INTRODUÇÃO
Essa lição pode levantar dúvidas na mente das pessoas, porque parece contradizer o ensinamento do apóstolo Paulo referente à questão de fé e obras. Nas suas epístolas aos Romanos e Gálatas, Paulo ensina que não podemos ser salvos pelas obras; recebemos a salvação somente pela graça de DEUS mediante a fé. Nessa passagem, Tiago afirma que somente a fé não é suficiente para a salvação. Para que ocorra a salvação, a fé precisa estar acompanhada de obras.
A contradição é apenas aparente. Os estudantes da Bíblia concordam que os dois autores inspirados estavam dando significados diferentes às mesmas palavras. Quando Tiago usa a palavra fé, ele se refere a um consentimento meramente intelectual. Quando Paulo fala de fé, ele se refere à convicção que traz consigo o consentimento da vontade. Quando Paulo fala de obras, ele se refere às obras da lei, i.e., as obras do legalismo judaico que nunca podem salvar a alma. Quando Tiago fala das obras ele se refere às boas ações que fluem naturalmente de um coração cheio de amor para com DEUS e o próximo.
I - O SIGNIFICADO DE MISERICÓRDIA
1. Definição
1.1. Misericórdia (Lat. misericórdia): 'compaixão suscitada pela miséria alheia'
1.2. A misericórdia deve atuar em nossas vidas todos os dias (Sl 23.6)
2. Misericordioso
2.1. Misericordioso: (Gr) 'entranhas de misericórdia ou de bondade'
. É um sentimento que vem do íntimo da pessoa (Ex: Fm 1.12)
. A expressão indica que servimos um Deus misericordioso (Sl 103.8)
. Essas são qualidades morais de Deus (Lc 6.36)
2.2. Um cristão tem qualidades para ser 'misericordioso' (Gl 5.22)
II - A MORDOMIA DA MISERICÓRDIA CRISTÃ
1. Obras de misericórdia na prática
. Misericórdia é como o amor, pois, ela só tem valor se praticada
. Exemplo: A Parábola do Bom Samaritano (Lc 10.25-37) Observe: Lc 10.36,37
2. Somos criados para as boas obras (Ef 2.8,10; Tt 3.8)
2.1. Na área das necessidades humanas
. Misericórdia só tem valor se for praticada. (Ex 3.20)
. Há uma lista enorme de necessidades humanas (Mt 25.35,36)
. Quem ajuda em prol do necessitado, está fazendo a Cristo (Mt 25.40)
2.2. Boas obras na área das necessidades da espirituais
. As necessidades espirituais do homem são grandes, que Deus enviou a Cristo para salvá-lo (Jo 3.16)
. O exemplo de Jonas e como Deus lhe fala (Jn 4.11)
. A misericórdia triunfou sobre o juízo (Tg 2.13)
2.3. Na área da evangelização e das missões
. Deus vê a necessidade do mundo, e, quer que seus servos também vejam (Jo 4.35)
. Precisamos colocar nossa compaixão em ação (Mc 6.34)
2.4. A falta de misericórdia pelos pecadores
. A igreja, no geral, tem negligenciado a misericórdia pelos pecadores (Ap 2.5)
. Deus não tem prazer na morte do ímpio (Ez 33.11)
. A ordem ainda continua: 'Ide' (Mc 16.15)
. Livra os que estão indo para a morte sem Deus (Pv 24.11)
III- A NOSSA FÉ SEM OBRAS É MORTA.
(Tg 2.14-17)
1. Fé e obras
Caracterizando a verdadeira fé.
Falar sobre fé implica diversos fatores. Ela precisa ter um conjunto de valores que estejam conjugados de forma doutrinária, um modelo de culto e uma forma de interação entre as pessoas que dessa fé participam. Mas a fé também precisa ser prática, ou seja, precisa ser demonstrada no dia a dia de seus crentes. E a fé cristã não pode ser resumida em um conjunto de preceitos sem prática, ou será morta aos olhos daqueles que nos observam.
Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora CPAD. pag. 85-86.
-(Tg 2.1) Tiago suaviza sua exortação ao identificar-se com seus leitores. Ele escreve aos meus irmãos (v. 14). A fé que Tiago rejeita não é reconhecida por ele como fé verdadeira. Ela é uma confissão ou declaração, mas não uma realidade. Que aproveita se alguém disser que tem fé e não tiver as obras? Porventura, a fé pode salvá-lo? Phillips apresenta o sentido correto da segunda pergunta: ―Porventura esse tipo de fé poderia salvar a alma de alguém?
A. F. Harper. Comentário Bíblico Beacon. Tiago. Editora CPAD. Vol. 10. Pag. 169.
-(Tg 2.14 ) Esta pessoa que afirma que tem fé obviamente pensa que somente a sua fé, sem nenhuma boa obra (realizada em obediência a DEUS), seja satisfatória aos olhos de DEUS.
No entanto, a fé que não é acompanhada pelas obras não tem valor para a salvação. Qualquer pessoa pode dizer que tem fé, mas, se o seu estilo de vida continua sendo egoísta e mundano, então de que adianta esta fé? Trata-se meramente de uma fé a respeito de JESUS, e não de uma fé em JESUS. Este tipo de fé não salva ninguém. Na verdade, a fé que salva é a fé que fica evidente nos atos que ela produz.
2- Duas imagens nos ajudam a recordar a importância da fé genuína:
1. Em um lado, estão pessoas que aparentam ter a confiança de estar na presença de DEUS, mas que não mostram evidências de que a sua fé afeta qualquer um de seus atos. Elas podem até mesmo se orgulhar do fato de poderem crer naquilo que quiserem e de que ninguém tem o direito de desafiar a sua fé. Afinal, elas parecem dizer: ―Só DEUS pode realmente saber.
2. No outro lado, estão pessoas cujas vidas demonstram uma agitação tão frenética, que elas literalmente não têm tempo de pensar ou falar sobre a sua fé. Estas pessoas, cujas vidas, a princípio, exibiam as características de alguém que crê, acabam tendo dúvidas verdadeiras. Elas duvidam da aceitação de DEUS e se sentem obrigadas a trabalhar arduamente com a esperança de obter aquela aceitação. Mas o esforço para obter méritos na presença de DEUS pode se tornar um substituto da fé. Tiago nos ajuda a enxergar que a fé genuína sempre combinará uma profunda confiança em DEUS com ações coerentes no mundo.
Aquele que é salvo não é o que afirma ter fé, mas aquele que verdadeiramente tem fé. Alguém poderia perguntar: ―Mas, se a fé genuína nunca tiver uma oportunidade real de ser demonstrada em ação?‖ Um exemplo de fé genuína ao qual se dedicou pouco tempo é o caso do ladrão na cruz, que creu em JESUS (Lc 23.32-43). Diante da morte, este homem reconheceu JESUS como sendo o CRISTO. Será que a fé deste homem, genuína e de curta duração, o levou a uma ação verdadeira? Com certeza! O ladrão moribundo disse algumas palavras de profunda eloquência: ―Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu Reino.(Lc 23.42).
O ladrão não tinha sequer ideia de quantas vezes o seu simples testemunho de confiança, durante a sua derradeira agonia, daria esperanças a outras pessoas que se sentiriam como se estivessem além do alcance do auxílio de DEUS.
A maioria de nós tem muito mais tempo do que o ladrão na cruz. A nossa vida tem sido um testemunho tão positivo quanto foi o daquele homem? Será que nós declaramos a nossa fé e então demonstramos a sua vitalidade na nossa vida? Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 674- 675. -(Tg 2.14) ―De que adianta, meus irmãos, se alguém diz ter (somente) fé, mas não tem obras?‖ Tiago não quer dizer que isso de fato existe: fé sem obras. Fala apenas de alguém que assevera que tem ―fé‖, que é ―crente‖. Contudo, não tem obras. Não existe outra fé senão aquela que é ativa no amor.
1 – Que significa ―”CRER”, em grego pisteúein?
A palavra grega significa: ―confiar em alguém‖. Tem em vista um relacionamento pessoal com outro ser humano. O mesmo também acontece com nosso termo ―crer‖. Está ligado à ideia de ―prometer‖, ―amar‖, e tem o sentido de ―confiar‖ em alguém, ―confiar-se‖ a ele. No NT ―crer‖ significa: viver com DEUS, com JESUS CRISTO em comunhão pessoal no convívio diário e confiante.
JESUS compara a fé com a ligação intrínseca entre ramo e videira (Jo 15.4s). Paulo escreve: ―Sede radicados nele(Cl 2.7). Não é diferente o entendimento de Tiago acerca da fé aprovada na tribulação (Tg 1.2), que não se deixa separar de seu Senhor por ninguém e por nada.
2 – Que significam aqui as ―obras, em grego: érga?
a) O sentido não é de ―obras da lei‖, das quais Paulo declara que não justificam o ser humano (Rm 3.20,28). ―Lei‖ nessa acepção é o dever imposto ao ser humano, ou melhor, que ele mesmo se impõe com a finalidade de construir a própria salvação pelo respectivo cumprimento. Constitui informação inequívoca de todo o NT que o ser humano não pode nem deve criar assim sua salvação. Tiago, que no v. 13 diz que a misericórdia triunfa sobre o juízo, de forma alguma representa uma exceção nesse caso. ―As obras da lei: é como se na parábola do filho pródigo (Lc 15.11ss) o Pai tivesse estendido um bilhete pela fresta da porta ao filho que retorna, com as condições prévias para tornar a aceitá-lo na casa paterna.
CONCLUSÃO
Que Deus nos ajude a praticarmos as obras da misericórdia, com uma boa mordomia, uma boa administração, para que em tudo Deus seja glorificado. Pois obras não salvam, mais somos salvos para praticar boas obras(Ef 2:10).
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