senhor até o Calvário (Jo.19:26).
- Tem-se, portanto, que se tratou de uma testemunha privilegiada de todos estes acontecimentos e, por tê-los registrado quando já escritos os demais evangelhos, pôde complementar a narrativa e com nuanças que somente alguém que tudo presenciou poderia trazer.
- Por fim, o evangelho segundo João já é totalmente construído dentro da perspectiva do que denominou de “a hora de Jesus”. Em todo o evangelho, vemos que havia “a hora” em que Jesus seria glorificado (Jo.2:4; 7:30; 8:20; 12:23,27; 13:1; 16:32; 17:1).
- Em João, portanto, fica bem explícito, desde a narrativa do primeiro sinal, a transformação da água em vinho, que haveria uma “hora” e que se teria a consumação da obra que Jesus viera fazer.
- Esta hora, como diz o próprio evangelista, iniciou-se com a oração de Jesus pelos Seus discípulos, a chamada “oração sacerdotal de Jesus”, estudada na lição anterior, que, como visto, é um paralelo do rito do dia da expiação, quando o sumo sacerdote entrava no lugar santíssimo para expiar o pecado do povo.
- O sumo sacerdote, naquela ocasião, entrava primeiro no lugar santíssimo única e exclusivamente para encher o ambiente de incenso (Lv.16:12,13). Como se sabe, o incenso simboliza a oração (Ap.5:8) e, portanto, ao mostrar que todo o processo de paixão, morte e ressurreição começa com a oração, João mostra claramente como Cristo é o sumo sacerdote e a vítima que tinha vindo para entregar Sua vida e obter a remissão da humanidade, como, aliás, havia sido admitido pelo próprio sumo sacerdote Caifás (Jo.11:49-53).
- A obra de Jesus não findou no Calvário. Ele, como disse em Sua oração sacerdotal, haveria de mandar o Espírito Santo, como também interceder pelos Seus discípulos no céu, até o instante em que retornará à Terra para tudo restaurar (At.3:21).
- João, então, conta-nos outro fato que somente alguém que estava ao pé da cruz poderia relatar. Quando se aproximava o final do dia, para que os corpos não ficassem na cruz, pois se estava no segundo dia de celebração da Páscoa, foram quebrar os ossos dos sentenciados para acelerar-lhes a morte, mas, ao verem que Jesus já havia morrido, não efetuaram a quebra de Seus ossos. Um soldado, porém, para certificar-se de que realmente Jesus estava morto, furou o lado do Senhor com uma lança e logo saiu água e sangue (Jo.19:31-37).
- Esta notícia que nos dá o apóstolo do amor traz-nos preciosas: a primeira que, mesmo após a morte de Jesus, as Escrituras continuaram se cumprindo em relação a Ele, porquanto estava profetizado que nenhum dos Seus ossos se quebraria (Sl.34:20), confirmando que Jesus era o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, figurado pelo cordeiro pascal (Ex.12:46; Nm.9:12).
- Não somente isto, mas que o corpo de Jesus seria traspassado, conforme profetizado por Zacarias (Zc.12:10).
- A outra lição diz respeito a que Jesus derramou todo o Seu sangue na cruz. Quando o soldado furou o lado de Cristo, saiu sangue e água, ou seja, o sangue todo foi derramado. Isto nos mostra que o sacrifício de Jesus foi total, que derramou todo o Seu sangue, entregou toda a Sua vida pela humanidade. Foi um sacrifício completo.
- O lado de Jesus foi furado, tendo saído sangue e água. Alguns estudiosos das Escrituras entendem ter, neste instante, sido formada a Igreja que, tal qual Eva, “saiu do lado” de Jesus, Igreja que nasce purificada pelo sangue de Cristo. (I Jo.1:7)
II- DA CRUCIFICAÇÃO À MORTE DE JESUS
“A morte de Jesus tem sido o tema principal de eternidade a eternidade. Desde a eternidade, antes da fundação do mundo, a morte de Jesus já era o tema central do céu. Deus, que na sua onisciência previu a queda do homem e as tristes consequências da mesma, determinou, no seu grande amor, dar seu filho unigênito como sacrifício pelo pecado do povo (Ap 13.8; Ef 1.4; 3.11; 1Pd 1.19,20)” (Bergstén, 2006, p. 64).
1 O local da crucificação. “O local da crucificação era a colina chamada Gólgota (calvário), nome que significa ‘lugar de crânio’ por ser redonda e lisa. Situava-se fora dos limites da cidade (Hb 13.11-13)” (Pearlman, 2003, p. 204). “Ao chegar ao cume do Gólgota, deitaram Jesus de costas no chão, esticaram seus braços sobre o travessão e pregaram os pregos agudos e grandes naquele travessão (Lc 23.33). Quando levantaram a cruz para firmá-la no chão, os pregos (ou cravos) sobre as mãos e os pés de Jesus entranhados entre os tendões pareciam rasgar a carne (Jo 20.25). Nos Evangelhos Sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas), alguns detalhes foram registrados. No texto de João 19.18, o Gólgota era público e as pessoas podiam assistir ao drama de horror a que os soldados romanos submetiam as suas vítimas.” (Cabral, 2025, p. 142).
2 A morte de Jesus. “O nascimento, a morte e a ressurreição de Jesus foram os acontecimentos mais importantes da história da humanidade: ‘que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras’ (1Co 15.3,4). Tudo isso já estava previsto nas Escrituras pelos profetas. A morte de Jesus foi expiatória e Deus propôs seu sangue para expiação dos nossos pecados: ‘Sendo justificados gratuitamente por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus apresentou como propiciação, no seu sangue, mediante a fé’ (Rm 3.21,22). Isso significa que a morte de Jesus foi diferente, pois Ele morreu em nosso lugar, pagando a nossa dívida para com Deus” (Soares, 2019, p. 86).
3. O sepultamento de Jesus. “Um discípulo discreto chamado José de Arimateia, que procurava não aparecer, mas reconhecia que Jesus era o Salvador de todos os homens (Jo 19.38), foi a Pilatos e pediu o corpo de Jesus para ser sepultado. Geralmente, as vítimas de crucificação eram lançadas numa vala comum para criminosos e não havia permissão para prantear em público pelos mortos. José de Arimateia era um membro do Sinédrio (Mc 15.43) e era um homem rico (Mt 27.57). Por ter medo dos judeus, ele evitava aparecer entre os discípulos, mas foi capaz de superar seu medo quando tomou coragem para ir a Pilatos pedir o corpo de Jesus para ser sepultado. O texto indica que o túmulo onde Jesus foi sepultado não era distante do monte do Calvário, por pertencer a um homem proeminente na cidade” (Cabral, 2025, pp. 144,145).
III- COMO FOI A RESSURREIÇÃO DE JESUS.
A ressurreição física e corporal do Senhor Jesus Cristo é o fundamento inabalável do Evangelho e da nossa fé (1Co 15.13-23). De fato, o Cristianismo não seria mais do que uma religião, se Cristo não tivesse ressuscitado. Sua morte e ressurreição O faz diferente de todos os fundadores de religiões; e faz do cristianismo o elo de ligação entre Deus e o homem. A nossa crença na ressurreição de Cristo não está baseada apenas na fé, o que já é suficiente, mas também nas inúmeras evidências. Seria impossível descrever todas, por isso, citaremos apenas algumas:
- O Túmulo vazio. Todos os túmulos famosos no mundo são conhecidos pelos corpos que contêm. Mas isto não acontece com o túmulo de Jesus, pois, ele é o único no mundo famoso pelo que não contém. Ele estava vazio na primeira manhã da Páscoa e continuou assim. O túmulo vazio é um lembrete constante da mensagem do anjo às mulheres: “Ele não está aqui: ressuscitou, como havia dito” (Mt 28.6; Mc 16.6). A grande transformação que a ressurreição de Jesus causava na vida dos apóstolos provam que eles verdadeiramente estavam convictos de que Jesus estava vivo. O desespero e o desânimo que dominava os seguidores de Cristo após a crucificação, deu agora lugar a uma alegria e ousadia que ninguém podia dominar, pois, por toda parte, davam testemunho da ressurreição dEle (At 2.24-27; 32,33; 3.15; 4.10,33; 5.30,31).
- A Pedra removida. Poucos críticos negam que uma grande pedra foi colocada na entrada do túmulo de Jesus, que o túmulo foi selado, e que uma guarda romana vigiava o local para impedir que seus discípulos roubassem o corpo (Mt 27.64-66). Nenhum deles parece negar que a pedra foi removida, abrindo o túmulo, naquela manhã de Páscoa. A grande pergunta é: quem removeu a pedra? A Bíblia tem a resposta: “E eis que houve um grande terremoto; porque um anjo do Senhor desceu do céu, chegou-se, removeu a pedra e assentou-se sobre ela” (Mt 28.2). Tanto o túmulo vazio como a pedra removida são evidências que provam a Sua ressurreição.
CONCLUSÃO:
A mensagem de Jesus mostrava que a Sua ressurreição era a comprovação de que Ele unira Deus aos homens novamente. Seus discípulos, por terem crido n’Ele, agora eram filhos de Deus, tanto que Jesus, o Filho Unigênito, agora Se tornara o primogênito, pois os que haviam crido n’Ele eram agora Seus irmãos, assim como o Seu Deus Se tornava o Deus deles.
- Ao afirmar que os discípulos eram Seus irmãos e que tinham ambos o mesmo Deus, Jesus também demonstrava que continuava a ser homem, pois como tal havia ressuscitado, ainda que glorificado desde já.
- Enquanto o racionalismo de Pedro e de João havia impedido a divulgação da mensagem da ressurreição, a sensibilidade de Maria Madalena fazia com que a ressurreição fosse anunciada aos discípulos.
O conteúdo e as opiniões expressas são de inteira responsabilidade de seu autor.
Interaja com o Portal AD Alagoas e envie sugestões de matérias, tire suas dúvidas, e faça parte do nosso conteúdo.
participe »Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Templo Sede
Av. Moreira e Silva, nº 406, Farol
Horário de Cultos
Aos Domingos 09:00h - Escola Dominical
Aos Domingos 18:30h - Culto Evangelístico
As Terças-feiras 18:30h - Culto de Doutrina
As Quarta-feiras 10:00h as 17hs - Círculo de Oração
As Sextas-feiras 18:30h - Culto de Oração