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Ossuário de Tiago, irmão de Jesus

Ela pesa 25 quilos. Tem 50 cent?metros de comprimento por 25 cent?metros de altura. E est?, indiretamente, no banco dos r?us de um tribunal de Jerusal?m desde 2005. A discuss?o em torno de uma caixa mortu?ria com os dizeres ?Tiago, filho de Jos?, irm?o de Jesus? nasceu em 2002, quando o engenheiro judeu Oded Golan, um homem de neg?cios aficionado por antiguidades, revelou o misterioso objeto para o mundo.

A possibilidade da exist?ncia de um deposit?rio dos restos mortais de um parente pr?ximo de Jesus Cristo agitou o circuito da arqueologia b?blica. Seria a primeira conex?o f?sica e arqueol?gica com o Jesus do Novo Testamento. Conhecido popularmente como o caix?o de Tiago, a pe?a teve sua veracidade colocada em xeque pela Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA). Em dezembro de 2004, Golan foi acusado de falsificador e a Justi?a local entrou no imbr?glio.

No m?s passado, por?m, o juiz Aharon Far?kash, respons?vel por julgar a suposta fraude cometida pelo antiqu?rio judeu, encerrou o processo e acenou com um veredicto a favor da autenticidade do objeto. Tamb?m recomendou que o IAA abandonasse a defesa de falsifica??o da pe?a. ?Voc?s realmente provaram, al?m de uma d?vida razo?vel, que esses artefatos s?o falsos??, questionou o magistrado. Nesses cinco anos, a a??o se estendeu por 116 sess?es. Foram ouvidas 133 testemunhas e produzidas 12 mil p?ginas de depoimentos.

Especialista em arqueologia pela Universidade Hebraica de Jerusal?m, Rodrigo Pereira da Silva acredita que todas as provas de que o ossu?rio era falso ca?ram por terra. ?A paleografia mostrou que as letras aramaicas eram do primeiro s?culo?, diz o professor do Centro Universit?rio Adventista de S?o Paulo (Unasp). ?A primeira e a segunda partes da inscri??o t?m a mesma idade. E o estudo da p?tina indica que tanto o caix?o quanto a inscri??o t?m dois mil anos.? O professor teve a oportunidade de segur?-lo no ano passado, quando o objeto j? se encontrava apreendido no Rockfeller Museum, em Jerusal?m.

Durante o processo, peritos da IAA tentaram desqualificar o ossu?rio, primeiro ao justificar que a frase escrita nele em aramaico seria forjada. Depois, mudaram de ideia e se ativeram apenas ao trecho da rel?quia em que estava impresso ?irm?o de Jesus? ? apenas ele seria falso, afirmaram. A justificativa ? de que, naquele tempo, os ossu?rios ou continham o nome da pessoa morta ou, no m?ximo, tamb?m apresentavam a filia??o dela. Nunca o nome do irm?o.

Professor de hist?ria das religi?es, Andr? Chevitarese, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, levanta a quest?o que aponta para essa desconfian?a. ?A inscri??o atribuiria a Tiago uma certa honra e diferencia??o por ser irm?o de Jesus. Como se Jesus j? fosse um pop?star naquela ?poca?, diz ele. Discuss?es como essa pontuaram a exposi??o de cerca de 200 especialistas no julgamento. A participa??o de peritos em testes de carbono-14, arqueologia, hist?ria b?blica, paleografia (an?lise do estilo da escrita da ?poca), geologia, biologia e microscopia transformou o tribunal israelense em um palco de semin?rio de doutorado.

Golan foi acusado de criar uma falsa p?tina (fina camada de material formada por microorganismos que envolvem os objetos antigos). Mas o pr?prio perito da IAA, Yuval Gorea, especializado em an?lise de materiais, admitiu que os testes microsc?picos confirmavam que a p?tina onde se l? ?Jesus? ? antiga. ?Eles perderam o caso, n?o h? d?vida?, comemorou Golan.

O ossu?rio de Tiago, que chegou a ser avaliado entre US$ 1 milh?o e US$ 2 milh?es, ? t?o raro que cerca de 100 mil pessoas esperaram horas na fila para v?-lo no Royal Ontario Museum, no Canad?, onde foi exposto pela primeira vez, em 2002. Agora que a justi?a dos homens n?o conseguiu provas contra sua autenticidade, e h? chances de ele ser mesmo uma rel?quia de um parente de Jesus, o fasc?nio s? deve aumentar.