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Por Paulo Wanderley

A Bíblia Sagrada, no capítulo 38 do livro de Jeremias, revela um episódio marcante da vida desse profeta de Deus, que é o momento em que ele é lançado na cisterna. A razão? Sua incansável pregação dos oráculos de Deus.

A atual “cultura do cancelamento”, alcançou significativa notoriedade nas redes sociais, trata-se do fenômeno em que uma pessoa ou um grupo de pessoas se torna alvo de críticas intensas e boicotes online devido a suas ações, declarações ou comportamentos. Essa rápida e pública condenação é, de fato, comparável à experiência do profeta Jeremias, que viu suas convicções contestadas na cisterna por proclamar a Palavra de Deus.

No referido capítulo, Jeremias anuncia um oráculo divino crucial: "Aquele que permanecer nesta cidade perecerá à espada [...]" (v. 2). O cerco de Jerusalém, datado em 587 a.C. e descrito no capítulo 32 do mesmo profeta, culminou, um ano depois, na queda da cidade.

A mensagem de Jeremias desanimou os habitantes e abalou a moral dos soldados. Os príncipes, descontentes com tal previsão (v. 4), procuraram o rei Zedequias, que, temendo o poder e influência desses príncipes, entregou Jeremias nas mãos deles. Zedequias, caracterizado por sua falta de caráter, revelou-se evidentemente frágil.

Jeremias encontrou-se sob o domínio dos oficiais e, como resultado, foi lançado na cisterna de Malquias (v. 6). Confinado ali, sua perspectiva de sobrevivência era limitada. Contudo, ao longo da narrativa, Jeremias foi resgatado da cisterna (vs. 8-13).

Muitos, ao enfrentarem adversidades semelhantes, teriam optado por não proclamar mais a mensagem divina, tão ofensiva aos oficiais. Jeremias, entretanto, persistiu, indiferente às consequências (v. 17,18).

Assim como Jeremias, muitas pessoas encontram-se figurativamente lançadas em uma cisterna nos dias atuais. Hoje, essa "cisterna" não é física, mas digital. Pregar a Verdade nunca foi uma tarefa fácil; sempre acarretou retaliações. No entanto, no ambiente digital, onde as barreiras foram derrubadas e bilhões de pessoas estão interconectadas, conteúdos cristãos autênticos frequentemente são considerados ofensivos. Observamos uma série de comentários que ridicularizam pregadores que desafiam o sistema mundano e proclamam a verdade.

Numerosos irmãos e irmãs têm sido publicamente difamados por aqueles que, a fim de defenderem seus "pecados de estimação", sentem-se ofendidos. Isso tornou-se notavelmente comum, especialmente em uma sociedade relativista, que adota o hedonismo como regra. Pregar contra o pecado e afirmar suas consequências pode resultar no cancelamento virtual.

Entretanto, o verdadeiro problema reside no fato de que muitos "cristãos" optam por se abster de proferir a Verdade para evitar o cancelamento, pois, afinal, pregar o Evangelho genuíno pode não ser tão popular. Devemos questionar a quem buscamos agradar (Gl 1.10) e a quem procuramos satisfazer: os homens ou a Deus? Aqueles que confessaram a Jesus como Senhor e Salvador e vivem piedosamente enfrentarão perseguições, ainda que de forma mínima, como ser excluído de um grupo no trabalho por ser crente.

Num mundo em constante depravação, operado pelo sistema maligno, aqueles que decidem seguir os mandamentos divinos inevitavelmente serão "cancelados". O mundo raramente nos aplaudirá; pelo contrário, nos apedrejará. Seguir a Jesus muitas vezes nos torna impopulares. No entanto, o Senhor Jesus nos alertou sobre isso, assegurando-nos: "Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus" (Mt 5.10). Com base nessa grande promessa, devemos perseverar, permanecer firmes e proclamar a Verdade, mesmo que isso nos custe o cancelamento. É preferível perder seguidores do que deixar de seguir a Cristo!