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Artigos

Pr. Adriano Oliveira
Ministro do Evangelho, Membro da Comissão de Apologética da COMADAL, Bacharel em Direito, Bacharel em Filosofia, Mestre em Teologia, Professor de Teologia da FATEAL, Escritor e Palestrante.
18/08/2017

O que você me diz do cantor ou pregador ser abençoado com oferta?


Bem, tenho recebido vários telefonemas, e-mails e mensagens, tanto no Facebook quanto no Instagram e Whatsaap sobre perguntas de cunho teológico. Com o simples e singelo intuito de ajudar a alguns amigos, trago a pergunta do nosso amigo, cantor e adorador Diógenes Mota e, desde já, o parabenizo pela pergunta inteligente e não capciosa que nos foi feita:

"Paz do Senhor, pastor Adriano Oliveira. Preciso que o senhor me tire uma duvida. Há umas especulações acerca do: "dai de graça o que de graça recebestes”, como está escrito em Mateus 10. Mas o que eu quero saber é se isso se aplica aos cantores e pregadores na hora de serem abençoados! Obrigado."

Respondendo a ele e aos demais, quero preparar você e dizer que o texto é longo. Se tiveres paciência de ler e até reler, chegarás a um denominador comum. É claro que você não é obrigado a concordar conosco, aqui fica registrado apenas nosso ponto de vista. Um abraço a todos e a paz do Senhor. Boa leitura!

Precisamos ter cuidado para não cometer o deslize de isolar e individualizar um texto. A regra número um da exegese nos ensina que precisamos de no mínimo três referencias bíblicas para defender determinada tese ou doutrina teológica. Já a hermenêutica nos ensina que um texto sem o seu contexto bíblico não passa de um efêmero pretexto.

Em relação ao texto citado precisamos levar em conta o que está implícito. Então vamos analisar? O texto é soteriológico, então voltemos inicialmente ao passado bíblico. É bem verdade que tenho que concordar em parte com o escritor Anastasius ao dizer que Deus não exige pagamento para o que ele provê para nós. É um presente, dado a você gratuitamente e você não está autorizado a fornecê-lo visando lucro. Mas, onde fica a expressão:  “cada trabalhador é digno do seu salário” ? Será que os levitas e sacerdotes eram assalariados?

De acordo com a tradição judaica, o levita integrava uma das tribos de Israel chamada “Tribo de Levi”. Uma tribo de suma importância para a nação judaica. Pra se ter idéia, essa tribo foi a única que recebeu posses e bens, ou melhor, cidades inteiras. Porém, vale ressaltar que, mesmo sendo proprietária de fato, não era de direito.  Uma vez que não foram autorizados a ser proprietária de direito da terra. (dt 18:2).

Apesar de que nos dias atuais, os privilégios e responsabilidades comuns dos levitas são essencialmente limitados à leitura da Torá na sinagoga e o ritual de Pidyon Haben. Nos tempos antigos a função desta tribo segundo a Bíblia era servir nos deveres israelitas e também responsabilidades políticas. E como retribuição recebiam das demais tribos da terra os dízimos para sobrevivência.

Temos vários exemplos de levitas na bíblia como, por exemplo, Moisés, o legislador, seu irmão o sacerdote Aarão, Miriam, irmã de Moisés, o profeta Samuel, o profeta Ezequiel, o governador Esdras, o profeta Malaquias, a voz que clamava no deserto, João Batista, o evangelista Marcos, o coletor de impostos Mateus, a mãe biológica de Jesus:  Maria e possivelmente o missionário Barnabé.

Se folhearmos as Sagradas Escrituras, perceberemos que o ministério levita começou com os descendentes de Arão, sendo este o primeiro sumo sacerdote (Kohen Gadol) de Israel, também foram designados os “Kohanim”  como a classe sacerdotal. Segundo consta-se na história, esses “kohanim” compreendem uma dinastia familiar dentro da tribo de Levi. Valendo ressalvar que  todos os Kohanim são tradicionalmente considerados levitas, mas nem todos os levitas são kohanim.

Será que os sacerdotes eram sustentados?

Inicialmente precisamos lembrar que uma das funções dos dízimos era  manter os levitas e também os sacerdotes. O dízimo, primeiro, era o sustento dos levitas e sacerdotes, depois para os órfãos e obras sociais. Veja o que diz a bíblia:

“Então virá o levita (pois, nem parte, nem herança têm contigo), e o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, que estão dentro das tuas portas, e comerão, e fartar-se-ão; para que o senhor teu deus te abençoe em toda a obra que as tuas mãos fizerem” (dt 14.29 princípio de produtividade ligado ao trabalho).

Precisamos entender que não podia ser entregue a qualquer pessoa, tinha que ser entregue ao sacerdote Arão:

“Assim também oferecereis ao senhor uma oferta de todos os vossos dízimos, que receberdes dos filhos de israel e deles dareis a oferta alçada do senhor a arão o sacerdote” (nm 18.28).

Todos nós sabemos que os levitas não tinham meios de rendas, gados, heranças que lhes assegurassem sustento. Por restarem serviços a tenda da congregação recebia os dízimos dos filhos de Israel. veja o que Moisés , no Pentateuco, registra:

“Eis que aos filhos de Levi tenho dado todos os dízimos em Israel por herança, pelo ministério que exercem: o ministério da tenda da congregação”. (Nm 18.21).

Mas só que os Levitas não ficavam com todo o dízimo. Eles não tinham permissão de ficarem com a totalidade dos dízimos recebidos. Ou seja, tudo que chegava em suas mãos, obrigatoriamente, tinham que dar uma parte chamada dízimo dos dízimos ao Sacerdote:

“Também falarás aos Levitas e dir-lhes-ás: quando receberdes os dízimos dos filhos de Israel, que eu deles vos tenho dado em vossa herança, deles oferecereis uma oferta alçada ao Senhor: O Dízimo dos dízimos” (Nm 18.26).

“E que o sacerdote, filho de Arão, estaria com os levitas quando estes recebessem os dízimos, e que os levitas trariam os dízimos dos dízimos à casa do nosso Deus, às câmaras da casa do tesouro” (Ne 10.38).

SERÁ QUE OS OBREIROS DEVEM SER MANTIDOS E SUSTENTADOS? É JUSTO OS LEVITAS E SACERDOTES, OS CANTORES, PREGADORES E MINISTROS SEREM SUSTENTADOS E ABENÇOADOS PELA OBRA?

E porque não? Queridos, quando Deus CHAMA, Ele ENVIA e, ao mesmo tempo, PATROCINA os enviados! Inicialmente vamos citar as palavras paulinas dadas pelo apóstolo do amor ao seu filho ministerial e continuador do trabalho evangelístico de Paulo, Timóteo:

“O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a participar dos frutos” (2Tm 2.6).

Veja o que o Escritor João A. de Souza, retrata acerca desse ponto:

“Quero deixar bem claro um princípio bíblico extremamente importante quanto ao sustento do obreiro: Se Deus o chamou ele o sustentará. Assim como você chama alguém para fazer um trabalho em sua casa e paga por seus serviços, da mesma maneira Deus nos chama para fazer a sua obra e nos paga. Os meios desse pagamento são mui variados.”

A igreja evangélica criou certos conceitos e estereotiparam vícios de linguagem que deturparam toda uma geração de obreiros. Um dos vícios de linguagem e, por conseguinte, um conceito mal interpretado é o de "tempo integral" e "viver por fé". O conceito que temos de tempo integral no ministério, significa deixar de trabalhar em uma profissão, e passar a ganhar salário da igreja, ou se não for assalariado pela igreja, ‘viver pela fé’.

Alguns dizem: ‘Não estou de tempo integral, pois tenho o meu emprego secular’. Esses dois termos precisam ser analisados novamente. Não é errado dizer que se está de tempo integral no ministério, ou que tenho o meu trabalho secular, o problema é que esses dois termos são frutos do eclesialismo evangélico que ensina haver duas classes de pessoas na igreja - o clero e o leigo; e dois mundos distintos - o religioso e o secular.

O clero é pago para cuidar do leigo que trabalha! Essa conceituação de clero e laicato precisa ser analisada com bastante profundidade em nossos seminários e institutos bíblicos, já que ‘leigo’ tem conotações diferentes dependendo do pensamento dominante em cada denominação. Em alguns lugares a pessoa é leiga porque não é formada num seminário, noutros é leiga porque não faz parte do clero, e noutras é leiga porque nada sabe sobre assunto algum da Bíblia e da igreja.

Na igreja todos os crentes são ministros do Senhor, tanto o que é sustentado pela igreja para fazer a obra, quanto o que trabalha com suas mãos para ganhar seu sustento. Paulo, o apóstolo, não era assalariado por organização alguma, e muitas vezes usou parte de seu tempo para fazer tendas e levantar seu sustento; na maioria das vezes dependeu da benevolência dos irmãos.

Dois autores tratam muito bem dessa questão de sustento, e do clero e laicato: Watchman Nee aborda a questão do sustento de um ponto de vista bíblico, que não deve ser desprezado, apesar de que muitos de seus conceitos não se encaixam em nossa cultura Ocidental. Em seu livro A Vida Normal da Igreja Cristã, no capítulo 8, ‘A Questão das Finanças’, deve ser profundamente analisada.

Já Howard Snyder aborda a questão do clero e laicato à luz da Bíblia, cuja análise também deve ser conferida por todo estudante das Escrituras. Vale a pena ler o livro Vinho Novo, Odres Novos.

Ambos trazem bastante luz sobre esses assuntos. Recomendo a leitura desses livros, o primeiro por apresentar desafios quanto ao sustento do obreiro e em como deve enfrentar a questão das finanças, e o segundo pela abordagem bíblica, sólida e de grande valor teológico sobre clero e laicato.

Gosto da franqueza de Nee, quando diz: ‘Se um homem confia em Deus, que vá e trabalhe para ele. Se não, que fique em casa, pois lhe falta a primeira qualificação para o trabalho. Há uma idéia predominante de que, se um obreiro tem uma renda estabelecida, ele pode ficar mais à vontade para o trabalho e, conseqüentemente fazê-lo melhor, mas, para falar com franqueza, na obra espiritual há necessidade de uma renda incerta, pois essa necessita de íntima comunhão com Deus... Deus deseja que seus obreiros recorram somente a ele em busca de recursos financeiros, e assim não deixem de andar em estreita comunhão com ele e aprendam a confiar nele continuamente...’.

A posição radical de Nee é: ‘De quem somos nós trabalhadores? Se formos trabalhadores dos homens, então vamos aos homens em busca de sustento; se, porém somos trabalhadores de Deus, então a ninguém mais devemos dirigir-nos, senão a ele, embora ele possa satisfazer nossas necessidades por meio de nossos irmãos.’

Anos atrás as colocações de Nee sobre finanças levaram-me a considerar a ter uma vida de maior dependência de Deus do que dos homens, e abriram-me a perspectiva de que, mesmo sendo sustentado por uma organização, precisamos entender que a provisão vem sempre de Deus e não dos homens. Mas nem todos concordam com Nee, especialmente aqui na cultura Ocidental.

Em nossa cultura, especialmente nos Estados Unidos e Inglaterra, existe um conceito bíblico arraigado na cultura do povo de que o obreiro deve ser pago e receber salário da igreja, pelo trabalho que faz; e essa cultura espiritual dá maior flexibilidade a que obreiros levantem fundos para a obra que realizam, especialmente se não são pastores de igrejas.

Nenhum pregador ou cantor é despedido de uma reunião onde pregou, de mãos vazias, e é sempre abençoado pela igreja ou pela espontaneidade dos irmãos. E creio que essa cultura Ocidental está melhor fundamentada no conceito que a Escritura apresenta sobre o sustento do obreiro.”

Ainda em sua explanação, o nobre escritor João A. de Souza, testificou:

“Cresci numa igreja que não honrava seus obreiros com ofertas generosas e, quando pela primeira vez comecei a pregar nos Estados Unidos no fim da década de sessenta, fiquei surpreso com a generosidade daqueles irmãos depois do culto. Foi lá que aprendi a lição de honrar os que pregam em nossas igrejas.”

Se tivermos que recorrer a um ensino apostólico sobre o sustento do obreiro, é a Paulo que temos de consultar, pois apresenta o assunto do sustento do obreiro de forma clara e incisiva, especialmente quando defende seu ministério diante dos irmãos da igreja de Corinto.

Parece, a princípio, haver um choque de opiniões entre o ensino de Jesus e o de Paulo, mas ambos encaixam-se perfeitamente.

Jesus apresentou aos apóstolos um modelo de sustento. Ele recomenda: ‘Não vos provereis de ouro, nem de prata, nem de cobre nos vossos cintos, nem de alforje para o caminho, nem de duas túnicas, nem de sandálias, nem de bordão: porque digno é o trabalhador do seu alimento’(Mt 10.9-10).

Mas em Lucas ele faz nova proposta: ‘Quando vos mandei sem bolsa; sem alforje e sem sandálias, faltou-vos porventura alguma cousa? Nada, disseram eles. Então lhes disse: Agora, porém, quem tem bolsa tome-a, como também o alforje...’ (Lc 22.35-36). Se ao lado de Jesus na terra dessas cousas não precisavam, agora que ele iria morrer, deveriam usá-las!

Pelo ensino de Jesus, os apóstolos deveriam sair com o mínimo de bagagem e depender da hospitalidade e amor das pessoas. Qual a centralidade dessa recomendação de Jesus? Ele os ensina a não confiarem nem dependerem dos seus próprios recursos para fazer a obra de Deus, mas a dependerem do Senhor que os envia.

Alguns irmãos dizem: ‘Se eu tivesse dinheiro, investiria tudo na obra de Deus’. Eis aí o engodo de Satanás! Se alguém tem dinheiro, raramente investe no reino, pois o princípio de Deus é que a obra seja feita em total dependência dele e não de nossos recursos! Os que menos têm, são os que mais fazem! Jesus está dizendo: ‘Vocês merecem o sustento. Eu os pagarei’.

Mais tarde, no entanto, o ministério apostólico dependia, em parte, das ofertas das igrejas já estabelecidas, como veremos. Se o obreiro local deveria receber honorários dobrados, alguém deveria receber soldo simples, ou a expressão de Paulo é comparativa ao ‘soldo’ comum daqueles dias a um trabalhador normal, pelo menos esse é o pensamento de Mathew Henry em seu comentário bíblico.

Se no início da igreja os apóstolos seguiram o ensinamento de Jesus, no decorrer dos anos, mantendo-se atento ao princípio ensinado por Jesus, os apóstolos passaram a receber contribuições das igrejas estabelecidas para seu sustento e para a fundação de novas comunidades.

A igreja de Jerusalém, certamente, contribuía financeiramente com os irmãos de Antioquia e esta com as comunidades iniciadas por Paulo e Barnabé.

Além da abordagem de Jesus sobre sustento, e ele não estava implantando um modelo de sustento para a igreja, busca-se no Novo Testamento, um ensino claro e abrangente sobre o sustento do obreiro na igreja local, e o único texto que é claro e específico sobre o assunto é o de 1 Timóteo 5.17 e 18, que aparece assim na versão da Bíblia de Jerusalém: ‘Os presbíteros que exercem bem a presidência são dignos de dupla remuneração, sobretudo os que trabalham no ministério da palavra e na instrução’.

A expressão ‘presidem bem’ é a mesma palavra grega que aparece nessa carta de Paulo a Timóteo no capítulo 3.4, ‘governe bem’, que é proistemi. O texto de 1 Timóteo acima mencionado, na atualizada diz: ‘Devem ser considerados merecedores de dobrados honorários...’

A palavra axioo é usada como ‘merecedor’, ‘ter direito’, ‘ser correto’ e aparece em Atos 15.38 como ‘achava justo’ (quando Paulo ‘não achava justo levarem aquele que se afastara desde a Panfília...’).

Em Atos 28.22 aparece como ‘gostaríamos’  ou ‘pensamos ser correto’ e em 2 Tessalonicenses 1.11 aparece como ‘digno’. Esses são os únicos lugares no Novo Testamento em que a palavra grega é utilizada. Já a expressão, ‘dobrados honorários’ só aparece uma única vez no texto de 1 Timóteo.

Por aparecer totalmente isolado no Novo Testamento, o texto de 1 Timóteo 5.17 tem que ser analisado à luz de todo ensino de Paulo sobre o sustento do obreiro. Isto não quer dizer que um texto isolado sobre um assunto determine uma doutrina.

Por exemplo, temos vários textos sobre a ceia do Senhor, e ela, entretanto, não está mui clara no Novo Testamento, mas sabemos que é bíblica e que foi instituída por Jesus e necessária na reunião da igreja.

Nem a ceia que comemoramos hoje se parece com a que os primeiros crentes partilhavam entre si. Mas temos a ceia! A prática da ceia difere totalmente dos dias apostólicos, e, para sermos sinceros, a maioria dos expertos em doutrinas bíblicas deixam algumas interrogações no ar, sempre que falam da ceia.

Outro exemplo: não nos reunimos como fazia a igreja dos primeiros dias, mas nem por isso deixamos de nos reunir. Se Paulo aparecesse em nossos dias ficaria assustado com a forma de culto que adotamos, mas como nem Jesus nem ele nos deixaram uma forma de reuniões ou encontros de crentes, o Espírito Santo usa a criatividade do povo para entregar o melhor para Deus.

Assim também com respeito as finanças. O princípio encontrado nas Escrituras é que Deus sustenta seus obreiros, não os abandona em momento algum. A FORMA COMO ISSO ACONTECE, VARIA, ATÉ MESMO CONFORME A CULTURA DE UM POVO.

Os irmãos de Corinto não são bem vistos no Novo Testamento como povo contribuidor. Todo ensino sobre finanças àquela igreja vem em forma de advertência, de exortação e de comparação com outras igrejas. Paulo chega a dizer: ‘Será que cometi algum pecado ao humilhar-me a fim de elevá-los, pregando-lhes gratuitamente o evangelho de Deus? Despojei outras igrejas, recebendo delas sustento, a fim de servi-los. Quando estive entre vocês e passei por alguma necessidade, não fui um peso para ninguém; pois os irmãos quando vieram da Macedônia, supriram aquilo de que eu necessitava. Fiz tudo para não lhes ser pesado, e continuarei a agir assim’(2 Co 11.7-9 NVI).

Não consigo entender como o povo de Corinto reagia negativamente às questões financeiras de seu apóstolo; quem sabe o Espírito Santo deixou esse registro para mostrar aos obreiros que algumas igrejas serão sempre assim! Paulo trabalhava com suas mãos, tirava o sustento de seu próprio trabalho, para poder ensinar a Palavra àqueles irmãos! Outros, entretanto, eram ajudados por aquela igreja que se recusava a ajudar o apóstolo!

‘Até agora estamos passando fome, sede e necessidade de roupas, estamos sendo tratados brutalmente, não temos residência certa e trabalhamos arduamente com nossas próprias mãos’ (1 Co 4.11-12 NVI).

Em algumas ocasiões os cooperadores de Paulo trabalhavam a fim de que ele estivesse livre para pregar o evangelho. Em Corinto, Paulo uniu-se ao casal Áquila e Priscila ‘e, posto que eram do mesmo ofício, passou a morar com eles, e trabalhavam; pois a profissão deles era fazer tendas’ (At 18.3).

Eis uma das qualidades do apóstolo: saber fazer alguma coisa! Quando sai a abrir novas frentes, tem como se manter, se as circunstâncias assim o exigirem. Nesse caso, Paulo, Áquila e Priscila faziam tendas; no Sábado estavam na sinagoga e entre os judeus pregando a Palavra. Ele pára de fazer tendas quando Silas e Timóteo chegaram da Macedônia, pelo que, ’Paulo se entregou totalmente à palavra, testemunhando aos judeus que o Cristo é Jesus’ (At 18.5).

Entende-se que seus dois discípulos passam a trabalhar em busca do sustento, enquanto Paulo se dedica à pregação. Apesar de trabalhar para seu sustento em Corinto, noutras cidades Paulo era ajudado por ofertas de várias igrejas. Ele não radicaliza o assunto, como alguns, que acham que o obreiro deve viver de ofertas e pela fé; ou outros que acham que o obreiro deve trabalhar para se sustentar. Não, Paulo não se posiciona radicalmente a respeito, ao contrário, apesar de tantas vezes trabalhar, lança a base doutrinária para o sustento de obreiros.

Em 1 Coríntios 9, Paulo usa alguns exemplos de pessoas que são sustentadas no que fazem. São cinco exemplos por ele apresentados: o soldado, o agricultor, o pecuarista, o boi e o sacerdote.

O soldado: ‘Quem jamais vai à guerra à sua própria custa?’ (1 Co 9.7). Paulo está usando uma linguagem compreensível na época, pois as guerras eram financiadas pela sociedade através dos impostos e dos ‘liturgos’, pessoas ricas da sociedade que financiavam com seus próprios recursos a manutenção dos teatros, escolas e navios de guerra.

Nenhum soldado vai à guerra se não tiver apoio financeiro. Ele precisa de recursos para o sustento da família e dele próprio. Ainda é assim nos dias de hoje. Ninguém se alista para uma guerra se não obtiver algum retorno mais tarde. Para poder viajar, locomover-se e lutar, ele precisa de apoio técnico e logístico. E Paulo usa o soldado como exemplo de obreiros que precisam ser financiados no seu ministério.

O agricultor: ‘Quem planta a vinha e não come do seu fruto?’ (1 Co 9.7). A segunda figura é a do agricultor. Paulo se refere ao trabalhador rural, que trabalha e prepara a terra; faz a semeadura, cuida das plantas enquanto crescem, irriga, e tem o direito de comer do que plantou.

Seu argumento é: ‘Se nós vos semeamos as cousas espirituais, será muito recolhermos de vós bens materiais?’ (v. 11). Paulo entendia que a semeadura espiritual produz bens materiais!

Outros usufruíam da lavoura, e ele não (v. 12). Assim que, aos crentes da Galácia, recomenda: ‘Mas aquele que está sendo instruído na palavra faça participante de todas as cousas boas aquele que o instrui’ (Gl 6.6).

Para Paulo o semeador tinha direito sobre o fruto da colheita. Seu ensino a Timóteo, como vimos evidencia sua preocupação com o sustento do obreiro.

O pecuarista: ‘Ou quem apascenta um rebanho e não se alimenta do leite do rebanho?’ (1 Co 9.7). A PESSOA QUE LIDA TODOS OS DIAS CUIDANDO DE SEUS ANIMAIS, VACAS, CABRITAS, OVELHAS, TEM DIREITO AO LEITE QUE ELAS PRODUZEM!

Cada um desses exemplos mexia com a vida dos crentes de Corinto, pois entre eles havia agricultores, soldados, e criadores de animais. O boi de carga: ‘Porque na lei de Moisés está escrito: Não atarás a boca ao boi que debulha. Acaso é de bois que Deus se preocupa? Ou é, seguramente, por nós que ele o diz? Certo que é por nós que está escrito, pois o que lavra, cumpre fazê-lo com esperança; o que debulha, faça-o na esperança de receber a parte que lhe é devida’ (vv. 9-10).

Paulo chega a comparar o obreiro do Senhor a um boi que trabalha, seja lavrando ou rodando o moinho. Esse boi, diz Paulo, precisa ser alimentado, do contrário não conseguirá trabalhar. Os sacerdotes: ‘Não sabeis vós que os que prestam serviços sagrados, do próprio templo se alimentam; e quem serve o altar, do altar tira o seu sustento?’ (v. 13).

Paulo ilustra a necessidade do sustento do obreiro com a figura do sacerdote que comia dos sacrifícios trazidos ao altar, uma referência aos costumes do Antigo Testamento. Os sacerdotes estavam a serviço do povo, em funções especiais. Isso não nos dá margem ao clero e ao laicato, mas a funções distintas do exercício ministerial. E, concluindo, afirma: ‘Assim ordenou também o Senhor aos que pregam o evangelho, que vivam do evangelho’ (v. 14).

Ele usa um verbo muito forte: ordenou. Paulo, no entanto, não se serviu de nenhuma dessas possibilidades, mas jamais se posicionou contra os que viviam do evangelho. Por questões pessoais, Paulo não recebia sustento da igreja de Corinto, mas o recebia de outras igrejas, conforme ele mesmo declara em Filipenses 4.18: ‘Recebi tudo, e tenho abundância; estou suprido, desde que Epafrodito me passou às mãos o que me veio de vossa parte, como aroma suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus.’ Quantos de nós poderíamos dizer: ‘estou suprido’, ‘de nada tenho falta’?

O que mostramos acima deveria ser entendido por todo obreiro desde o dia de seu chamamento. Ele tem direito a trabalhar com suas próprias mãos para o seu sustento, mas também direito de receber pelo trabalho que faz. Isso deve ser também entendido pela igreja, para que saiba dimensionar um salário justo que cubra todas as necessidades do obreiro e de sua família.

Trabalhar com as próprias mãos, pode ser bom, mas não é método do próprio Deus para seus obreiros: ‘Assim ordenou também o Senhor aos que pregam o evangelho, que vivam do evangelho’.

Existem implicações no crescimento da Obra quando o obreiro precisa dedicar seu tempo todo em busca de sustento e isso deve ser levado em consideração se a igreja local tem visão de crescimento e de expansão do Reino!

EM HIPÓTESE ALGUMA ESTAMOS DESCARTANDO A RELAÇÃO DO OBREIRO E A FÉ!

Elementar que acima de qualquer coisa, o obreiro, quer seja cantor ou pregador, precisa aprender a viver numa dimensão de fé em todos os sentidos da vida, inclusive quanto ao seu sustento.

E o próprio escritor João A. de Souza, friza bem  ao abordar a expressão tão comum "viver pela fé", utilizada por alguns que a usam para distinguir o obreiro que trabalha sem salário algum, do que é assalariado da igreja, do empregado ou daquele que trabalha por conta própria.  Veja o que ele diz:

“Alguns obreiros, por não serem remunerados pela igreja local, dizem: ‘vivo pela fé’. Mas e os demais? O pastor que é pago pela igreja não vive pela fé? O irmão que trabalha por conta própria na sua barbearia, no salão de beleza, na banca da feira, no escritório, etc., não vive por fé? TODOS VIVEMOS PELA FÉ!

Tanto o que não tem salário algum, quanto o que é assalariado, vivemos pela fé; o dono da banca precisa vender, do contrário, não come; todos precisamos que tudo vá bem, para podermos ter nosso sustento.

O dono da loja precisa vender, para que o funcionário crente receba seu salário.

Mas o obreiro quer seja assalariado pela igreja, quer viva de prebendas ou de ofertas, deve desenvolver uma forma de vida mais elevada que os demais: deve aprender a depender diretamente do próprio Deus.

Aquilo que estabeleci no início, de que Deus chama - Deus paga, deve ser o norte que nos guia, o princípio central de nosso sustento. Jamais esqueça que não fomos contratados por homens, mas por Deus. Os obreiros contratados por homens, submetem-se aos homens, os que foram contratados por Deus, a Deus.

E Deus tem critérios totalmente diferentes quanto ao sustento do obreiro. E mais: Deus paga melhor! Às vezes temos apenas o necessário para comer naquele dia, outras vezes abundância, mas nosso Senhor nunca nos deixa passar fome se estivermos em perfeita comunhão com ele.

Nas Escrituras temos exemplos de como os servos de Deus eram supridos em suas necessidades das formas mais variadas. O maná nunca faltou no deserto durante quarenta anos! E na quantidade exata para cada pessoa. Deus fazia a água brotar da rocha. Elias foi sustentado por corvos que lhe traziam carne e pão duas vezes ao dia. Quando o ribeiro secou, ele foi para a casa de uma viúva onde comeu por mais de um ano e meio! Deus é fiel!  Havia tantos ricos em Israel, mas Deus cuidou de Elias na casa de uma pobre viúva! Ele, ela e seu filho foram abençoados por Deus!

Posso testemunhar a esse respeito. São mais de três décadas de ministério desde que ingressei no Seminário Bíblico aos dezessete anos e, mesmo sem ter recursos para pagar as mensalidades da escola, trabalhava durante as tardes e no período de férias, fazendo o que sabia: pintava letreiros, decorações artísticas e desenhei, pela escala métrica, o projeto do novo prédio da escola que seria enviado para o arquiteto.

Quando não tinha trabalho, chegavam cartas de parentes com remessas em dinheiro que era usado para meu sustento. Durante os primeiros anos de ministério, ainda solteiro e viajando muito por várias partes do Brasil, sempre dependi de Deus, e mesmo depois no pastoreio da igreja, aprendi a depender do Senhor para o meu sustento.

Quando contraí matrimônio, sabia que a fé que possuía teria que ser maior, pois teria uma esposa para sustentar, e logo, os filhos. E isso aconteceu. Durante os anos de ministério Deus nos brindou com toda sorte de bênçãos. Morávamos em apartamento alugado e nunca faltou recursos pra pagar no dia do vencimento. Hoje, olhando o passado, podemos ver como a mão de Deus acompanhou-nos em cada momento de nossas vidas.

Deus é fiel! Se você tem certeza de que ele o chamou, pode ter certeza de que ele o sustentará. Aos dezessete anos, quando saí de casa para o Seminário, minha mãe escreveu num pedaço de papel o texto de Filipenses 4.13: ‘Tudo posso naquele que me fortalece’, versículo que se tornou meu estandarte por toda a vida!

Vê-se, pelo contexto, que Paulo está falando de todas as situações que enfrentou no ministério, entre elas a do sustento diário, e depois conclui: "E o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades’ (Fp 4.19). Este último versículo não pode ser desprezado de seu contexto.

Paulo está dizendo que, por haver semeado, por haver ofertado, você será grandemente abençoado. Quando o Senhor Jesus fala do sustento dos pássaros, da vestidura das flores, e condena a ganância dos bens materiais, está abordando um tema que nos interessa a todos. Encontrei num livro em inglês uma referência a um poema citado em Mananciais do Deserto (Editora Betânia), poema que não foi traduzido para a edição em português.

Consultei os editores, que me falaram da liberdade que tiveram dos editores americanos em colocar poemas e textos mais brasileiros na nova edição. No entanto, traduzi o poema que aparecia no livro que estava traduzindo para o português, A Arte Perdida de Fazer Discípulos. Ele é profundo e simples, pois fala do cuidado de Deus com seus filhos.



O PARDAL FALOU PARA A ANDORINHA:

‘GOSTARIA MESMO DE SABER

POR QUE OS HUMANOS VIVEM ANSIOSOS

CORRENDO E SE PREOCUPANDO COM QUÊ?’

A ANDORINHA RESPONDE AO PARDAL:

‘AMIGO, ACHO QUE ENTENDI

ELES NÃO TÊM UM PAI CELESTE

COMO O QUE CUIDA DE MIM E DE TI.’


Esse cuidado de Deus é inquestionável, e sua graça independe de nossas obras, no entanto, acompanhe meu raciocínio sobre a lei da semeadura, a seguir. Eu sei que muitas vezes você tem que vendê-los (livros, CD, etc. por causa dos custos de impressão, despesas com envio, etc. e muitas vezes a editora é quem estipula o preço, não o autor).

Se for assim, então, deixe-os disponíveis gratuitamente online, para que o mundo veja, evitando assim as comissões.

DE GRAÇA RECEBESTES, DE GRAÇA DAI! A ETIQUETA NOS EVANGELHOS SE LÊ: ‘COM APREÇO... E NÃO COM PREÇO.’

Concordando em gênero grau e número com o nobre escritor acima supracitado, concluo este estudo informando que precisamos recordar que Deus é justo e sabe recompensar bem cada trabalhador. ( Lc 10.7). A paz.

Soli Deo Gloria


Por: Ev. Adriano Oliveira

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