-(1Co 9.9-14)
INTRODUÇÃO
I – A RESPONSABILIDADE COM O MINISTÉRIO DE APÓSTOLO OU MISSIONÁRIO.
- A palavra “apóstolo” significa “enviado”. A primeira vez que ela aparece na Versão Almeida Revista e Corrigida é em (Mt.10:2), quando o evangelista aponta o nome dos doze apóstolos.
- Neste texto, Mateus narra que Jesus chamou os Seus doze discípulos e lhes deu poder sobre os espíritos imundos para os expulsarem e para curarem toda a enfermidade e todo o mal (Mt.10:1). Estes doze são chamados de “apóstolos”, portanto, porque foram enviados pelo Senhor Jesus para que fossem às ovelhas perdidas da casa de Israel, a fim de pregar o Evangelho.
- A palavra “apóstolo” é a mesma palavra “missionário”, esta de origem latina, de modo que, quando estamos a falar de “apóstolos”, também estamos a falar de missionários.
- Aqueles doze discípulos do Senhor Jesus foram escolhidos por Ele para serem “enviados” para as ovelhas perdidas da casa de Israel, para as aldeias e cidades que o Senhor Jesus não teria tempo de visitar durante o Seu ministério terreno, para que toda a nação de Israel pudesse ser alcançada pela mensagem do Evangelho do reino de Deus, que era pregado pelo Senhor (Mc.1:14,15).
- Não é diferente o relato de Marcos a respeito, que nos informa que, depois que Jesus foi a Nazaré, chamou a Si os doze e começou a enviá-los a dois e dois, dando-lhes poder sobre os espíritos imundos (Mc.6:7), tendo eles saído a pregar o arrependimento, tendo expulsado demônios e curado enfermos (Mc.6:12,13), tendo, depois, feito um relato ao Senhor de tudo quanto haviam feito, ocasião em que são chamados por Marcos de “apóstolos” (Mc.6:30).
- Lucas também registra este episódio, dizendo que o Senhor convocou os Seus doze discípulos, dando-lhes virtude e poder sobre todos os demônios e para curarem enfermidades, tendo-os enviado a pregar o reino de Deus e a curar os enfermos (Lc.9:1,2). Quando eles regressaram para dar o relato ao Senhor do que haviam feito, Lucas os chama de “apóstolos” (Lc.9:10).
- A noção que se tem de “apóstolo”, portanto, é daquele que é enviado diretamente pelo Senhor Jesus para realizar a obra da pregação do Evangelho a plagas que ainda não haviam ouvido a mensagem da salvação.
- É, aliás, neste sentido que o próprio Senhor Jesus é chamado de apóstolo, como se vê de Hb.3:1, quando Cristo é chamado de “apóstolo e sumo sacerdote da nossa confissão”. Ninguém teve maior condição de apóstolo que o próprio Jesus que, por diversas vezes, enfatizou que havia sido enviado pelo Pai (Lc.9:48; 10:16; Jo.3:17; 4:34).
II – O VERDADEIRO MISSIONÁRIO É UM DESBRAVADOR.
- Mas, como já dissemos supra, “apóstolo” quer dizer “enviado” e, neste sentido, como diz o Catecismo da Igreja Romana,
“…Toda a Igreja é apostólica na medida em que é "enviada" ao mundo inteiro; todos os membros da Igreja, ainda que de formas diversas, participam deste envio. "A vocação cristã é também por natureza vocação ao apostolado." Denomina-se "apostolado" "toda a atividade do Corpo Místico" que tende a "estender o reino de Cristo a toda a terra"…” .
- Por isso, no próprio Novo Testamento, Barnabé é chamado de apóstolo juntamente com Paulo em At.14:14, numa expressão que indica que se tratava aqui de reconhecer que ambos estavam desbravando o Evangelho em terras até então totalmente alheias à mensagem da salvação, como era o caso daquelas cidades da Ásia, para onde haviam sido enviados pela igreja de Antioquia, após expressa determinação do Espírito Santo (At.13:2).
- Em Rm.16:7, Paulo também se refere a Andrônico e a Junia, seus parentes e que haviam sido companheiros seus de prisão, como alguns dentre os “apóstolos”, e que, inclusive, haviam se convertido antes dele.
- Percebe-se, pois, que, desde os primeiros dias da Igreja, as pessoas que haviam sido “enviadas” para desbravar terras que ainda não tinham sido evangelizadas, que tinham sido enviadas como missionários, eram também chamadas de “apóstolos”, até porque o nome “apóstolo”, como dissemos, significa “enviado” em grego.
III – A IGREJA E O SISTEMA DE APOIO AOS MISSIONÁRIOS.
A Bíblia ensina-nos que os que se dedicam à proclamação da Palavra de Deus, sendo reconhecidos pela Igreja, devem ser sustentados pela mesma (G1 6.6; Rm 15.25-28; 1Tm 5.18; 1Co 9.9-14). O sustento financeiro de missões é uma responsabilidade básica e contínua das igrejas em todo lugar (GABY, 2023, p. 68). Nunca devemos esquecer que: “a Igreja local deve ser cúmplice dos missionários que envia, em todas as áreas, inclusive na financeira” (MELLO, 2014, p. 55). Ela precisa entender que ao comissionar alguém para qualquer tarefa que seja, estará de alguma forma indo junto com ele. Notemos:
-O missionário deve ser sustentado pela igreja. Embora Paulo renunciasse ao sustento que deveria receber da igreja por “direito” (1Co 9.6). Ele não reprova tal ação, muito pelo contrário, ele ensinou as igrejas por onde passou sobre a responsabilidade de dar sustento aos obreiros que vivem exclusivamente para a obra (1Co 9.6-12). Paulo cita o exemplo do agricultor que é o primeiro que experimenta dos frutos, e do criador de gado que se alimenta do seu leite (1Co 9.7). Na visão paulina não é diferente no âmbito espiritual, pois o sacerdote da antiga aliança que ministrava no altar dele também se alimentava (1Co 9.13; Lc 6.4), e de acordo com a Lei, os dízimos deveriam ser entregues aos sacerdotes e levitas constituídos para o ministério do culto (Nm 18.21-32; Dt 26.12; Ne 10.37; Hb 7.5). Por fim, o apóstolo apoia esta prática sob o ensinamento de Moisés (1Co 9.9; Dt 25.4) e do próprio Senhor Jesus (Mt 10.9,10).
-O missionário necessita do sustento da igreja local. Ensinando aos coríntios Paulo disse que ninguém deve trabalhar, ou militar, “à sua própria custa” (1Co 9.7). Ao invocar o exemplo do ministério sacerdotal conclui: “Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho” (1Co 9.14). Na realidade, desde o AT e através do Novo Testamento, a mensagem é a mesma: “digno é o obreiro do seu salário” (1Tm 5.18). Edison Queiroz, citando uma pesquisa sobre a obra missionária no Brasil, afirma que uma das maiores causas do retorno antecipado de missionários é a “falta de sustento financeiro” (QUEIROZ, 1998, p. 145). Segundo o autor, a igreja local precisa ter em mente que a obra missionária deveria ocupar o primeiro lugar na lista de prioridades da igreja (1Co 8.1-7). Jesus ensinou que: “aos que pregam o evangelho que vivam do evangelho” (Lc 10.7; 1Tm 5.18) e Paulo reforçou esta verdade (1Co 9.14).
-Em seu livro “Igreja Missionária, Igreja Cuidadora” Sérgio de Mello afirma que: “é preciso compreender que a palavra ‘cuidado’ precisa fazer parte do vocabulário missiológico de nossas comunidades e prática em nossa missiologia” (MELLO, 2014, p. 21). Notemos então, alguns aspectos dos cuidados da Igreja com os missionários:
-É a Igreja que: identifica, capacita, envia e cuida dos missionários. A consciência de responsabilidade da igreja para com o missionário é clara no NT (At 14.25-28; 16.1-8). Esse missionário é um ser humano como qualquer outro membro da igreja e por isso é carente de cuidados e atenção, como afirma Bárbara Burns na obra “Perspectivas do Cuidado Missionário”, asseverando que: “o envolvimento dos responsáveis pelo envio de missionários ao campo, precisa ser de forma prática e concreta para que seja garantido sempre o bem-estar dos mesmos” (BURNS, 2011, p. 18). Nesse processo, a Igreja tem a incumbência de cuidar de seus missionários e de sua família por meio de preparo adequado antes, e através das devidas assistências durante e após toda a sua vivência missionária: “Assim como líderes de igreja não são produzidos por um instituto bíblico ou seminário, missionários não são produzidos por uma agência missionária ou centro de treinamento. Eles são produzidos primeiro por suas igrejas locais, que treinam e discipulam, reconhecem seu chamado e os testam como indivíduos e como futuros líderes e missionários. [...] uma vez no campo, os missionários precisam receber a supervisão apropriada de seu trabalho, e precisam ser pastoreados pelo pastor de sua igreja local [...]” (GIRÓN, 1998, pp. 39-40). Temos os exemplos de Paulo, Timóteo, Epafrodito, Tíquico e Barnabé – que tanto foram enviados, quanto devidamente assistidos pela igreja primitiva” (At 16.4; 2Co 11.8,9; Fp 4.10-14).
-A igreja precisa cuidar do bem-estar dos missionários. Podemos ver a preocupação e o cuidado constante da igreja com o missionário (Fp 1.3-11). Em Antioquia também havia uma igreja com consciência missionária (At 11.19-26). Apesar de parecer uma tarefa simples, é um trabalho que se mostra cheio de percalços devido às várias faces das dificuldades que o missionário e sua família podem enfrentar, principalmente em uma cultura diferente, como adaptações com a língua, alimentação, doenças, questões teológicas, entre outras: “todas as dificuldades enfrentadas pelos missionários, são também responsabilidade da sua igreja como enviadora” (QUEIROZ, 1998, pp. 144-145). Os benefícios alcançam a todos sem exceção, sejam os próprios missionários transculturais ou mesmo filhos e familiares, o que implica em um processo contínuo do início até o final da vida do missionário (At 17.14,15). “O cuidado missionário é um investimento contínuo de recursos pelas igrejas e focaliza-se em cada um que está nas missões e faz assim durante todo o curso do ciclo vital do missionário, ou seja, do recrutamento até a aposentadoria” (O’DONNELL, 2004, p.17). Outro aspecto igualmente importante em se tratando do papel da igreja em relação ao cuidado com seu missionário é desenvolvido por Dr. João Marcos Cardoso, psicólogo e membro do Cuidado Integral do Missionário (CIM) e da Associação de Missões Transculturais Brasileiras (AMTB), que defende que: “O missionário vai para o seu campo transcultural e à igreja cabe o papel de cuidar da vida desse ser humano” (SOUZA, 2011, p. 38).
“O Espírito Santo e missão são termos inseparáveis, porque a Igreja é a comunidade das pessoas nascidas de novo pelo Espírito Santo, ela é a comunidade missionária” (SILVA, 2002, p. 11). Atos 13.1-4 é uma passagem crucial para compreender o papel da igreja local em missões. Deus é o agente supremo no envio de missionários (At 13.2,4). O Espírito de Deus é o agente definitivo em chamar missionários e a Igreja local é o agente mediador no envio de missionários (At 13.3). Saulo e Barnabé foram separados pela igreja em Antioquia e isso trouxe aquela igreja responsabilidades quanto a vida destes missionários.
3.1 A chegada do missionário e sua família ao campo de trabalho é sempre um misto de sentimentos por parte de todos os envolvidos no processo. Cada mudança tem suas particularidades e histórias que podem ser incentivos positivos ou negativos de acordo com cada experiência em particular e, segundo Mello, “qualquer alteração de nossa rotina ou da agenda em nossa vida pode gerar conflitos, dificuldades, dúvidas, ansiedades e, com certeza exigirá adaptação” (MELLO, 2014, p. 65). Grande parte dos possíveis problemas que os missionários vão enfrentar na sua caminhada, estão concentrados nessa fase de envio, início e adaptação no campo. “Se não forem devidamente acompanhados e instruídos em todas as etapas iniciais dessa caminhada, os missionários podem ter diversos problemas, colocando em risco todo o projeto” (SOUZA, 2011, p. 33). Mesmo apesar de ter se preparado com estudos adequados (teológico e missiológico), às vezes até com treinamento a respeito, as diferenças culturais em sua essência, só serão devidamente descobertas a partir da convivência diária, isso é o que considera: “quando essas diferenças tocam em nossa pele ou batem à nossa porta, revestem-se de significado diferente e assumem um peso que jamais poderíamos imaginar. O missionário precisa ter uma fonte de refúgio para tais impactos” (MELLO, 2014, p. 68).
- A igreja de Corinto não era generosa. Os irmãos da igreja de Corinto eram insensíveis às necessidades do apóstolo. Outras igrejas sustentaram Paulo para que o mesmo pudesse servir aos coríntios (2 Co 11.8). Depois que o apóstolo deixou a cidade, apresentou a sua defesa. Partindo de um raciocínio lógico, “quem jamais milita à sua própria custa?” (v.7), ele busca no sistema sacerdotal, estabelecido na lei de Moisés, o argumento para fundamentar essa verdade (1 Co 9.9,10), e também nas palavras do próprio Senhor Jesus (1 Co 9.14). Essa é uma referência a Mt 10.10; Lc 10.7, como ele deixa mais claro em outro lugar (1 Tm 5.17,18). 2. Fazedores de tendas. Na cultura judaica era comum os pais ensinarem ao filho uma profissão alternativa; a de Paulo era a de fazer tendas (At 18.3). Utilizou-se dela para levantar seu sustento, pois temia escandalizar os irmãos e não queria correr o risco de ser interpretado como aventureiro, em Corinto. Hoje, “fazedores de tendas” é o nome que se dá aos profissionais liberais que são enviados como voluntários para Prestarem serviços sociais às populações carentes nos países onde ser cristão ainda é crime. É um recurso usado para colocar legalmente um missionário num país desses; do contrário, ele nunca poderia ser aceito. 3. A igreja de Filipos era generosa. A igreja de Corinto não era como a dos filipenses (Fp 4.15-19). Nenhuma igreja se preocupou com as necessidades do apóstolo, exceto a igreja de Filipos. Enviava oferta na hora em que ele mais precisava. Paulo agradecia a Deus essas ofertas “como cheiro de suavidade e aprazível a Deus” (Fp 4.16,18). É dessa mesma maneira que ainda hoje Deus recebe a oferta que você oferece para o sustento missionário. Além disso você tem a garantia de que o Senhor suprirá todas as suas necessidades (4.19).
-O papel da igreja. Sãos os crentes que apoiam os missionários com suas contribuições, através da secretaria ou departamento de missões da igreja. A igreja ora, intercedendo por eles, e acompanha o seu trabalho através e relatórios escritos e também por meio de testemunhos de outros que visitam o missionário no campo. Esses responsáveis pelo sustento e pelo apoio espiritual devem entender também que fora do seu convívio a situação é muito diferente. Se não houver essa confiança, corre o risco de o trabalho no campo ficar travado.
-Apoio aos missionários. O sustento missionário inclui alimento, vestuário, moradia, educação e saúde dele e da esposa e filhos. É necessário um estudo sobre o padrão de vida do país para onde vai ser enviado o missionário, a fim de que a igreja possa enviar o suficiente para o sustento dele. Nem sempre as igrejas têm acesso a essas informações, por isso existem inúmeras agências missionárias Inter denominacionais, espalhadas no Brasil e em todo o mundo, com o propósito de orientar as igrejas. Hoje as igrejas estão se organizando para maior ênfase ao trabalho de missões nacionais e no exterior.
-Inspirada na Grande Comissão (Mt 28.19,20) a Convenção Geral das Assembleias de Deus (CGADB) criou na sua 22ª Assembleia Geral Ordinária, em 1975, na cidade de Santo André, São Paulo a Secretaria Nacional de Missões (SENAMI), para melhor cumprir o “ide” imperativo do Mestre. O objetivo, além de outros, é promover e incentivar a obra missionária, assistir às igrejas no envio de missionário e fornecer credenciais, documentos que facilitem a entrada dos missionários no exterior atendendo às igrejas. Foi criada a oferta anual para missões, no 2º domingo de setembro, levantada em todas as nossas igrejas, para que todos os crentes participem dos projetos missionários. Depois as igrejas enviam essas ofertas para a SENAMI.
CONCLUSÃO:
Nossos dízimos e ofertas são uma maneira de reconhecermos a soberania de Deus em nossa vida. A vontade de Deus é a salvação dos perdidos da terra (1 Tm 2.4). Para que essa meta seja alcançada, Deus conta com cada um de seus filhos, com todos os seus dons e talentos. O nosso apoio aos missionários deve ser a oração, contribuição através da igreja ou de sua secretaria ou departamento de missões. Glória a Deus por nossa Igreja, que cuida maravilhosamente dos nossos missionários. Amém.
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