Jó 4:7,8
INTRODUÇÃO:
Elifaz, segundo o relato da Bíblia, foi um dos três companheiros
de Jó. (Jó 2:1); Era provavelmente descendente
de Abraão e um parente distante de (Jó.1). Elifaz,
o temanita, como dizem as escrituras sagradas no capítulo 4 do livro de Jó, era
neto de Isaac filho de Abraão;
no livro de Gênesis 36:4,15, a Bíblia nos mostra claramente os
descendentes de Esaú e nós podemos entender mais sobre Elifaz. Dentre
os três “consoladores”, Elifaz era o mais importante e influente, o que sugere
que talvez tenha sido também o mais idoso, por exemplo:
- Ele
fala primeiro, nas três fases do debate;
- Os
seus discursos são mais extensos.
- Analistas
consideram que Elifaz representa a sabedoria de Edom; deste modo ele tem o mesmo nome
que Elifaz (filho de Esaú).
- A
suma do discurso de Elifaz supõe que a justiça, invariavelmente, produz
bem-estar; e a injustiça, o infortúnio; e, que existe uma proporção direta
entre o pecado e o sofrimento. Esta proposição é falsa ou verdadeira?
Ponha este tema em discussão. Converse com seus alunos sobre as diversas
formas utilizadas pelas pessoas para receberem benefícios de DEUS.
Mostre-lhes a falha de sua atitude demonstrando biblicamente que não há
nada que o homem possa fazer para merecer o favor divino. O pensamento de
Elifaz era coerente com o teor do discurso de Satanás, o armador de
ciladas. Primeiro ele (o Diabo) diz a DEUS: ―...toca em tudo quanto
tem e verás se não blasfema de ti.‖ (1.11). Em seguida, apropria-se
da boca de Elifaz para confundir Jó de forma contundente: ―Quem você
pensa que é? ‖ (4.7).
Texto áureo: “Não pelas obras de justiça que houvéssemos
feito, mas, segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração
e da renovação do ESPÍRITO SANTO” (Tt 3.5).
A LAVAGEM DA REGENERAÇÃO. Isto se refere ao novo
nascimento do crente, visto simbolicamente no batismo cristão. A
"renovação do ESPÍRITO SANTO" refere-se à outorga constante da vida
divina aos crentes à medida que se submetem a DEUS (cf. Rm 12.2)
Verdade Prática:
DEUS não trata seus filhos com base num amor
mercantilista e comercial. A base de seu relacionamento para conosco é a sua
graça, infinita e inexplicável graça.
Rm 5.21 “Para que, assim como o pecado reinou na
morte, também a graça reinasse pela justiça para a vida eterna, por JESUS
CRISTO, nosso Senhor. ”
A "justificação de vida" para todas as
pessoas é em potencial; ela torna-se real, no homem, à medida que este crê em
CRISTO e recebe a graça, a vida e o dom da justiça por JESUS CRISTO (v. 17).
I - OS PECADORES NO CONTEXTO DA JUSTIÇA
RETRIBUTIVA:
- Elifaz
primeiro usa a lei da semeadura e da colheita. O Homem colhe o que planta (Gl
6:7) NVT:”Não
se deixem enganar: ninguém pode zombar de Deus. A pessoa sempre colherá
aquilo que semear. ”
- A
perigosa teologia de Elifaz. Detenhamo-nos em alguns trechos de seu
discurso: ―Lembra-te, agora: qual é o inocente que jamais pereceu? E
onde foram os sinceros destruídos? Segundo eu tenho visto, os que lavram
iniquidade e semeiam o mal segam isso mesmo. Com o hálito de DEUS perecem;
e com o assopro da sua ira se consomem‖ (Jó 4.7-9).
Deste pronunciamento, depreendemos que a teologia
de Elifaz tinha como base a ideia de um relacionamento mercantil com DEUS. Ou
seja: se lhe formos fiéis e lhe prestarmos a adoração que Ele demanda, seremos
certamente abençoados; nenhum mal nos atingirá. Trata-se, pois, de uma simples
troca comercial. Em linguagem popular: um toma-lá-dá-cá.
- Uma
teologia sofismática. Usando e abusando dos sofismas, Elifaz erradamente
conclui: apenas os que desagradam a DEUS sofrem; se Jó estava sofrendo,
logo: cometera ele algum pecado contra o Senhor. Desconhecia ele, por
acaso, a história de Abel? (Gn 4.4-8) Ou o drama vivido por Enoque que,
por trezentos anos, profetizara num mundo que em nada diferia do inferno?
(Gn 5.22-24) Ou por acaso ignorava o fato de o patriarca Noé haver
construído a arca sob os impropérios de uma geração que se achava completamente
tomada pelo demônio? (2Pe 2.5) Registra a História Sagrada que homens
piedosos, dos quais não era digno o mundo, acabaram perecendo da forma
mais inimaginável e repulsiva (Hb 11.37,38).
- Então,
como pôde Elifaz jogar com as palavras, a fim de atribular ainda mais a
Jó? Seus sofismas não resistem ao menor dos exames.
- Uma
teologia perversa. Elifaz ultrapassa todos os limites do bom senso; chega
a tratar o patriarca de injusto e louco (Jó 5.1-5). Suas acusações não
terminam aí; atingem a própria família do patriarca. Se esta havia
perecido, então um só era o culpado: Jó. Como se haver numa situação
dessas? Como suportar tão graves incriminações?
II - OS PECADORES DIANTE DE UM DEUS
INFINITO.
- Deus
não se importa com quimeras humanas.
- Deus
caminha com os homens.
- Sua
Graça é antídoto contra a doutrina do fatalismo.
- Elifaz,
à semelhança de muitos religiosos de nossos dias, acreditava que o homem,
penitenciando-se e tudo fazendo por comprazer a DEUS, jamais será atingido
por quaisquer calamidades. Supunha ele ser possível agradar a DEUS com
boas obras, e com boas obras levá-lo a afastar de nós as angústias e
tribulações desta vida (Rm 8.35- 37). O que diz a Bíblia?
- A
imperfeição das obras humanas. Ignorava Elifaz que, por mais perfeitas que
nos sejam as obras, jamais poderemos justificar-nos diante de DEUS, pois
não passam elas de trapos de imundície (Is 64.6). Em consonância com
Isaías, pergunta Miquéias: ―Com que me apresentarei ao SENHOR e me
inclinarei ante o DEUS altíssimo? virei perante ele com holocaustos, com
bezerros de um ano?‖ (Mq 6.6).
- Como
poderá o homem justificar-se diante de DEUS? É a pergunta que nos faz Jó?
(Jó 25.4) Temos aqui uma das mais importantes indagações teológicas. O
homem não necessita praticar obra alguma para alcançar o favor divino nem
para ser justificado diante de DEUS. Só nos é necessária uma única coisa:
aceitar a JESUS e confiar em seus méritos como nosso suficiente salvador.
Isto significa que, através de CRISTO, seremos vistos por DEUS como se
jamais houvéramos cometido qualquer pecado ou iniquidade. E, assim,
seremos declarados justos com base na justiça de CRISTO (Rm 5.1-8).
III - A IDEOLOGIA DO FATALISMO E AS LICOES
DO SOFRIMENTO:
- Na
filosofia greco-romana, o fatalismo é a concepção que
considera serem o mundo e os acontecimentos produzidos de modo
irrevogável. É também a crença de que uma ordem cósmica, dita Logos,
preside a vida quotidiana. E que tudo de ruim, sofrimentos que vem, são
consequências de seus atos.
- Fatalismo: É a crença de que tudo que
acontece de ruim ao homem, é consequência de suas ações; E "o que será,
será", já que todos os eventos passados, presentes e futuros já foram
predeterminados por Deus ou outra força poderosa.
- Há
propósitos positivos do sofrimento. Se confiarmos em Deus, a dor e o
sofrimento pode servir alguns propósitos positivos, incluindo: (a)
conseguir a nossa atenção; (b) permitir que Deus demonstre seu poder (Jo
9.1-3); (c) pôr à prova nossa integridade (Jó 2.1-3); (d) produzir
perseverança e caráter (Rm 5. 3-5); (e) proporcionar disciplina (Hb
12.10,11); (f) eliminar o orgulho egoísta (2Co 12.7) (g) desenvolver
maturidade (Tg 1.2-4) (h) edificar a fé (1Pd 1.3-7) (i) ajudar-nos a nos
relacionar com Cristo e a sermos mais parecidos com Ele (Rm 8.28-29); (j)
proporcionar oportunidade para servir e consolar outras pessoas (2Co
1.3-6); (l) modificar nossa perspectiva das coisas terrenas para as coisas
eternas (2Co 4.17,18); e por fim, (m) fazer com que os rebeldes se
convertam a Deus (1Co 5.1-5) (STAMPS, 2018, p. 629).
- No
sofrimento adquirimos maturidade. As provações nos tornam maduros e
completos (Tg 1.4). Diversos personagens da Bíblia tiveram seu caráter
moldado pelas situações adversas que enfrentaram, a saber: (a) Abrão
amadureceu na fé através circunstâncias difíceis pelas quais foi submetido
(Gn 12.1-3; 10-20; 22.1-18); (b) as aflições que José enfrentou o
prepararam e o conduziram para o que Deus prometeu (Gn 45.5-8); e, (c) o
deserto e a escassez de alimentos serviram para moldar a nação de Israel
(Dt 8.1-3). Paulo tinha essa consciência, por isso asseverou: “E sabemos
que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a
Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8.28).
- O
sofrimento é passageiro. Todos os sofrimentos e dificuldades deste tempo
presente – doenças, sofrimentos, dor, desapontamentos, injustiça, maus
tratos, angústias, perseguição e dificuldades de todo tipo – devem ser
consideradas insignificantes, quando em comparação com as bênçãos, os privilégios
e a glória que será dada aos seguidores de Cristo na eternidade: “Porque
para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para
comparar com a glória que em nós há de ser revelada” (Rm 8.18). Diante dos
privilégios que teremos no céu com o Senhor, o sofrimento do cristão é
passageiros (Mt 5.12; 2Co 4.10; 2Co 4.17; Fp 3.20).
CONCLUSÃO:
Aprendemos ao nos defrontar com essas duas
teologias: a de Elifaz e a da graça de DEUS. Ambas respondem a esta
pergunta: Por que o justo tem de sofrer? De conformidade com Elifaz, que veio
de Temã para consolar a Jó, se este sofria era porque, em algum momento de sua
vida, desagradara a DEUS. Logo: houvesse Jó agradado a DEUS, como Ele o requer,
nenhuma tribulação teria advindo sobre si. Estaria correta esta teologia? Não
lhe parece isto um mero relacionamento mercantil? Ou um escambo?
O fato de servirmos a DEUS não nos torna imunes às
lutas, dificuldades e provações. Pelo contrário! Somos, às vezes, mais
atribulados do que os ímpios. Mas, que importa?
Elifaz, como muitas pessoas hoje em dia, não
aceitava o sofrimento do justo atribuindo a este alguma falha que pudesse
desencadeá-lo. Este episódio nos serve de lição para mostrar como é falível a
visão humana. Nunca poderemos entender os desígnios de DEUS, pois nossa visão é
terrena e limitada. Devemos, antes, aceitá-los, porque DEUS é soberano e seu
domínio se estende por todo o universo e, nada acontece sem sua permissão. O
homem é incapaz de justificar-se perante DEUS. O único escape é refugiar-se na
graça divina, pois, é ela que nos justifica. Conclui-se, pois, estar totalmente
equivocada a teologia mercantilista de Elifaz. Nossa comunhão com DEUS não é um
mero e vulgar e imoral toma-lá-dá-cá. Se os homens se contentam com escambos,
nosso DEUS, não; Ele não se vende nem se deixa comprar: sua graça é real,
eficaz e sempre abundante. Sua graça é mais do que suficiente! Salva- nos e
proporciona-nos as mais doces consolações. Isto não significa estejamos imunes
às tribulações. Certamente elas virão. Todavia, em tudo e, por tudo, seremos
consolados
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