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A primeira cirurgia a usar um cora??o artificial totalmente brasileiro est? agora mais perto de acontecer no pa?s. A Comiss?o Nacional de ?tica em Pesquisa (Conep) e a Ag?ncia Nacional de Vigil?ncia Sanit?ria (Anvisa) autorizaram o Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, um dos ?rg?os respons?veis pelo desenvolvimento do projeto, em S?o Paulo, a implantar o dispositivo em seres humanos.

O aparelho, chamado pelos especialistas de Cora??o Artificial Auxiliar, tem como fun??o ajudar o cora??o a bombear o sangue de pacientes que sofrem de insufici?ncia card?aca em estado muito avan?ado. Por isso, ? implantado junto ao ?rg?o natural, que continua batendo. O dispositivo ? indicado a pacientes que necessitam urgente de um transplante card?aco, que, com ele implantado, poder?o resistir por mais tempo at? que apare?a um doador compat?vel.

?O organismo tem um d?bito necess?rio de sangue (uma quantidade necess?ria para funcionar). Em casos de insufici?ncia card?aca, esse d?bito ? diminu?do, o que pode levar a pessoa ao ?bito?, afirma o m?dico Jarbas Dinkhuysen, chefe do setor de transplantes do Dante Pazzanese e investigador principal desta fase do projeto. ?O aparelho brasileiro vem com o papel de regularizar o d?bito de sangue desse paciente, permitindo que ele sobreviva por mais tempo?, diz.

O cora??o artificial brasileiro come?ou a ser desenvolvido h? mais de dez anos por Aron Jos? Pazin de Andrade, respons?vel pelo Centro de Bioengenharia do Dante, e foi conclu?do com apoio do Hospital do Cora??o (HCor), Funda??o de Amparo ? Pesquisa do Estado (Fapesp), Conselho Nacional de Desenvolvimento Cient?fico e Tecnol?gico (CNPq) e Minist?rio da Sa?de. Na ?ltima d?cada, o aparelho foi testado em 35 bezerros com sucesso, mas s? agora recebeu autoriza??o para ser implantado em humanos.

Os especialistas atentam para a tecnologia avan?ada do dispositivo, que ? eletromec?nico. ?Ele possui uma fonte de alimenta??o exteriorizada pela barriga. A bateria, que fica na cintura, ? recarreg?vel eletricamente e pode ser trocada com facilidade pelo pr?prio portador, caso a for?a acabe. Em casa, o paciente pode usar o dispositivo ligado diretamente na tomada?, afirma Dinkhuysen.

De acordo com o investigador, a cirurgia de implante de cora??o artificial ? uma terap?utica consagrada, que acontece diariamente na Europa e nos Estados Unidos. No Brasil ela tamb?m chegou a ser realizada, mas apenas com aparelhos importados de outros pa?ses, que podem custar at? US$ 500 mil (cerca de R$ 900 mil). A estimativa ? de que o produto desenvolvido no Brasil custe entre R$ 60 mil e 90 mil.

Para a primeira fase de cirurgias, cinco pacientes j? foram selecionados para receber o auxiliar de cora??o. Ainda n?o se sabe, por?m, quando elas ser?o realizadas. ?Conseguimos a libera??o da Conep e da Anvisa, o que n?o ? f?cil. Agora estamos correndo atr?s da infraestrutura, que envolve um batalh?o de especialistas. Mas a ideia ? implantar o cora??o nos cinco pacientes ainda neste ano, sendo um de cada vez?, diz Dinkhuysen.

Por enquanto, os dispositivos ser?o implantados fora do corpo humano, por quest?es de seguran?a. Assim, caso ocorra alguma eventual falha no aparelho, ser? poss?vel uma troca ou manuten??o imediata. Dependendo dos resultados futuros, uma nova fase de cirurgias pode ser iniciada com outros cinco pacientes, mediante nova libera??o dos ?rg?os reguladores.

Dinkhuysen afirma ainda que, no futuro, se tudo ocorrer como esperado, o servi?o deve ser fornecido a pacientes pelo Sistema ?nico de Sa?de (SUS), respons?vel por cobrir 99% dos transplantes card?acos do Brasil.