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Não quero, porém, irmãos, que sejais
ignorantes acerca dos que já dormem,
para que não vos entristeçais, como
os demais, que não têm esperança.
I Ts 4.13

Corria o ano de 1966 e a Ásia se surpreenderia com a chamada Revolução Cultural Chinesa, deflagrada pelo ditador Mao Tsé-Tung naquele ano e que duraria até sua morte em 1976. Foi um ataque direto à cultura e às tradições chinesas, resultando na destruição de locais religiosos e em milhões de mortes.

Neste mesmo ano, no Brasil, na bela cidade de Maceió, no Estado de Alagoas, mais precisamente em 06 de junho – mês festivo para uns, românticos para outros – nascia uma criança que seus pais o chamariam de Sidney Santos da Silva. Sempre brincalhão e divertido, nutria sonhos, como todo jovem, de crescer, trabalhar, se casar, manter uma família e servir a Deus, aliás, como sempre o fez. Filho amoroso, dedicado, estudioso, trabalhador, amigo dos seus irmãos congênitos, bem como os da família da fé, sempre mantendo grande respeito e afeto aos seus entes queridos e principalmente por seus pais – Pr Aluizio Santos (in memoriam) e irmã Maria de Lourdes (minha sogra).

Cresceu e viu realizar-se os seus sonhos: estudou, formou-se em Teologia e Direito, adentrou na Briosa Polícia Militar do Estado de Alagoas, que tem como lema: “Quer na paz, quer na guerra é lutar...”. Casou-se, teve filhos, netos – uma bela família. Terminou (reserva remunerada) a sua carreira Militar como Subtenente, com méritos e brio.

Obreiro aprovado, membro das Assembleias de Deus neste estado, sendo liderado e pastoreado por nosso Pastor Presidente, Reverendo José Orisvaldo Nunes de Lima – auxiliado por abnegados servos de Deus. Homem fiel e temente às coisa de Deus – como soe acontecer àqueles que são ensinados, desde sua meninice, as Sagradas Escrituras –, sempre desejou em seu coração servir a Causa do Mestre Jesus e assim persistiu, compromissado com as Sagradas Escritura, dando frutos em seu labor cristão.

Contudo, o mundo conheceria outra “Revolução”, não “cultural”, mas viral, que como alguns preveem, certamente mudará a atual configuração mundial.

Denominado de Covid-19, referida doença foi identificada pela primeira vez em Wuhan, na província de Hubei, República Popular da China, em 1 de dezembro de 2019, porém o primeiro caso seria reportado em 31 de dezembro do mesmo ano. Acredita-se que o vírus tenha uma origem zoonótica, porque os primeiros casos confirmados tinham principalmente ligações ao Mercado Atacadista de Frutos do Mar de Huanan, que também vendia animais vivos. Em 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde declarou o surto uma pandemia.

Supracitado vírus ainda não pôde ser contido e infelizmente mata centenas de vidas e infeciona outros milhões; por fatores bem específicos, se alastra por todo o mundo, ceifando vidas de todas as idades, principalmente quem apresenta algumas comorbidades. 

De maneira contagiosa e destrutiva, este maligno vírus infectou o fiel soldado (da milícia terrena), vindo a abalar as suas estruturas físicas, mas não as espirituais (pois pertence às milícias celestiais), levando o destemido combatente a travar uma ferrenha e renhida luta, dia após dia, para poder respirar (pois passara por várias complicações nos pulmões), manter-se vivo. 

Após ser tratado nos leitos das Unidades de Saúde desta capital, em combate ao Corona vírus, o fiel soldado Sidney, não resistiu. Lutou muito para vencer esta batalha invisível, sem nunca vacilar em suas convicções espirituais.

No dia 03 deste mês, sofreu uma parada cardíaca, quase fatal, pois o seu coração, após 20 minutos de intensa luta médica, já na última tentativa, voltaria a bater. Resistiu. Teve complicações renais, resistiu. Mas no dia 06 de junho, dia em que completara 54 anos, teve outra parada cardíaca, desta feita não resistiu – faleceu. Terminou tudo? Acabou as esperanças? Tudo findou? Não!

O apóstolo Paulo, em sua missiva aos Tessalonicenses, no capítulo 4 e versículo 13, escreveu: “Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que vos não entristeçais, como os demais, que não têm esperança.”

Contradição? Como não se entristecer? Lendo com atenção e acurácia, percebemos que o Apóstolum Apostolorum não nos chamou a atenção ao fato de não entristecermos, e sim ao fazermos como os demais, isto é, àqueles que desconhecem o ensinamento sobre a ressurreição dos mortos, aos que não têm esperança. Por conseguinte, temos uma viva esperança que um dia nos encontraremos, mais uma vez, com os que já partiram para a eternidade. Nossa esperança não morre, jamais. É interessante notar, que esta expressão ‘Aos que dormem’, na Bíblia, se refere aos que já haviam morrido, mas nunca aniquilados.

As Sagradas Escrituras nos ensinam que a morte é apenas uma passagem para a vida eterna. Há esperança, sim, para os que dormem, (morrem) em Cristo Jesus. Isto é claramente exposto no versículo 14 deste mesmo capítulo: “Porque se crermos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem Deus os tornará a trazer com ele”. Aleluia! Há esperança para os que creem em Jesus.

Destarte, o nosso tempo aqui na terra tem seu término. Só Deus sabe quando chegará a hora do tempo Krónos humano findar e dar-se início ao tempo Kairós divino, ou como os dois se entrelaçam. Trabalhemos em quanto é dia, pois a noite negra das lutas e atribulações chegará. Seguramente, como bom soldado de Cristo, devemos sempre estar prontos, para ao final desta liça, com indômito valor, exclamar à semelhança do Apóstolo Paulo: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. (II Tm 4.7). Perdemos nosso bravo lutador, sim, todos perdemos; Maceió e o Brasil perderam, mas os céus ganharam. De fato, tombou aqui na terra um bom soldado de Cristo, mas ergueuse nos céus um verdadeiro vencedor – venceu as cadeias da morte (I Co 15.26), adentrou as mansões celestiais!

Eis o que se pode dizer de mais este abnegado servo do Senhor, ao qual os seus parentes, conhecidos, amigos, irmãos na fé, todos, conheciam-no como Sidney Santos da Silva, e, os mais íntimos por – Si(dinho).

(Dedicatória Póstuma ao meu mui querido amigo e irmão, Cunhado Sidney Santos da Silva. – Presbítero Jairo Vinicius da Silva Rocha. Maceió, 08 de junho de 2020).