INTRODUÇÃO
- Iniciando o estudo dos embates entre a Igreja de Cristo e o império
do mal, analisaremos hoje a distorção da doutrina bíblica do pecado.
- Nesta lição, estudaremos sobre a realidade do pecado à luz das
Escrituras; o que o pecado trouxe para o ser humano e quais as
consequências deste terrível ato contra Deus.
- Através do liberalismo, o mundo procura fugir da realidade do
pecado.
I – A CONTRARIEDADE AO PECADO
- A palavra hebraica “hatah” e a grega “hamartia” originalmente
significam respectivamente: “errar o alvo, falhar no dever” (Rm 3.23).
Existem outras várias designações bíblicas para o pecado, muito mais do
que há para o bem. Cada palavra apresenta a sua contribuição para formar a
descrição completa desta ação horrenda contra um Deus santo. Em um sentido
básico pecado é: “a falta de conformidade com a lei moral de Deus, quer em
ato, disposição ou estado” (CHAVES, 2015, p. 128). Podemos afirmar ainda
que: “O pecado é a transgressão da Lei de Deus” (1Jo 3.4).
- Depois de termos visto a oposição entre a Igreja de Cristo e o
império do mal, como o espírito da Babilônia nada tem que ver com a
Palavra de Deus, assim como a mentira nada tem que ver com a verdade,
passaremos a analisar diversos pontos em que se manifesta esta contraditoriedade.
- Diz respeito à distorção da doutrina bíblica do pecado. Como diz Salomão, “há
alguma coisa de que se possa dizer: vê, isso é novo? Já foi nos séculos
passados, que foram antes de nós” (Ec.1:10).
- Sendo um sistema forjado por Satanás, o mundo, o que se está a
denominar em nosso trimestre de “império do mal”, “espírito da Babilônia”,
não poderia ter outra premissa senão a mentira, a mesma mentira com que
Satanás enganou o primeiro casal no Éden.
- O Senhor havia dito ao homem que, se ele comesse do fruto da árvore
da ciência do bem e do mal, morreria (Gn.2:16,17) e, ao fazê-lo, indicou
claramente que havia o bem e o mal e que a prática do mal seria
desobediência e que isto, que nada mais é que o pecado, traria a morte
para o homem.
- O diabo, entretanto, mentiu a Eva, dizendo que não haveria morte
alguma, que a prática da desobediência traria a independência em relação a
Deus, poder e que, com isto, o homem seria igual a Deus (Gn.3:5). Nota-se,
pois, que a mentira satânica envolvia a descrença na ideia de pecado e a
concepção de que o pecado traria benefícios em vez da morte.
- Desde então, esta estratégia do inimigo tem se repetido, geração
após geração, fazendo com que o homem não acredite que o pecado exista e
que traz a morte, a perdição eternas.
- A palavra “pecado” surge, pela vez primeira, nas Escrituras, na
Versão Almeida Revista e Corrigida, em Gn.4:7, onde o Senhor adverte Caim
de que ele deveria dominar sobre o pecado, sob pena de ser dominado por
ele. Tem-se, pois, a dura realidade advinda da queda do primeiro casal,
que fez com que os homens passassem a viver o estigma do pecado, a ter uma
constante luta contra ele.
- No entanto, quando vemos a narrativa bíblica da Criação, vemos que
Deus não havia criado o pecado. Em Gn.1 e 2, vemos que Deus criou todas as
coisas, nos céus e na terra, mas que tudo quanto havia criado era bom,
muito bom (Gn.1:31). Como, então, explicar que tenha vindo a existir o
pecado e o mal? É esta, sem dúvida, uma das principais questões que devem
ser enfrentadas pelo estudioso das Escrituras. Se Deus fez tudo bom, como
é que existe o mal?
- Esta questão teológica e filosófica, conhecida como “o problema do
mal”, é, sem dúvida, o primeiro ponto a ser enfrentado pela doutrina do
pecado. O pecado é algo mal, é algo que nos separa de Deus (Is.59:2).
Como, então, entender o seu aparecimento, se tudo o que Dez fez foi bom?
- Devemos observar que Deus, ao criar todos os seres, dotou
alguns deles de livre-arbítrio, ou seja, da liberdade de escolher entre o
bem e o mal. Deus é bom (Mt.19:17; Mc.10:18; Lc.18:19) e, por
isso, tudo quanto criou é bom (Gn.1:31), mas, ao criar os anjos e os
homens, dotou-os do poder de escolher entre servir ou não servir a Deus.
- A igreja prega a união, e o amor entre as pessoas. Como
consequência do pecado o mundo prega a desunião, o desamor, o ódio de uns
contra os outros. O domínio do pecado sobre o homem faz com que sejam
praticadas as chamadas “obras da carne” (Gl.5:19-21), que prejudicam
grandemente a própria convivência e sobrevivência da humanidade.
- O pecado, a começar da família, dilapida a estrutura social e
instala a barbárie e o egoísmo como modos de sobrevivência e de
permanência no convívio social.
- Por mais tecnologicamente civilizados que estejam os homens, o
aumento do pecado produz cada vez mais pecado, cada vez mais maldade, cada
vez mais selvageria.
- Apesar de estar na era da telemática, de um desenvolvimento
tecnológico nunca antes visto, quem se atreveria a dizer que estamos num
mundo mais honesto, mais pacífico, menos cruel do que nossos avós?
- Esta consequência é tão nefasta que o próprio Jesus nos mostra que
atingirá até mesmos aqueles que já alcançaram a salvação um dia. “E por se
multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará” (Mt.24:12). Este
“muitos”, no original “pólus” (πόλυς), significa “quase todos”, “a grande
maioria”. O efeito devastador do pecado é tanto que quase todos os que um
dia receberam o amor de Deus derramado em seus corações pelo Espírito
Santo (Rm.5:5) se esfriará, desaparecerá. Que Deus nos guarde!
- O mundo altera o significado de “amor”, tornando-o de um
comportamento num mero sentimento, numa simples emoção, não raras vezes
confundida com a mera satisfação egoística e que se reduz ao aspecto
meramente instintivo e sexual. A confusão entre “eros” e “amor” é mais uma
distorção que busca enganar os que não creem na Palavra de Deus.
II - O LIBERALISMO E SUAS
DETURPAÇÕES SOBRE O PECADO
- Os padrões da ética humana baseadas no pensamento liberal mudam
conforme as tendências dos valores morais da sociedade.
- Com o passar do tempo tem havido uma verdadeira “involução” no que
diz respeito a ética, a moral e os bons costumes.
- Segundo Grenz (2016, p. 12) “há um consenso entre muitos
observadores sociais de que o mundo ocidental está em meio às
transformações.
- Na verdade, tudo indica que estamos fazendo a travessia da era
moderna para a pós-moderna”. Paulo previu isso quando falou sobre o fim
dos tempos, asseverando que as coisas se tornarão piores à medida que o
fim se aproximasse: “Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão
tempos trabalhosos” (2Tm 3.1). “Da expressão 'tempos trabalhosos', no
grego, temos o adjetivo 'chapelos', que significa 'difícil', 'árduo',
dando a entender um período de 'tensão', de 'maldade'; serão tempos
difíceis de suportar, perigosos e problemáticos para a igreja em geral”
(CHAMPLIN, 2014, ).
1- A negação dos absolutos. Segundo
Grenz (2016, p. 28), “os pós-modernos questionam o conceito de verdade
universal. Eles olham para além da razão e dão guarida a meios não racionais de
conhecimento, dando às emoções [...] uma posição privilegiada”. Nancy (2000, p.
44) acrescenta que “pós-modernistas, são céticos, senão ressentidos, com
relação a valores morais absolutos”. Eis por que a Bíblia Sagrada se faz tão
necessária à raça humana, pois é um livro que trata com valores absolutos, pois
absoluto Ele é (Dt 32.4; Sl 31.5; Jo 14.6; 17.17; Jo 16.13).
2- A relativização dos valores. Há
quem defenda que valores éticos e morais sejam relativos ao tempo, lugar,
cultura ou há um grupo. Ensinam que nada é certo e nada pode ser considerado
errado. Tudo depende da subjetividade do momento. Andrade (2006, p. 318) diz
que o relativismo “é uma concepção filosófica segundo a qual nada é
definitivamente certo nem absoluto”. No relativismo não há uma fonte
transcendente de verdade moral, e podemos construir nossa própria ética e
moralidade. Todo princípio é reduzido a uma preferência pessoal. Em contraste,
os cristãos acreditam em um Deus que tem falado, que revelou um padrão absoluto
e imutável de certo e errado, na Sua Palavra (Êx 20.1-17), baseado, em última
instância, em Seu próprio caráter santo (Lv 11.45; 20.26; 1Pd 1.16).
3- A inversão de valores. Entende-se
por inversão de valores, a negação ou substituição dos valores absolutos
conforme descritos na Palavra de Deus, por valores temporais, relativistas e
circunstanciais, que são facilmente ajustáveis às épocas em que estão
inseridos. O profeta Isaías reprovou severamente a inversão de valores (Is
5.20). Paulo disse que os homens pagãos “[...] mudaram a verdade de Deus em
mentira [...]” (Rm 1.25). Enquanto o mundo tem os seus valores deturpados pelos
formadores de opinião que utilizam a escrita, televisiva e a internet para
disseminarem suas ideias, nós cristãos, no entanto, fomos chamados para fazer a
diferença, como sal da terra e luz do mundo (Mt 5.13,14). Nosso formador de
opinião é o Espírito da Verdade que nos guia em toda a verdade, que é a Sua
Palavra (Jo 16.13; 17.15).
Conclusão: concluímos
dizendo que as consequências do pecado trazem indignidade a pessoa humana. Com
efeito, o pecado torna o homem indigno, à mercê do inimigo de nossas almas e
separado de Deus. Nestas circunstâncias, o homem decai completamente de sua
natureza e passa a ser um instrumento de iniquidade, que se autodestrói, que, a
cada instante, ocasiona a sua própria degradação.
- Quando vemos a que ponto tem
chegado o ser humano, a que ponto o ser humano tem se tornado vil e desprezível
aos olhos dos próprios homens, vemos como o homem tem se tornado indigno, tem
sido vilipendiado.
- Vemos, portanto, que o pecado tem
consequências extremamente danosas e o homem não tem como enfrentá- las.
Estaria, pois, irremediavelmente perdido se Deus não o amasse e não
providenciasse um escape.
- Por isso mesmo, o mundo distorce
esta verdade bíblica, fazendo com que o homem não enxergue a situação
deplorável em que se encontra e que precisa de salvação, que Deus já
providenciou.
- Não é à toa que um dos papéis do
Espírito Santo é precisamente o de convencer o homem do pecado (Jo.16:8), pois
uma das coisas que o mundo faz é manter o homem alheio a esta ideia de pecado,
fazê-lo crer que o pecado não existe ou, se existe, não traz tanto mal assim ao
homem.
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