Texto: Mateus 26.36-41
INTRODUÇÃO:
A vigilância é um tema significativo no relato da angústia de Jesus no Getsêmani. Jesus disse a Pedro, João e Tiago, seu irmão: “A minha alma está cheia de tristeza até à morte; ficai aqui e vigiai comigo” (Mt 26.38). Outra vez, disse a esses três discípulos, depois de ter orado ao Pai pedindo que, se possível, passasse dele o cálice: “Meu Pai, se é possível, passa de mim este cálice” (v.39), e a seguir: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca” (v. 41). O termo grego para “vigiar” nessas duas passagens é o mesmo, gregoréo, mas o sentido em cada uma delas difere pelo contexto. No v. 38, indica ficar despertado, acordado. O Dicionário exegético do Novo Testamento, de Horst Balz e Gerhard Schneider, explica que esse verbo “significa em primeiro lugar não dormir” e justifica esse significado primário pelo fato de Jesus exortar três vezes os seus discípulos no relato do Getsêmani a permanecerem acordados com ele, e o dicionário acrescenta ainda que a parábola do servo vigilante (Lc 12.36-38) “deve ser entendida no sentido de não dormir” (p. 801). O grifo não é nosso. De fato, o verbo é derivado deegrégora, perfeito de egeiro, “levantar, acordar, despertar”. O apóstolo Paulo usa esse verbo em contraste com dormir (1 Ts 5.6). A ideia de vigiar e vigilância é figurada. Devemos estar atentos a tudo sobre as especulações da falsa batalha espiritual.
I - O SIGNIFICADO DE VIGILÂNCIA
1. Vigiar, estar alerta
1.1. Aparece 22 vezes na bíblia. A ideia principal dessa vigilância é escatológica (Mt 24.42,43; 25.13). É denotado, também, para uma vigilância geral (1Co 16.13; Cl 4.2; 1Pe 5.8)
1.2. O que Jesus quis dizer com 'vigiai comigo'
. Que os discípulos ficassem acordados e continuassem a orar
. Que se protegessem de alguma intromissão enquanto oravam
2. Vigiar, guardar, cuidar
2.1. Vigiar (Gr: agrypnéo): manter-se acordado, vigiar, guardar, cuidar
. Duas vezes aparece no sentido escatológico (Mc 13.33; Lc 21.36)
. Indica vigilância nas orações e súplicas (Ef 6.18)
. Apresenta a ideia de 'cuidar ou velar' (Hb 13.17)
3. Vigiar, ser sóbrio
3.1. Vigiar (Gr: nepho): ser sóbrio
. 1Ts 5.8; 2Tm 4.5; 1Pe 1.13
3.2. Vigiar (Gr: nepho + gregoréo) :
. aparece no sentido figurado de 'vigilância' (1Ts 5.6; 1Pe 5.8)
3.3. Vigiar: (Gr: eknepo)
. Aparece uma vez, somente (1Co 15.34)
II - JESUS NO GETSÊMANI
1. Getsêmani
1.1. Getsêmani (Aramaico) : prensa de azeite
1.2. Localizado no sopé do Monte das Oliveiras
1.3. A revelação dos evangelhos sobre Getsêmani
. Mateus e Marcos o identifica como 'Getsêmani' (Mt 26.36; Mc 14.32)
. Lucas o identifica como 'aquele lugar' (Lc 22.40)
. João o identifica 'o outro lado do ribeiro de Cedrom, onde havia um jardim (Jo 18.1).
III – A IMPORTÂNCIA DA VIGILÂNCIA ESPIRITUAL
A vigilância é o ato ou efeito de vigiar, o estado de quem permanece alerta, de quem procede com precaução nas várias áreas da vida, principalmente na vida espiritual. A atitude de vigiar na vida espiritual implica em algumas atitudes. Notemos:
3. Vigiar implica ter consciência das realidades espirituais. Ter consciência dos perigos espirituais contidos no reino oposto de Satanás, e resiste-lhes ativamente. Tal batalha trava-se no reino espiritual das nossas vidas, pois nós não lutamos contra carne e sangue, mas sim contra um poder espiritual hostil e seus malévolos princípios (Ef 6.12). Quanto mais nos lembrarmos da realidade desse outro mundo invisível, mais vigilantes devemos estar. Acerca disso Paulo diz: “Porque não ignoramos os seus ardis” (2Co 2.11). Pedro também afirmou que: “o diabo [...] anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1Pd 5.8). Quanto mais inclinados estivermos para o mundo secular, menos vamos considerar as realidades espirituais, desprezando assim ordenar as nossas vidas de harmonia com elas. Estar vigilante no sentido bíblico, requer que os nossos olhos estejam abertos a certas realidades e que tal conhecimento determine as nossas decisões e ações.
Conclusão: O “vigiai” (Mt 26.41) ensina outra coisa, diferente do v. 38, pois lá a ideia é de ficar despertado, acordado, na companhia de Jesus, no momento tão crucial em toda a sua vida terrena; mas, aqui, significa estar vigilante e atento para evitar o fracasso espiritual e ficar distante do pecado. Trata-se de um aviso contra o vacilo. A advertência é esclarecida pelo próprio Senhor Jesus, “para que não entreis em tentação”; e mais: “o espírito está pronto, mas a carne é fraca”. E isso não somente por causa das astúcias de Satanás, mas também por causa da tendência humana para o pecado.
O “espírito” aqui não se refere ao Espírito
Santo nem ao espírito satânico, mas ao espírito humano no crente, que adora a
Deus em espírito (Jo 4.24); fala línguas em espírito (1 Co 14.3), ora e canta
com o espírito (1 Co 14.14-16). O contraste bíblico entre carne e espírito
revela, muitas vezes, o conflito entre a santificação e a tendência pecaminosa
(Rm 8.5-9; Gl 5.17). Mas o termo “carne” tem um significado amplo nas
Escrituras; é usado de modo geral para toda a criação, os seres humanos e os
animais (Gn 6.13, 17; 1 Co 15.39), para se referir ao corpo humano (Jó 33.21);
ao gado, quando se trata de alimento (Lv 7.19); e também para se distinguir do
espírito (Jó 14.22; 1 Co 5.5). Quando Jesus expressa o contraste: “o espírito
está pronto, mas a carne é fraca”, há quem interprete “carne” aqui como a
natureza física considerando o estado de exaustão dos discípulos, até certo
ponto aceitável (Sl 78.39). O contexto parece indicar o sentido de fraqueza
moral e espiritual, pois a vigilância é para não cair em tentação. Sêneca,
senador romano e maior expoente do Estoicismo do século 1, dizia:Errare
humanum est, “Errar é humano”. Veja que até mesmo dos pagãos reconheciam a
fraqueza moral dos seres humanos. A vigilância em Mateus 26.41 significa estar
vigilante para manter a fidelidade ao Senhor Jesus e nunca se apartar dele.
Trata-se de uma advertência solene a todos os crentes em todos lugares e em
todas as épocas para viverem atentos em todos os momentos da vida (Ef 6.18).
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